Problemas renais em gatos são comuns. Veja cuidados
Quem tem um gatinho em casa já pode ter notado que ele não procura o pote de água com frequência. O hábito de beber menos água é instintivo, já que os ancestrais dos gatos domésticos viviam no deserto e se hidratavam mais através da caça de roedores, lagartos e pássaros, do que necessariamente bebendo água.
Com o tempo, beber pouco líquido se tornou um problema. Com a domesticação, os hábitos alimentares dos gatos mudaram e "passamos a oferecer apenas alimentos secos e substituímos a alimentação rica em umidade que eles caçavam", explica Ana Paula dos Reis, veterinária especialista em doenças renais. Por isso, é importante achar formas de fazer com que eles bebam mais líquidos, pois a desidratação pode acabar causando doenças urinárias ou nos rins.
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O ideal é que os gatos tomem pelo menos 50ml de água por quilo todos os dias. Então, se o seu gatinho pesa 4kg, ele deve tomar 200ml, o equivalente a 1 copo de requeijão. Mas atenção, uma sede fora do comum pode ser sinal de desidratação, como explica a médica-veterinária: "buscar muita água não é o normal para os gatos e fazer xixi em grandes volumes também não. Isso pode estar associado a problemas renais ou endócrinos".
É importante observar se eles estão realmente se hidratando. Os gatinhos Luke e Mika, por exemplo, tiveram doenças renais, com um ano de diferença, e precisaram de atendimento médico. "Na minha cabeça, eles tomavam muita água. O Luke ficava o tempo todo implorando para abrir a torneira, já a Mika, eu via que ela bebia do potinho, mas aparentemente não era o bastante", conta a tutora Maria Gabriela, de Alvorada (TO).
Fique atento a outros sinais de alerta. A descoberta da doença de Luke aconteceu no veterinário, após uma consulta para investigar o emagrecimento repentino do gatinho. Já o adoecimento de Mika foi no começo deste ano, quando, de um dia para o outro, ela ficou amuada, sem conseguir usar a caixinha de areia. O grande sinal de alerta foi quando ela se deitou lá - um comportamento preocupante para os felinos.
Há quatro tipos de doenças renais mais comuns. No veterinário, Maria Gabriela descobriu que Luke é um gatinho com problemas crônicos nos rins, porém está estável, enquanto Mika teve um quadro mais grave com entupimento e rompimento da uretra, inclusive precisando operar. Junto com infecções no trato urinário e pedra nos rins, esses são os problemas renais mais comuns entre os felinos.
Use truques para incentivá-los a beberem mais água. Para garantir que os bichanos estejam sempre hidratados e saudáveis, os tutores podem adotar algumas estratégias para que bebam mais água, como explica Márcio Bernstein, veterinário especialista em doenças renais. "Colocar vários potinhos de água espalhados pela casa é uma forma de deixá-los mais interessados. Dê preferência àqueles que mantêm a água circulando, porque os gatos não gostam de água parada", afirma.
Água é fundamental, mas ração úmida também pode auxiliar e traz uma série de vantagens. As opções são variadas: sachês, patês e até mesmo petiscos umedecidos. Apesar do que muitos acreditam, esse tipo de ração é um alimento completo e pode substituir a ração seca, além de ser saborosa! Geralmente, esse tipo de ração tem menos calorias, o que facilita no controle de peso dos felinos e ainda tem a vantagem de melhorar a digestão, pois lubrifica o trânsito intestinal.
No caso dos pets mais idosos ou com problemas dentários, esse tipo de comida facilita a mastigação sem forçar os dentes e as gengivas deles. A ração úmida também é ideal para gatos que precisam tomar alguns tipos de medicamento, pois os comprimidos podem ser colocados junto ao alimento para serem ingeridos sem resistência.
Para gatinhos que já tiveram problemas renais, a ração úmida pode ser preventiva. No caso de Luke e Mika, a alimentação úmida se tornou parte da rotina com o início do tratamento renal e se mantém até hoje.
Eu ofereço ração úmida atualmente todos os dias à noite e às vezes eu vou diferenciando entre o patê e o sachê. Também misturo o petisco úmido com água que é uma ótima dica que recebi da veterinária Maria Gabriela.
Atualmente, os gatinhos estão saudáveis, mas a prevenção para novos casos deve continuar.