Até os cílios congelam! Da China à Rússia: as cidades mais frias do mundo
Invernos rigorosos, especialmente em um ano de temperaturas acima da média, são uma realidade distante para brasileiros. Mas há cidades mundo afora que experimentam longos períodos sem ver a luz do sol, com direito a cílios congelando nos olhos de seus habitantes.
Bateu a curiosidade para conhecer estes destinos? Prepare os casacos. Estas são as 10 cidades mais frias do mundo em 2024, segundo médias de temperatura compiladas pela organização de pesquisa americana World Population Review com base em dados do Serviço Meteorológico dos EUA, do Instituto Meteorológico Norueguês e das empresas de previsão meteorológica Accuweather e The Weather Channel.
Listas como esta podem variar, caso sejam baseadas em diferentes critérios geográficos ou em máximas históricas (e não médias). Por isso, entraram para a lista apenas zonas urbanas; bases de pesquisa, como as existentes na Antártica, não satisfaziam este critério. Confira:
1ª: Yakutsk, na Rússia
Temperatura média em janeiro: -40ºC
Yakutsk é, há muito, reconhecida como a cidade mais fria do mundo, mas ela experimentou um recorde até para os seus padrões em janeiro de 2023: os termômetros chegaram a marcar -62,7ºC, o número mais baixo em duas décadas, segundo meteorologistas ouvidos pela rede americana CNN. A capital de Sakha (ou Lacútia), no leste da região russa da Sibéria, foi envolvida em uma névoa de gelo.
Em 2018, também no inverno, a cidade já havia virado notícia quando seus moradores começaram a postar nas redes sociais fotos de seus cílios congelados. Segundo a National Geographic, há épocas que, por lá, não se encontra nos mercados legumes ou verduras frescas para comer — apenas peixe geladíssimo. Aviões não decolam nem coveiros abrem novos túmulos também nas temperaturas extremas.
2ª: Norilsk, na Rússia
Temperatura média em janeiro: -30ºC
Outra cidade da Rússia Ártica, Norilsk não é conhecida apenas como uma das mais frias cidades do mundo, mas também como uma das mais poluídas. As atividades da fundição da cidade devastaram rios, destruíram florestas e produzem mais dióxido de enxofre do que vulcões ativos, revelou uma reportagem do jornal NBC News, da tevê americana.
Situada sobre um dos maiores depósitos de níquel do planeta, Norilsk também produz outros metais como cobalto, platina, cobre e carvão, mas as atividades de mineração afetam o ambiente há cerca de um século. Hoje, a cidade é fechada — e estrangeiros precisam de autorização especial das autoridades para visitá-la.
3ª: Yellowknife, no Canadá
Temperatura média em janeiro: -27,9ºC
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Quero receberYellowknife fica nos Territórios do Noroeste do Canadá, também próxima à região do Ártico, e é conhecida pelo espetáculo da Aurora Boreal que encanta os visitantes do Grand Slave Lake, região turística que conta com pousadas. Fundada há 90 anos apenas também como uma cidade de mineração, para extração do ouro, possui hoje um estabelecido centro urbano e comercial.
Quem visita também pode conferir de perto seus fortes laços com a cultura dos seus povos indígenas, que ainda representam cerca de um quarto da população de pouco menos de 20 mil habitantes.
4ª: Utqiagvik, nos EUA
Temperatura média em janeiro: -25ºC
Anteriormente conhecida como Barrow, a cidade de Utqiagvik fica no ponto mais extremo do Alasca, o estado mais ao norte dos EUA. No auge do seu inverno no Círculo Polar Ártico, ela chega a passar dois meses sem ver o sol, totalmente no escuro.
Lar dos Inupiat, um grupo étnico indígena Inuit, há cerca de 1.500 anos, a área vive do turismo em busca do tal "sol-da-meia-noite", já que durante o verão o fenômeno oposto dá o ar da graça e a cidade experimenta um dia inteiro — 24 horas — de luz solar. Seus habitantes também subsistem à base da caça de baleias, ursos polares, focas e outras espécies locais, além de artesanato.
5ª: Ulaanbaatar, na Mongólia
Temperatura média em janeiro: -24,6ºC
Ao contrário de outros destinos mais remotos desta lista, Ulaanbaatar é a vibrante capital da Mongólia e sua cidade mais populosa.
Ela possui rica história, já que foi fundada em 1639 como centro monástico budista, e isso se reflete em seus museus e paisagem, com resquícios não só de assentamentos pré-históricos, mas heranças do Império Mongol, das influências do budismo tibetano, da posterior assimilação do território da Mongólia pela dinastia Qing chinesa e de seu papel na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) durante a Guerra Fria.
O horizonte urbano se contrasta com o pano de fundo montanhoso — e as grandes altitudes é que garantem a Ulaanbaatar o frio intenso e o quinto lugar nesta lista.
6ª: Fairbanks, nos EUA
Temperatura média em janeiro: -21,7ºC
Outro destino gelado do Alasca, Fairbanks é um dos principais centros urbanos do estado, com uma população de pouco mais de 32 mil habitantes, sendo que sua região metropolitana engloba quase 96 mil. Para os padrões da região e os desafios que o clima oferece, a cerca de 315 km do Círculo Polar Ártico, é bastante. A urbanização começou no início do século 20, quando os primeiros exploradores de ouro se estabeleceram em Fairbanks, mas a sua infraestrutura atual deve muito à instalação de bases militares nos anos 40 e 50.
Hoje, a cidade vive da extração de petróleo, comércio e turismo, já que sua boa estrutura urbana combinada às belezas naturais — como a chance de ver a Aurora Boreal ou o sol-da-meia-noite — atraem curiosos do mundo todo. Seu porto é parada de cruzeiros no verão, mas o inverno traz interessados nas competições de arte no gelo, nas Olimpíadas de Esquimós, nos jogos do Ártico e nas corridas de cães na neve.
7ª: Harbin, na China
Temperatura média em janeiro: -19,4ºC
Outro enorme polo urbano, Harbin possui uma região metropolitana gelada, mas de pouco mais de 10 milhões de habitantes no Nordeste da China. A "Cidade de Gelo" é também conhecida como Paris (ou Moscou) do Oriente, graças ao financiamento da ferrovia local quando o vilarejo se transformava em cidade no fim do século 19 e à posterior invasão soviética no fim da Segunda Guerra. Ali, estabeleceram-se não só russos como ucranianos, poloneses, tártaros, georgianos e judeus de outras partes do mundo, que influenciaram a paisagem e arquitetura da cidade.
Seus invernos muito frios a transformaram em um dos destinos do Oriente mais buscados para o turismo desta época, com atrações temáticas como festival de esculturas de gelo, parques de esqui, resorts e etc.
8ª: Novosibirsk, na Rússia
Temperatura média em janeiro: -15,8ºC
A capital da Sibéria é conhecida como "Vale do Silício Russo", graças à profusão de universidades, empresas e instituições de pesquisa nas áreas de ciência e tecnologia. Seu crescimento como a terceira cidade mais populosa da Rússia tem muito a ver com a Transiberiana, ferrovia que a tornou um polo comercial, industrial (com gigantes metalúrgicas, têxteis e energéticas) e de transporte desde o fim do século 19.
Além da impressionante arquitetura neobizantina, ela oferece aos visitantes festivais temáticos de inverno — como outras representantes geladas desta lista — mas uma forte agenda cultural, com múltiplos teatros e balés, eventos de jazz e cinema, além de programação de ciência e cultura geek.
9ª: International Falls, nos EUA
Temperatura média em janeiro: -15ºC
A pequena e pacata I-Falls, como é conhecida, tem menos de 6 mil habitantes, mas possui uma beleza natural expressiva em seus arredores, com matas e lagos que atraem visitantes ao Parque Nacional Voyageurs em busca de trilhas, pesca ou apenas relaxar.
O Rainy River, rio que a corta, leva direito a Fort Frances, cidade canadense de Ontario. A localização ao Norte do país lhe rendeu o apelido de "Geladeira da Nação", já que ela passa em média quase 110 dias por ano com temperatura máxima abaixo de 0ºC. Quem a visita nesta temporada pode aproveitar suas atrações de destival de inverno ou as lojas que vendem artesanato local.
10ª: Astana, no Cazaquistão
Temperatura média em janeiro: -14,2ºC
Apesar de existir desde o século 8, a capital do Cazaquistão é uma cidade planejada em sua versão moderna, estabelecida no século 19. Sua arquitetura e paisagem são fortemente influenciados pelas relações próximas com os soviéticos que duraram desde o fim da Primeira Guerra à queda da URSS, quando ela serviu de polo econômico e industrial de suporte ao vizinho, além de ter sido refúgio para muitos russo-alemães deportados por Stalin.
Predominantemente islâmica, ela é reconhecida pela beleza de suas mesquitas, além de palácios e monumentos, pelo amplo portfólio de universidades e instituições de pesquisa e, por fim, diversas bibliotecas, palcos de concertos, parques, cinemas, museus e vida cultural vibrante. Suas baixas temperaturas já lhe deram o direito também de sediar os Jogos de Inverno da Ásia, em 2011.
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