Menos gelo, mais bebida? Não é bem assim. Saiba o que é real sobre 'golpe'
Pedir um drinque sem gelo tem sido apontado nas redes sociais como uma saída para ter mais conteúdo do coquetel no copo — uma vez que o gelo ocupa um espaço considerável. A reclamação surgiu e tomou as redes, sobretudo pelo tamanho avantajado de novos formatos de gelo usados em coquetéis.
Mas será que essa trend, que surgiu no TikTok e foi até mesmo "desmistificada" pelo chef e influenciador Mohamad Hindi faz sentido?
@mohindiTodo mundo quer tomar bebida gelada, mas a moda é reclamar do gelo no copo. Será que copo com bastante gelo é golpe mesmo? #drinks #bebidas #bar #golpe #coquetelaria #cocktail
? som original - Mohamad Hindi
Cada gelo, um efeito
De acordo com Marco De la Roche, mixologista, consultor e editor chefe do Mixology News, o gelo é usado em nove de dez drinques e ele tem funções que vão desde a manutenção ideal da temperatura até a composição estética.
Dependendo do gelo, nós melhoramos ou não um drinque. Gelo picado, quebradiço ou cubos, afirma De la Roche.
Gelos pequenos, por exemplo, tendem a diluir mais rápido e podem deixar o coquetel aguado. Já, os maciços e de tamanho médio, ajudam a controlar a temperatura, mantendo-a baixa e fazendo a equação mais acertada entre uma bebida gelada, mas não aguada.
Os gelos grandes e translúcidos, tão utilizados nos bares hoje, são opções caras e sofisticadas, que deveriam ser usadas apenas quando a ocasião for condizente.
Independentemente do tipo de gelo, as graduações alcóolicas e o tanto de gelo total é o mesmo. O que pode realmente mudar é o preço (pelo uso de um gelo mais caro).
Moda do gelo grande
Pedir um drinque sem gelo, portanto, não é o mais recomendado para quem quer degustar as combinações da melhor forma.
De la Roche alerta, porém, que nem sempre é preciso um gelo tão grande. "Para servir o drinque, depende muito do contexto e da expectativa de serviço. De fato, uma pedra maciça translúcida gera uma bebida mais controlada, mais elegante, mas isso tudo tem um custo", diz De la Roche.
"Não defendo a hegemonia do gelo translúcido, pois isso sufoca financeiramente muitas operações de bares e bolso de clientes que não estão preparados e sequer interessados nesse gelo. Igual na gastronomia, existem ingredientes sofisticados para situações mais sofisticadas, esse é o caso do gelo maior e translúcido", defende.
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