Saiu do cardápio, é guerra: pratos que deveriam ser eternos em São Paulo

Foi um processo difícil mudar o paladar do CNPJ para o CPF quando parei de fazer críticas gastronômicas. Como assim, eu poderia escolher comer num lugar de São Paulo considerando apenas o meu gosto pessoal?

Foi aí que descobri um prazer óbvio para quem nunca trabalhou com o assunto: repetir restaurantes e fazer sempre os mesmos pedidos.

Percebi o quão satisfatório é o hábito da pior maneira. O Kotori, boteco japonês do Thiago Bañares, tirou do cardápio o espetinho de tamagoyaki (omelete japonesa). E eu me revoltei. Mandei WhatsApp para quem eu sabia que compartilhava comigo essa paixão — "que absurdo" — e, com audácia, cheguei a comentar com o chef — coitado rs

Aposto que você já viveu algo assim. Então quem sabe nós, clientes, possamos unir forças e, num comportamento preventivo (e levemente ameaçador), deixar claro quais receitas nos levariam à guerra caso saíssem do cardápio. Abaixo, estão as minhas.

Ps.: É importante deixar claro que isso se trata apenas de uma ironia para expressar o quanto gosto desses lugares, está bem? Vamos lá.

Bolinho errado, do Tordesilhas

Tudo que Mara Salles toca vira ouro — até o que dá errado.

Um dia, a massa de mandioca com queijo artesanal da Mantiqueira desandou e, sem querer, o bolinho ficou mais cremoso e melhor (R$ 36, seis unidades).
Alameda Tietê 489, Jardins. @tordesilhas

Bologna, Deveras Pizza

Se quiser, dá para comer sozinho a pizza que dispensa molho de tomate e combina mortadela italiana, pesto de pistache, basílico e dois queijos cremosos: stracciatella e fior di latte (R$ 70).
Alameda Campinas, 1341, Jardim Paulista. @deveraspizza

Tan tan lamen, do Jojo

Já é uma tristeza saber que a receita só está em duas das três lojas. É pelo medo de perdê-la que sempre escolho o lámen picante de caldo de frango com barriga de porco, cebola-roxa e coentro no topo (R$ 65).
Rua Gandavo, 193, Vila Mariana. @jojo_ramen

Torta de chocolate, do Tan Tan

Minha sobremesa favorita da cidade lembra aqueles cremes de chocolate gelados e industrializados comuns nos anos 1990. Só que muito melhor e servido com creme inglês. Vale cada centavo dos R$ 46.
Rua Fradique Coutinho, 153, Pinheiros. @tantannb

Torta de maçã, do Ráscal

A rede acumulou fãs ao longo de 30 anos. Tenho certeza que muitos são apaixonados pela caprichada torta de maçã. Com toques de canela e noz-moscada, é servida com chantilly ou creme inglês (R$ 42).
Shopping Market Place, Morumbi. @rascalrestaurante

Torresmo, do Jiquitaia

Numa mão, a caipirinha. Na outra, o torresmo que combina a carne tenra do porco à pele perfeitamente crocante.

Que Marcelo Corrêa Bastos nunca nos tire o prazer de pedir uma porção (R$ 44).
Rua Coronel Oscar Porto, 808, Paraíso. @jiquitaia

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BARES
Por Sergio Crusco

Os caçadores de coquetéis perdidos

Adoro bartenders nerds. Costumo aproveitar bastante quando encontro profissionais de bar que fuçam livros antigos, descobrem receitas que ninguém mais pede, pesquisam técnicas, ingredientes, histórias (as de verdade, não o storytelling da vovó que plantava manjericão no quintal).

É sempre um prazer ser atendido por alguém que faça você sair do normal, dos coquetéis de sempre, e apresente clássicos esquecidos em tempos e lugares do passado. Além de gostoso, é surpreendente e amplia nosso repertório sensorial.

A coisa é assim em dois bares que visitei recentemente: há muito estudo por trás das cartas do Fel e da barra do restaurante Cozinha 212. Importante lembrar que ambos empregam muito esmero na execução dos coquetéis.

Fel

A equipe liderada pelo bartender Fábio Dias redescobre coquetéis clássicos bastante obscuros dos séculos 19 e 20 e os revive no pequeno bar do Edifício Copan. Um deles é a singela combinação do Venizelos, de 1921, com licor de kummel, gim e noz moscada. O potente Martinican, de 1904, vem com rum, vermute tinto, licor de laranja e Angostura. Para quem é dos frutados, tem Benson Hill, de 1872, com brandy, cordial de limão-taiti e suco de limão siciliano.
Avenida Ipiranga, 200, térreo, loja 69, República. @fel.sp

Cozinha 212

O bar do restaurante Cozinha 212 também privlegia clássicos esquecidões, garimpados pela bartender Vera El Id. Boa pedida é Old Hickory, mescla de vermutes seco e tinto com bitters. Frisco Sour é uma delicinha frutada com bourbon, limão, licor Bénédictine e açúcar. Para a turma dos pancadões, há Remember The Maine, com bourbon, absinto, vermute tinto e licor de cereja. A equipe de bar sugere harmonizações dos drinques com as delícias saídas da grelha do 212.
Rua dos Pinheiros, 174, Pinheiros. @cozinha212

Belisquetes
Por Gabrielli Menezes

Novos ares pela Vila Madalena

Um dos bairros mais descolados de São Paulo passou um período apagadinho no quesito novas ideias pouco antes da pandemia. Ainda bem que, de uns anos para cá, a região voltou a oferecer opções pulsantes para além do agito dos bares de gim-tônica e do turismo do Beco do Batman.

Além de endereços para beber ótimos drinques com petiscos respeitáveis, como o De*Primeira e o Barouche, surgiram lugares oferecendo belisquetes cheios de identidade.

O restaurante coreano Komah abriu por lá uma versão padaria que atrai os fãs de KPOP com friturinhas, sobremesas e o frapê de gergelim preto que sempre aparece nos episódios de K-Drama. O vencedor do Top Chef Brasil, Herinque Yukio Ide, também decidiu levar para a Vila Madalena a sua experiência em restaurantes estrelados em forma de receitas criativas, focadas principalmente em folhados. Saiba o que provar na sua próxima visita.

Kio

Foi no croissant (R$ 14) que Henrique trabalhou focado antes de inaugurar a casa. O preparo que leva três dias resulta em alvéolos (buraquinhos de ar) perfeitos no interior. Mas é o cookie folhado recheado de caramelo salgado (R$ 22) que faz os olhos de qualquer guloso brilharem.
Rua Aspicuelta, 300, Vila Madalena. @kio.bakehouse

Komah Bakery

Dos pães às sobremesas, tudo é feito pela equipe especializada em receitas orientais. Experimente o korokke (R$ 16), bolinho crocante com recheio cremoso de carne ao shoyu, e a sobremesa que une merengue, wafer, mousse cítrica de yuzu e coulis de manga (R$ 34).
Rua Girassol, 273, Vila Madalena. @komahbakery

PRÊMIO NOSSA

O Prêmio Nossa é a eleição dos melhores bares e restaurantes de São Paulo, eleitos por um júri de 40 pessoas composto por jornalistas e especialistas do setor, influenciadores com foco em gastronomia e celebridades que amam circular pela cidade. Oito categorias também tiveram votação popular.

Toda semana, até a primeira quinzena de agosto, estamos revelando os vencedores de prêmios antecipados. Confira abaixo os três últimos resultados apresentados e veja a lista completa de campeões no site do Prêmio Nossa.

Os melhores japoneses

O restaurante Aizomê, comandado pela chef Telma Shiraishi, foi o grande campeão do voto do júri, seguido pelo Shin-Zushi e o Makoto San, que levaram a prata e o bronze, respectivamente. No voto popular, não teve para outro: o Jun Sakamato conquistou a maioria do público como o melhor restaurante japonês de São Paulo.
Veja o ranking completo

Melhor Cozinha de Bar

A diversidade marcou esta categoria. O tradicional Bar do Luiz Fernandes -- com seu famoso bolinho de carne que faz muita gente cruzar a cidade até o bairro de Santana -- foi o campeão do voto popular. Já na opinião dos jurados, preencheram o pódio o Tan Tan (1º lugar), o Astor (2º lugar) e o Clos Wine Bar (3º lugar).
Veja o ranking completo

Melhor restaurante de Carnes

Onde comer os melhores cortes de São Paulo? Numa disputa acirrada, o chef peruano Renzo Garibaldi garantiu ao Osso o primeiro lugar no voto do júri. Os retaurantes Cór e Barbacoa também subiram ao pódio do Prêmio Nossa, em segundo e terceiro lugar. Na votação popular, o Rubayat sagrou-se o grande campeão.
Veja o ranking completo

CLUBE UOL

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