Ela foi três vezes à Porta da Esperança até ganhar viagem para a Disney
Na lista de programas comandados por Silvio Santos, Porta da Esperança dominava a audiência no fim das tardes de domingo. De 1984 até 1996, era hábito nas famílias sentar-se à frente da TV para acompanhar se os sonhos de centenas de brasileiros se tornariam realidade.
Foi numa das mais de 500 edições da atração que a escritora Nívea Salgado, então com 7 anos de idade, ganhou a desejada viagem para a Disney - destino que visitou outras quatro vezes desde então.
Tinha o Clube do Mickey na televisão que eu já gostava muito. Meus primos mais velhos foram para lá com minha avó paterna e, quando vi as fotos deles com o Mickey e a Minnie, eu enlouqueci. Achei o mundo dos sonhos e disse que queria ir para lá também, relata a paulistana, hoje com 45 anos.
Só que os pais da garotinha não tinham condições de arcar com a viagem naquela fase da vida. Foi então que a avó materna, Maria Helena, sugeriu à pequena que enviasse uma carta para o programa.
"Minha mãe, Vânia, é médica, trabalhava em hospital e não poderia me acompanhar, então a intenção sempre foi viajar com a mãe do coração, Maria, que estava com a família desde quando minha mãe era criança, era uma figura materna para mim e também queria conhecer o Mickey", diz Nívea.
A avó que deu a ideia de recorrer ao programa - e ajudou a neta a escrever a carta - arcaria com os próprios custos para viajar junto, caso elas fossem contempladas.
A escritora de São Paulo não se recorda quanto tempo depois foi convocada para participar da gravação, mas deduz que tenha demorado quase um ano até ser contemplada. Isso porque foi só na terceira vez que voltaram ao programa que as portas amarelas em forma de arco, lembrando o sol sobre um arco-íris, se abriram revelando que elas, finalmente, viajariam para os Estados Unidos.
Nas duas vezes anteriores em que Silvio Santos disse o famoso comando "Vamos abrir as portas da esperança", não havia ninguém atrás do pórtico.
Claro que saí frustrada, mas não era uma coisa 'pesada'; eu não saía infeliz, porque era uma experiência tão diferente estar ali na TV, resgata.
Mais cedo ou mais tarde, aconteceria
Outro motivo para ela não desanimar era o fato da produção do programa conversar muito com os pais dela para tranquilizá-los, dando a entender que em algum momento o sonho iria ser realizado.
Quando as portas finalmente revelaram a presença da Vovó Stella (da lendária Stella Barros Turismo, uma das pioneiras no turismo brasileiro) ao lado de Tia Augusta (outro nome forte das viagens para a Disney das décadas de 1980 a 2000, à época integrante da equipe da Stella Barros), Nívea diz ter ficado radiante porque iria conhecer o Mickey e a Minnie.
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Quero receberNo programa, os participantes só concretizavam os sonhos caso alguma empresa os presenteasse e, no caso, a Stella Barros patrocinou a viagem.
Nas férias escolares seguintes, em 1986, Nívea, a avó Maria Helena e sua mãe de coração Maria viajaram para Orlando, tendo a Tia Augusta como guia.
"Isso foi há quase 40 anos, mas lembro muito do Mickey e da Minnie, do meu álbum de autógrafos dos personagens - o Pluto, o Pateta, a Margarida também assinaram. Guardei o álbum por uns 20 anos, pois esses encontros foram muito especiais", diz.
Outras lembranças fortes são de brinquedos icônicos do Magic Kingdom Park, como o Mad Tea Party (xícaras giratórias) e o Prince Charming Regal Carrousel (carrossel). "Também me marcou muito o It's a Small World, que é aquele barquinho que vai navegando e apresentando crianças de todos os países. Achei a coisa mais linda do mundo, o brinquedo mais perfeito da Disney", cita.
As três atrações ainda seguem disponíveis no parque de Orlando, na área destinada a famílias com crianças pequenas.
Visitando a Disney em diferentes momentos
A paixão de Nívea pelos parques do Walt Disney World começou cedo e em casa. Era costume dela e a mãe assistirem aos filmes e animações da companhia, durante muitos anos. O apego aos clássicos na tela se expandiu para os parques de Orlando, para onde Nívea viajou outras quatro vezes, depois da primeira excursão aos 7 anos.
Quando nasci, a avó que me ajudou com a cartinha para o Porta da Esperança abriu uma poupança para mim e alimentou essa conta até eu completar 15 anos, em 1994. Era para fazer uma festa ou viagem. Optei, é claro, por voltar à Disney, mas queria ir com pessoas da minha idade. Minha prima de 14 anos foi junto, ficamos no mesmo quarto e foi superbacana. Nessa época, meu gosto era por montanhas-russas e me diverti muito na Space Mountain, relata.
Anos depois, já casada, viajou com o marido Felipe para que ele conhecesse o lugar que ela adorava. Os dois têm predileções diferentes em relação à Disney: ela ainda é fã dos brinquedos mais radicais, enquanto ele gosta mais da parte cultural explorada nos parques.
Quando a filha Catarina nasceu, Nívea prometeu mostrar o mundo a ela, e isso, obviamente, incluía ir à Disney, um de seus lugares preferidos. A primeira visita da garotinha a Orlando foi com quatro anos e meio.
Ao contrário de muitas mães que preferem esperar que os filhos tenham um pouco mais de idade para essa viagem, a escritora fez questão de levar Cacá aos parques logo, para que ela vivesse a experiência na fase em que acredita que as princesas realmente existem.
"Foi a melhor coisa! O ápice dessa viagem foi a refeição dentro do Castelo da Cinderela. Para ela, as princesas entrando no salão enquanto almoçava, foi tudo muito real. Foi muito lindo vê-la, pequenininha, acreditando que estava encontrando todas as princesas que ela via nos desenhos", relata.
A menina guardou o caderninho de autógrafos dos personagens tal como fez a mãe, anos antes. Tanto que, na segunda vez que os pais organizaram a viagem para a Disney e quiseram surpreendê-la, revelando o destino apenas no aeroporto, a menina de então 8 anos ficou brava num primeiro momento.
"Ela reagiu de maneira muito engraçada, que não esperávamos, porque queria ter sido avisada antes para pegar o caderninho de autógrafos e completá-lo com os personagens que não conseguiu encontrar na primeira vez. Só ficou feliz quando avisamos que estava na mala", esclarece Nívea.
A filha aproveitou bastante a ida aos parques, é claro. A mãe admite, entretanto, que foi bastante diferente da outra experiência, pois não havia mais a crença da pequena na magia do cenário.
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