Só 50 pilotos no mundo podem pousar neste aeroporto famoso por seus perigos
Colaboração para Nossa
25/09/2024 12h00
O Aeroporto Internacional de Paro, no Butão, é uma joia para amantes da aviação — ou um filme de terror para quem tem medo de avião. Isto porque sua única pista de 2.265 metros é considerada uma das aterrissagens mais difíceis do mundo, tanto que apenas cerca de 50 pilotos no mundo possuem licença para pousar por lá, segundo informações da rede CNN americana.
Alguns elementos tornam a chegada no único aeroporto internacional do pequeno reino de cerca de 800 mil pessoas no Himalaia tão diferente de outros centros urbanos no mundo. E o principal deles é a geografia.
A pista de Paro está situada a 2.250 metros de altitude entre dos picos montanhosos de cerca de 5.500 metros, o que torna o terreno complexo de navegar durante as manobras de aterrissagem. Justamente por causa desta topografia, as condições meteorológicas na área nem sempre oferecem a melhor visibilidade.
Um artigo publicado pela Druk Air — ou Royal Bhutan Airlines, a companhia aérea estatal do país — em junho explica que, por este motivo, pousos e decolagens só são permitidos entre o nascer e o pôr do sol em Paro. Além disso, contar com a tecnologia não é uma opção por lá, já que não há radares.
Paro é classificado como um aeroporto de categoria C pela Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO), o que quer dizer que há regras de operação específicas em vigor para evitar colisões no ar e, por isso, pilotos precisam ter treinamento especial para trabalhar nestes espaços aéreos. Todos devem ser capazes de pousar manualmente.
Ainda é imprescindível conhecer bem a paisagem ao redor do aeroporto porque o menor erro pode levar uma aeronave a colidir com uma casa. Um vídeo do youtuber Sam Chui de 2019 mostra como é este procedimento — e o piloto ainda destaca a enorme proximidade da pista com monastérios nas montanhas.
"Em primeiro lugar, Paro é difícil, mas não perigoso. É desafiador para as habilidades do piloto, mas não é perigoso, porque se fosse eu não estaria voando", garantiu o capitão Chimi Dorji, piloto da companhia há 25 anos, à CNN americana. "Em Paro, você realmente precisa ter habilidades 'locais' e conhecer a área de competência", explicou.
Ele ainda revelou que treina outros pilotos com um método específico para serem capazes de chegar ou partir de Paro. "Em altas altitudes, o ar é mais rarefeito, então a aeronave essencialmente tem que voar pelo ar mais rápido. Sua velocidade verdadeira no ar será a mesma, mas a sua velocidade relativa ao solo é muito mais rápida."
Para Dorji, é importante para o treinamento do piloto não só saber como voar, mas saber quando não voar.
Segundo o capitão, a parte da manhã é mais segura — e, por isso, preferencial — para as manobras de pouso. "Tentamos evitar operações depois do meio-dia porque você tem muitos ventos térmicos, temperaturas subindo e chuvas que ainda não aconteceram. O solo está ressecado e você recebe essas gotículas e ventos anabáticos e catabáticos no vale durante a tarde. As manhãs são mais calmas".
Os ventos anabáticos são correntes de ar ascendentes de alta densidade que são fruto do aquecimento das encostas das montanhas. Já os catabáticos são descendentes e geralmente mais frios. Ambos são úteis para os pilotos experientes estabilizarem as aeronaves, mas sem estes cuidados, a chegada pode ser turbulenta.
Ou seja, a parte da tarde costuma ser reservada para as partidas e não para as chegadas. Outras mudanças às programações têm que ser feitas geralmente entre junho e agosto para evitar riscos extras nas temporadas de tempestades. Acompanhe uma aterrissagem cuidadosa no Aeroporto Internacional de Paro: