Cerveja de graça? Estas atrações turísticas 'enganam' viajantes mundo afora

Nem tudo o que parece é — e muitos turistas descobrem, ao vivo e a cores, que aquilo que imaginavam ver em seus destinos nem sempre corresponde na realidade às expectativas que se mantinha antes, vendo fotos nas redes ou pesquisando na web.

Conheça nove lugares que confundem ou surpreendem os viajantes:

1. Biblioteca sem livros?

Biblioteca de Tianjin
Biblioteca de Tianjin Imagem: TPG/Getty Images

Inaugurada em 2017, a Biblioteca de Tianjin (ou Biblioteca de Tianjin-Binhai) é apelidada de "The Eye" ou "O Olho" graças ao seu design sinuoso que dá a impressão de que sua esfera central, vista do lado de fora, se parece com o globo ocular. Ambiciosa, ela possui 33,7 mil metros quadrados e tem capacidade para 1,2 milhão de livros, reportou a revista Newsweek, mas boa parte de suas prateleiras foram preenchidas na sua abertura com... adesivos.

Isso aconteceu porque os chineses decidiram apressar as obras da biblioteca para inaugurá-la antes e o átrio principal não era próprio para guardar os livros àquela altura. As salas de acesso aos andares superiores das prateleiras também ainda não haviam sido completadas até a sua inauguração, o que levou à decisão de imprimir as lombadas de livros e fixá-las nas prateleiras para criar a ilusão de que os volumes estariam ali.

A Biblioteca de Tianjin, contudo, dispõe ao público hoje um amplo acervo mantido em seus interiores e faz trabalhos de restaurações de obras históricas, de acordo com o site de notícias estatal China Internet Information Center. Visitantes podem explorar ainda seus lounges e salas de leitura nos primeiros dois andares, utilizar os computadores, escritórios e salas de reuniões nos superiores e até aproveitar os dois pátios no terraço ao ar livre do centro cultural.

2. Sacada de Julieta

A estátua e o balcão de Julieta Capuleto em Verona: apaixonados e desiludidos deixam suas mensagens à "padroeira" do amor (à esq.)
A estátua e o balcão de Julieta Capuleto em Verona: apaixonados e desiludidos deixam suas mensagens à "padroeira" do amor (à esq.) Imagem: RossHelen/Getty Images

Verona, na Itália, tem na "Casa de Julieta" uma de suas principais atrações, em que turistas deixam desabafos, bilhetes e pedidos de ajuda à apaixonada personagem de William Shakespeare, além de tentarem dar uma esfregadinha no busto de sua estátua para supostamente conseguirem boa sorte no amor.

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A sacada é um dos principais atributos da casa e, segundo a lenda local (e a expectativa de viajantes do mundo todo), teria sido onde Julieta suspirou por seu Romeu — conforme acontece em uma das cenas da peça. No entanto, a construção foi anexada à casa medieval nos anos 40, com inspiração em estilo arquitetônico correspondente à época dos personagens, de acordo com o próprio Museo Casa di Giulietta.

Mesmo assim, uma outra questão persiste: apesar de o time do museu italiano afirmar que a trama do inglês, escrita em 1593, ter sido inspirada em uma história italiana de Luigi da Porto de 1531, a teoria não é unânime. A história dos amantes trágicos se tornou popular na Europa no século 16 e há acadêmicos que acreditam que a inspiração de Shakespeare tenha sido outra narrativa sobre eles, o poema "The Tragical History of Romeus and Juliet", de Arthur Brooke, de 1562.

3. Fonte de cerveja de graça

Green Gold Fountain, a primeira fonte de cerveja do mundo, fica em praça de Zalec, na Eslovênia
Green Gold Fountain, a primeira fonte de cerveja do mundo, fica em praça de Zalec, na Eslovênia Imagem: Reprodução/Green Gold Fountain

Considerada a "primeira fonte de cerveja do mundo", segundo as próprias autoridades de turismo da Eslovênia, a Green Gold Fountain fica em uma praça em Zalec. Mas apesar do que os rumores nas redes e do que a sua presença em área pública possa indicar, a gelada não é gratuita. Cada visitante paga 11 euros por uma caneca que possui um chip que detecta que o usuário atingiu a quantidade máxima a que o seu "bilhete" pago dá direito.

A partir daí, é possível servir-se seis vezes de até 100 ml de uma seleção de seis tipos diferentes de cervejas. É possível ainda levar a caneca para casa como lembrança da experiência. Ou seja, 600 ml saem por cerca de R$ 64. Para conhecer a seleção de rótulos artesanais produzidos na região e servidos pela fonte é só acessar o beerfountain.eu.

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4. Encontro com Robinson Crusoé

Ilha de Utila, em Honduras: Onde está Robinson Crusoé?
Ilha de Utila, em Honduras: Onde está Robinson Crusoé? Imagem: Jane Sweeney/robertharding/Getty Images

A ilha de Utila, em Honduras, reivindica para si o título de inspiração da jornada heroica de Robinson Crusoé no romance de Daniel Dafoe de 1719. A história "colou": o explorador Tim Severin, por exemplo, descreve em seu livro "Seeking Robinson Crusoe" (2002) os esforços da busca por rastros do homem que teria inspirado o personagem — o marinheiro escocês Alexander Selkirk — na região e também na Nicarágua.

Na verdade, ninguém jamais comprovou a ligação da obra com a ilha hondurenha. Como mostrou a reportagem de Nossa, Selkirk teria naufrago e vivido em Más a Tierra, uma das ilhas do arquipélago chileno Juan Fernández, entre 1704 e 1709. Conheça o local e a história da aventura aqui.

5. Cachoeira que 'pega fogo'

Horsetail Fall, a Cascata de Fogo de Yosemite
Horsetail Fall, a Cascata de Fogo de Yosemite Imagem: Getty Images/iStockphoto
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A Horsetail Fall, também conhecida como Firefall ou a "Cascata de Fogo" do Parque Nacional Yosemite, no estado americano da Califórnia, costuma ser vista "em chamas" ao menos uma vez por ano.

O raro fenômeno, em que a cachoeira parece dar vazão à lava vulcânica em vez de água, acontece entre o meio e o fim de fevereiro, graças à posição do Sol durante o poente — o reflexo da luz nas águas "hipnotiza" visitantes a acreditar que queda d'água pega fogo.

Em 2022, a ilusão ótica na face leste da montanha El Capitan atraiu tanto interesse que, em um único dia, mais de 2.400 turistas se reuniram no parque para assistir ao espetáculo, como já contamos aqui.

6. Trem de ponta-cabeça

Monotrilho suspenso "de ponta-cabeça" de Wuppertal, na Alemanha
Monotrilho suspenso "de ponta-cabeça" de Wuppertal, na Alemanha Imagem: Getty Images/iStockphoto

O Rio tem o Cristo Redentor, Paris tem a Torre Eiffel, e a alemã Wuppertal tem como principal cartão-postal o seu transporte público. Isto porque na cidade a estrela é um trem, digamos, de ponta-cabeça. No entanto, os passageiros não viajam com os pés para o ar como parece e os vagões não vão cair sobre as ruas a qualquer momento.

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O monotrilho suspenso de Wuppertal surgiu a partir de uma necessidade. Engenheiros navegavam mapas, mas não conseguiam encontrar uma solução para o problema de que a cidade é formada ao redor do vale do rio Wupper, o que dificultaria a construção de um metrô tradicional, subterrâneo, e até mesmo de um transporte sobre trilhos firmemente plantados na terra.

Então, eles decidiram apelar para uma ideia muito popular entre os futuristas do século 19, o monotrilho suspenso. O projeto foi inicialmente apresentado pelo engenheiro Eugen Langen em 1893. A construção foi iniciada em 1898 e, em 1901, inaugurada pelo então Imperador Wilhelm 2º, o primeiro passageiro do sistema Schwebebahn. A rede de pouco mais de 13 quilômetros foi completada em 1903 com estações em estilo Art Nouveau e carruagens de madeira que comportavam até 65 passageiros.

7. Cachoeira do fundo do mar

Cachoeira subaquática de Port Louis, nas Ilhas Maurício
Cachoeira subaquática de Port Louis, nas Ilhas Maurício Imagem: ViewApart/Getty Images/iStockphoto

Uma curiosa paisagem nas Ilhas Maurício, a cerca de 2 mil km da costa africana, intriga visitantes, internautas e também aqueles que ainda planejam desembarcar no arquipélago: uma cachoeira "no fundo do mar".

Apesar de oficialmente conhecida como Cachoeira Subaquática de Port Louis, a atração não existe: ou melhor, ela está lá, mas não há cachoeira alguma neste ponto da península Le Morne. Trata-se de um fenômeno de ilusão de ótica que proporciona a quem sobrevoa a área.

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Há passeios de helicópteros que levam os turistas interessados em ver de perto a 'queda' d'água. Até a companhia aérea Air Mauritius oferece a chance de visualizar o tal buraco, como se realmente houvesse um fluxo de correntes sendo puxado ao fundo do mar. Tem mais fotos e detalhes sobre a atração nesta reportagem de Nossa.

8. Loja de departamento do imperador

Aqueduto Aqua Virgo sob a loja de departamento Rinascente, em Roma
Aqueduto Aqua Virgo sob a loja de departamento Rinascente, em Roma Imagem: Reprodução

Este é aquele raro caso em que a expectativa é, na verdade, pior do que a realidade. Quem visita a loja de departamento Rinascente, em Roma, em busca de fazer umas comprinhas pode acabar visitando uma preciosidade arqueológica: um aqueduto romano inaugurado em 19 a.C. "escondido" em seu subsolo.

Um trecho do aqueduto Aqua Virgo, uma das onze estruturas do sistema de águas do imperador Augusto, está localizado no piso -1 e seus arredores foram transformados em um centro de exibições, dedicado para eventos e mostras que celebrem história, arte e design. No pico de seu funcionamento, estima-se que o Aqua Virgo era capaz de fornecer mais de 100 mil metros cúbicos — ou 100 milhões de litros — de água por dia.

O seu trecho "moderno" — ou melhor, renascentista, já que foi reformado pelo Papa Nicolau 5º em 1453 e rebatizado Acqua Vergine — é o responsável por levar o fluxo até um dos mais famosos cartões-postais da capital italiana, a Fontana di Trevi, construída cerca de 1.600 anos depois do Aqua Virgo, no século 17. Para visitar, é só se dirigir ao centro de Roma — há dois acessos: no número 61 da Via Del Tritone e no número 23 da Via Dei Due Macelli.

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9. Dormindo em dois países ao mesmo tempo

Hotel Arbez ou L'Arbezie, que fica tanto na França quanto na Suíça
Hotel Arbez ou L'Arbezie, que fica tanto na França quanto na Suíça Imagem: Reprodução/Booking.com

Um dos princípios da física moderna diz que dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo, mas quem visita o hotel Arbez (ou L'Arbezie, como também é chamado) pode acabar dormindo o na França e na Suíça ao mesmo tempo. O motivo é uma série de perrengues históricos. O primeiro deles aconteceu em dezembro de 1862, quando Napoleão 3º da França decidiu remarcar a fronteira entre França e Suíça, que levaria à assinatura do Tratado de Dappes em fevereiro do ano seguinte.

Por causa da demora para o acordo, um sujeito chamado Ponthus, que teria sua terra dividida pelo novo documento, decidiu construir uma casa bem no meio da divisa e contra todas as orientações das autoridades suíças. O objetivo? Facilitar seu esquema de contrabando.

Como o tratado estabeleceu que nenhum direito ou negócio adquirido durante o processo de ratificação seria afetado pela mudança da fronteira, Ponthus pôde manter a casa. Então, ele divide o imóvel em dois: um bar do lado francês e um comércio do lado suíço — o que seria ideal para as atividades ilegais. Por fim, o local se tornou o famoso hotel e se tornou até um local de resistência contra o nazismo durante a Segunda Guerra.

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