Seu pet é apressado para comer? Veja sinais de alerta
O momento da alimentação é uma chance de conexão entre tutores e pets. Mas, mesmo em meio à descontração, é preciso ficar alerta à velocidade com que os animais se alimentam. O shih-tzu Bob, de 6 anos, por exemplo, apresentou essa pressa desde que ele, ainda filhote, entrou para a família de Maria Vitória Faria.
Sua tutora conta que se assustou com esse hábito, levando todos a se perguntarem sobre as condições em que o pet vivia antes. "A ânsia dele por comer era tanta que tivemos a impressão de que ele estava sem comer há muito tempo. Anos se passaram e ele continua do mesmo jeito. Costumamos brincar que ele é um aspirador", relata.
Entre os comportamentos que os tutores devem prestar atenção estão:
- Tentar comer antes da refeição terminar de ser servida;
- Avançar no alimento com muita voracidade;
- Comer tudo em poucos segundos;
- Engolir sem mastigar a ração.
A alimentação apressada, inclusive, pode acarretar riscos para os pets como engasgos e problemas gástricos, sendo capaz de causar diarreias, regurgitações e um aumento da produção de gases, uma vez que a mastigação inadequada dificulta a digestão. Em casos mais extremos, pode também levar à dilatação gástrica e a torção do estômago, condição fatal se não for identificada rapidamente, especialmente em cães de grande porte.
No que diz respeito aos gatos, o mais comum é a alimentação lenta, em pequenas porções. Mas, se os felinos apresentem agitação ao se alimentar, o ideal é buscar a avaliação de um veterinário.
Possíveis causas
Diversos motivos podem estar relacionado à alimentação muito rápida. Segundo a professora Maria Clorinda Soares, da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, esse é um comportamento comum entre os cachorros, mas que pode estar associado a fatores emocionais e ambientais. "Os animais acabam refletindo muito o comportamento que eles têm no entorno deles. Se o cão já está em um lar onde existe ansiedade e um ritmo frenético, inevitavelmente isso também vai se refletir no animal", afirma.
A predisposição por raça, por porte e idade também são fatores que podem influenciar o desenvolvimento de hábitos alimentares exagerados. Filhotes de raças de caça como labradores, golden retriever e beagles têm mais tendência a esse comportamento. A propensão genética a um apetite maior também é comum em pastores-alemães, shih-tzus e yorkshires.
Medicações não rotineiras também podem alterar o apetite dos pets. Os tutores devem ficar atentos, em especial, a anticonvulsivantes e corticoides e sempre se informar sobre possíveis efeitos colaterais.
Essa voracidade em comer ainda pode ser um indicativo de outras doenças como diabetes, hipertireoidismo, obesidade e síndrome de cushing - uma doença hormonal associada ao excesso de cortisol no organismo.
O comportamento de Bob, por exemplo, foi identificado como uma dessas situações. O cãozinho possui uma condição hormonal que dificulta a sensação de saciedade, tornando o momento das refeições ainda mais agitado.
Como ajudar seu pet
Para garantir o equilíbrio e a segurança dos bichinhos, existem algumas medidas que podem ser adotadas pelos tutores. O primeiro passo é investigar a causa desse comportamento com um médico-veterinário. Em segundo lugar, fazer mudanças na rotina pode reduzir a ansiedade e o estresse dos cães. Algumas atitudes a serem tomadas são:
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- Distribuir a ração em porções ao longo do dia.
Outra opção é o uso de "comedouros lentos". Conforme explica o professor Álan Pöppl, da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pratos com obstáculos ou food balls - bolinhas de brinquedo que liberam a ração aos poucos - demandam um maior esforço e concentração do pet para alcançar o alimento, ajudando a aumentar a saciedade.
Muitas vezes os animais passam o dia entediados, em casa, sem muito enriquecimento ambiental. Sem contato com o tutor ou com outros animais, e o momento da refeição é um momento de prazer para o animal, então ele acaba comendo muito rápido. Usar apetrechos é uma alternativa interessante.
Álan Pöppl, professor da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
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