Da confiança à hierarquia: o poder das refeições na relação com seu pet

A alimentação dos pets vai muito além de satisfazer uma necessidade: é uma oportunidade de fortalecer o vínculo entre tutores e animais. Do filhote ao idoso, de cãezinhos a felinos, o carinho e a atenção durante as refeições criam uma conexão especial, promovendo confiança e afeto mútuo. O ato de dar comida deve ser visto como uma oportunidade de construir laços, sendo muito importante estabelecer uma rotina alimentar e ter um ambiente adequado.

A quantidade de alimento varia conforme o porte e a idade do bichinho. Cães filhotes, em geral, devem ser alimentados em porções pequenas, 3 ou 4 vezes ao dia. Já as porções para adultos, não é um consenso mas, em geral, devem ser servidas em 2 ou 3 refeições diárias. No caso dos gatos, que têm hábitos mais "petiscadores", ou seja, costumam comer de pouco em pouco, não tem problema colocar toda a ração de uma só vez ou então dividi-la em porções ao longo do dia. Mas é claro, tudo deve ser dado nas quantidades adequadas, sem exageros.

É importante ter uma rotina alimentar. Estabelecer horários no dia a dia dos pets é essencial para diversas atividades, como passeios, treinamentos e até mesmo na hora de dar a ração ou alguns petiscos - uma dica é evitar oferecer petiscos próximos às refeições, para não interferir no apetite dos bichinhos. Com um cronograma definido, os animais ficam menos ansiosos e mais disciplinados, a regularidade ajuda a criar confiança no tutor, além disso, à medida que cães e gatos vão ficando mais velhos, ter hábitos definidos reduz o tédio e incentiva a atividade física.

A rotina é uma forma de comunicação entre tutor e pet. Mudanças no comportamento durante as refeições, como se recusar a se alimentar ou mesmo comer rápido demais, podem ser indicativos de desconfortos ou problemas de saúde. Muitos animais também refletem sentimentos por meio da alimentação, como reações a mudanças de casa, de hábitos ou mesmo saudades de uma pessoa ou de outro animal. Daí a importância da rotina, já que tais variações comportamentais ficam mais fáceis de serem notadas e os tutores podem tomar uma atitude mais rapidamente.

O ambiente em que os animais se alimentam deve ser considerado. O espaço deve ser limpo e calmo, evitando agitações e interferências que podem deixar os pets estressados ou ansiosos. Fazer "festinha" demais, mexer no comedouro durante a refeição e deixar a caixinha de areia ou o tapetinho higiênico muito próximos da tigela de ração são hábitos desaconselhados, como explica Mauro Lantzman, veterinário especialista em comportamento animal.

A alimentação é essencial para criar relações de confiança entre tutor e pet. Principalmente no caso de animais adotados ou resgatados, esse momento é visto como uma troca de afeto, fazendo com que o cão ou gato entenda que está em um lugar seguro, em que vai receber cuidado e respeito, relata a médica-veterinária Cecília Zarif. Essa proximidade também ajuda em casos de mudança na rotina alimentar ou introdução de novos alimentos, em especial nos gatos, que tem tendências à neofobia alimentar - quando o animal rejeita novos alimentos e pode demonstrar perda de apetite.

Momentos de refeição também estabelecem estruturas de hierarquia. Cada bichinho tem a sua personalidade, mas, em geral, cachorros são mais territorialistas, o que pode criar conflitos com outros bichos no momento de refeição, disputando o ambiente ou o próprio alimento. Nesse caso, o ideal é cada animal ter o seu comedouro separado, evitando que um pet seja dominante ao outro. Já para os gatinhos, tudo bem se a alimentação for em grupo, desde que em potes diferentes e com alguma estratégia de enriquecimento ambiental, como comedouros em alturas diferentes.

Com cuidado e dedicação, a hora da refeição se transforma em um instante de conexão profunda, reforçando o laço entre tutor e animal e contribuindo para o bem-estar e a qualidade de vida de seu companheiro.

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