Mapa mais antigo do mundo é decifrado e aponta onde estaria a arca de Noé

O Imago Mundi — uma placa de argila babilônia do século 9 a.C. que é conhecida como o "mapa do mundo mais antigo da História" — foi finalmente decifrado após quase um século e meio. E o que ele revela seria a localização de uma construção que conhecemos da Bíblia: a arca de Noé.

A revelação foi feita pelo assiriologista britânico Irving Finkel, curador do Museu Britânico, que o detém em seu acervo desde 1882 e onde o mapa pode ser visto pelo público. Em um vídeo divulgado pela instituição no último mês, o especialista explica que durante mais de um século era impossível entender todas as instruções em escrita cuneiforme na placa por causa de um pedaço que estava faltando.

Imago Mundi
Imago Mundi Imagem: Reprodução/Museu Britânico

Em 1995, a aluna de Finkel e voluntária do museu Edith Horsley localizou no depósito da instituição uma peça que havia sido escavada junto com o mapa. Ao estudarem a peça, ambos concluíram que se tratava da porção perdida do Imago Mundi e, desde então, Finkel trabalhava para dar sentido à nova imagem conhecida.

"Você tem encapsulado neste diagrama circular o mundo todo conhecido no qual as pessoas viviam, prosperaram e morreram. No entanto, há mais [retratado] neste mapa. Quando diz respeito a operar fora dos limites do mundo conhecido e entrar no mundo da imaginação, a placa é indispensável", comentou o estudioso no vídeo.

Finkel explica que o mapa em perspectiva aérea não possui apenas o diagrama, mas uma espécie de legenda em seu verso, que descreve cada localidade. Juntas, as descrições formam um relato — a Mesopotâmia (hoje território do Iraque) com suas diferentes cidades e tribos está ao centro, cortada pelo rio Eufrates — enquanto às margens de um rio "amargo" que circunda a área encontrariam-se montanhas.

Estas montanhas guardariam um mundo mágico, fora dos limites explorados pelos babilônios, segundo suas inscrições que as relatam como a morada de míticas criaturas. Mas o mais importante detalhe, até então inédito, era a citação a uma embarcação "parsiktu". A palavra, segundo Finkel, só aparece uma única vez em outro texto babilônio, a "Tábua da Arca", que narra as aventuras de Ziusudra — o Noé dos babilônios.

Segundo esta outra relíquia, que também já foi estudada pelo curador, a arca teria sido construída por volta do ano 1800 a.C. para superar uma grande enchente que destruiu o mundo por ordem divina. A narrativa ainda aponta que, após salvar os casais de animais e humanos, a embarcação ficou presa em uma montanha chamada Urartu — e o Imago Mundi oferece instruções de como chegar lá.

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Finkel ainda nota que o texto em hebraico que foi parar na Bíblia relata que a arca de Noé ficou presa após o dilúvio em uma montanha, chamada Ararat. Para o estudioso, não há coincidências: ambos os termos quase idênticos se referem à mesma montanha. "Esta é uma ideia bastante substancial e muito interessante de se pensar porque mostra que a história é a mesma, e, claro, uma coisa levou à outra", acredita o pesquisador.

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