Adotou um filhote? Dicas para escolher a ração ideal

Que tipo de ração escolher, quais alimentos podem ou não ser dados, ou mesmo quais as necessidades nutricionais do filhote. Essas foram algumas das dúvidas da tutora Julia Ayumi, de São Paulo (SP), ao receber sua cachorrinha Momô, com apenas 80 dias de vida. "Sou 'mãe de pet' de primeira viagem, então não tinha nada em casa. Foi uma correria para a gente se adaptar", relata.

A preocupação faz sentido, pois refeições inadequadas podem causar problemas no futuro, de acordo com o professor Thiago Vendramini do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária de Zootecnia da USP. Obesidade, dificuldade cardiorrespiratória, alterações locomotoras e até inflamações crônicas são comuns e muitas vezes decorrentes da nutrição inadequada enquanto filhotes.

Essa é uma fase em que o animal está em crescimento, e se a gente der mais do que ele precisa, a principal doença a ser desenvolvida é a obesidade. Mas também existem casos de subnutrição, em que o animal recebe menos do que o mínimo de nutrientes para sobreviver. Deficiência de ferro, cálcio e magnésio, por exemplo, podem ser prejudiciais.

Como escolher a ração de um filhote

A decisão de qual ração comprar deve levar em conta as necessidades fisiológicas do filhote para garantir que ele receba os nutrientes adequados nessa fase. De acordo com a professora Maria Clorinda Soares, da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG), a ração para filhotes é mais enriquecida em minerais e proteínas, uma vez que essas substâncias são essenciais durante a fase de crescimento. Inclusive, em geral, essas rações possuem os grãos menores e melhores para a mastigação, protegendo a saúde bucal e digestiva do pet.

(Mas atenção, esse tipo de ração não deve ser dado a animais mais velhos, pois o excesso desses nutrientes também pode ser prejudicial causando, por exemplo, problemas renais.)

Além da fase da vida, a escolha do alimento também deve ser guiada pelo porte do animal e suas necessidades especiais de nutrição. Por exemplo, no caso dos pets sem raça definida, os famosos "vira-latas", a escolha da ração deve levar em conta possíveis deficiências nutricionais, identificadas nos primeiros exames após a adoção, assim como o porte do animal, caso os tutores conheçam os pais do cachorrinho.

Outros critérios ainda a serem considerados são: qualidade dos ingredientes, valor energético adequado ao porte do animal e teor de proteína condizente à fase da vida. Também é importante se informar sobre o que não deve ser dado aos bichinhos. Alguns alimentos perigosos para cães e gatos são:

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  • Chocolates;
  • Uva;
  • Cebola;
  • Abacate;
  • Leite de vaca.

Outro ponto de atenção dos tutores deve ser possíveis alergias aos alimentos. Julia conta que nas primeiras semanas notou uma coceira atípica em Momô e buscou orientação veterinária. Após realizar alguns exames, detectaram que a cachorrinha tinha alergia a rações à base de frango, portanto, uma das primeiras medidas foi substituir o alimento.

A cachorrinha Momô se adaptou melhor à ração de cordeiro
A cachorrinha Momô se adaptou melhor à ração de cordeiro Imagem: Acervo pessoal

No caso dos filhotes felinos, é ainda essencial o contato com alimentos de texturas diferentes para evitar o desenvolvimento de neofobia, condição em que os gatos não se adaptam a mudanças na alimentação e rejeitam a comida. Alternar entre ração seca e úmida e oferecer petiscos diferentes são formas de acostumá-los com possibilidades variadas de nutrição.

O momento da refeição também importa

Uma alimentação adequada também diz respeito ao lugar e à forma com que o alimento é oferecido. Para cachorros que comem rápido demais, por exemplo, é interessante servir a ração em porções fracionadas, garantindo a saciedade e evitando exageros.

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Também é importante evitar a competição entre animais e manter o lugar das refeições tranquilo, para reduzir a ansiedade. "É ideal que cada animal tenha seu comedouro, de preferência em ambientes diferentes da casa, para evitar a territorialidade", afirma a professora da UFG.

No caso dos gatos, Maria Clorinda ainda menciona que a alimentação pode ser favorecida com o enriquecimento ambiental: "para estimulá-los a serem mais ativos, é interessante colocar potinhos em locais diferentes, se possível mais altos, em que eles subam para poder achar comida". Afinal, atividades que envolvem obstáculos e oportunidades de interação garantem que o momento da alimentação seja, ao mesmo tempo, tranquilo e divertido.

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