É arroz, mas diferente: 6 pratos fora do trivial para provar em SP
Gabrielli Menezes
Colaboração para Nossa
31/08/2024 05h30
O arroz nosso de cada dia não é só nosso. É por isso que a expressão "unidos venceremos" representa muito mais o ingrediente do que "soltinho". Não se trata de questão de textura, mas da sua existência aproximar povos diversos que têm o grão como fonte primária de alimentação.
Como sempre, São Paulo dá uma amostra do mundo. E as dicas de hoje são temperadas com a história do arroz, que tem origem dupla — na Ásia e na África — e foi espalhado aos quatro cantos por Portugal, Espanha, Índia e China.
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Em cada lugar por onde passou e ficou, o alimento deixou a sua marca. Em Taiwan, saiu das panelas para compor bebidas e sobremesas. Na Coreia, tomou o centro da mesa e colocou até a carne como coadjuvante da refeição.
Também alavancou a economia de países como a Indonésia, onde o cultivo criou raízes na terra, no bolso e no altar. Além de definir paisagens, ritos e crenças. "Os japoneses acreditam no seu poder de união e perseverança e o oferecem aos deuses e aos antepassados", diz Tina Eguchi, chef especializada em gastronomia nipônica.
Sem sair da cidade, saiba onde provar pratos cheios de arroz e cultura.
Nasi goreng, do Botanikafé
Maior produtor do mundo, a Indonésia cultiva e cultua o ingrediente. O prato mais representativo é o nasi goreng, arroz frito de origem chinesa que, no país do sudeste asiático, ganhou molho de soja doce. No Botanikafé, é preparado com o tipo jasmim, camarão, legumes, ovo mollet e pimenta sriracha (R$ 74).
Avenida Magalhães de Castro, 286, Butantã. @botanikafe
Kimchi bokumbap, do Komah
Na culinária coreana, o bap é o elemento principal da refeição. Todo o resto, é acompanhamento. Comum em vários países asiáticos, a versão frita, aqui, é misturada a outro ícone do país: o kimchi, acelga picante fermentada. Tostadinho pela chapa, o arroz ainda leva omelete cremosa (R$ 68).
Rua Cônego Vicente Miguel Marino, 378, Barra Funda. @komahrestaurante
Supplì al telefono, do Nino
"No centro e ao sul da Itália, onde há forte influência espanhola, a tradição é usar arroz para fazer bolinhos", diz o romano Marco Renzetti. No Nino, o chef deixa o grão cozido em molho de tomate descansar de um dia para o outro para depois recheá-lo de muçarela e fritar um a um (R$ 36 a porção).
Rua Jerônimo da Veiga, 30, Itaim Bibi. @ninocucina
You Fan, do Aiô
Em Taiwan, todo dia se come arroz. Mas nem sempre do mesmo tipo - a diversidade é imensa. O glutinoso, quando cozido corretamente, é o maior representante da textura "Q", que pode ser traduzida como a mastigabilidade perfeita. Para ficar mais fácil de entender, prove o you fan do Aiô, com carne de porco e frutos do mar (R$ 55).
Rua Áurea, 307, Vila Mariana. @aiorestaurante
Oniguiri, do Kuromoon
O sushi é só uma das muitas formas que o arroz se apresenta no Japão - ele é a base de todas as refeições. Uma das receitas mais encantadoras é o oniguiri, bolinho triangular para comer com as mãos. É temperado com folha de gergelim, ameixa oriental, shoyu e grelhado na manteiga (R$29, duas unidades) no Kuromoon.
Rua Teixeira da Silva, 596, Paraíso. @kuromoon.br
Baião de dois, d'A Baianeira
É claro que o lugar que se dedica à comida de sotaque meio baiano, meio mineiro vai colocar arroz no cardápio. O baião-de-dois, mexidão clássico sertanejo preparado com feijão-andu, ganha complementos. É só escolher entre o ovo com gema mole (R$ 55) e a deliciosa carne de panela (R$58).
Rua Dona Elisa, 117, Barra Funda. @abaianeira
BARES
Por Sergio Crusco
Cachaça além da Caipirinha e do Rabo de Galo
Quando se fala em coquetelaria com cachaça, é fácil imaginar um drinque refrescante, que misture doçura e acidez e case com praia e calor. Se pensou Caipirinha, acertou. Mas essa é muito fácil, concorda?
Nada contra essa visão. Somos mesmo um país tropical e gostamos do estilo doce-azedo. Só que o destilado de cana tem uma diversidade sensorial tremenda. Há mais de 30 madeiras permitidas para armazenamento ou envelhecimento de cachaça, sem contar os blends (misturas) de líquidos.
A cachaça nos convida ao infinito de interpretações. Dá para inventar muita coisa com ela, dentro e fora do espectro que vai da Caipirinha ao potente Rabo de Galo. Fico feliz quando a vejo sendo pensada com ousadia e amplitude no balcão.
Mari Mesquita, no listening bar Domo, e a equipe de bartenders do festivo Varal tiram a cachaça do lugar comum e apresentam ideias diferentes das que costumamos beber por aí.
O Varal Bar
O espaçoso O Varal coloca a cachaça em primeiro plano desde sua abertura. Na nova carta, há surpresas como Tupã (foto), do bartender Gustavo de Paula, com cachaça prata, Cointreau, Campari e café. É potente e complexo: notas de cana, amargor, dulçor e aromas do café. Clarinha, de Thiago Santos, tem cachaça envelhecida e limão. A mescla é clarificada no leite e chega à boca com untuosidade, para ser completa com o frutado fermentado de manga, servido à parte.
Rua Artur de Azevedo, 636, Pinheiros. @varal____
Domo Bar
O drinque Cachaça/Acerola (foto), de Mari Mesquita, prova que nosso destilado rende excelentes coquetéis no estilo Martini. A mistura de cachaça, vermute branco e conserva de acerola é seca, elegante e tem um quê ácido. Cúrcuma/Defumado vem com cachaça, moonshine defumado, xarope de açúcar, limão e cúrcuma, num sour que traz elementos raros ao estilo. O fumê do moonshine (uísque sem passagem por madeira) e o amargo-picante da cúrcuma transformam o básico.
Rua Major Sertório, 452, Vila Buarque. @domobarsp
BELISQUETES
Por Gabrielli Menezes
Mais tacos, por favor
De tempos em tempos, fico vidrada em vídeos das comidinhas de rua do México. Recorro às opções paulistanas mais autênticas e, de taco em taco, nutro a certeza de que um dos dias mais felizes da vida será o que eu clicar "comprar" em uma passagem aérea para o país latino-americano.
Embora conte com ótimas opções de restaurantes — como os dois que trago abaixo —, São Paulo não abraçou a cultura mexicana em sua totalidade e ainda confunde a sua culinária com os sabores tex-mex. Que isso mude — e logo. A minha fome tem pressa.
Taquería La Sabrosa
Nascido em Hermosillo, no noroeste do México, Hugo Delgado serve aos paulistanos receitas do seu país natal desde 2014. Na casinha em Pinheiros, há tacos tradicionais, como o al pastor, e criações. A minha favorita: peixe dourado em crosta de batata, maionese de chipotle, repolho e molho pico de gallo (R$ 36,50).
Rua Francisco Leitão, 246 Pinheiros. @taquerialasabrosa
Los Dos Cantina
O estabelecimento foi de uma portinha com mesas na calçada a um imóvel reformado e moderno, com capacidade para 50 lugares. O cardápio também cresceu. Além do taco da vez (R$ 36), que muda de recheio a cada dia, há opções fixas. A carne assada na brasa (R$ 58) acompanha tortillas de milho.
Rua Doutor Vila Nova, 150, Vila Buarque. @losdos_cantina
CLUBE UOL
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