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Teste da geladeira para saber se azeite é falso funciona? Como evitar golpe

Teste de congelamento consiste em colocar parte do azeite no refrigerador para verificar se ele foi adulterado ou não Imagem: iStock

De Nossa, em São Paulo

28/09/2024 05h30

Um teste para verificar se um azeite é falso ou de má qualidade tem chamado a atenção dos consumidores nas redes sociais.

A avaliação consiste em colocar um pouco de azeite em um recipiente e depois levá-lo ao congelador por um tempo. Se congelar, isso comprovaria que o azeite é de boa qualidade, mas a técnica não é perfeita.

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O teste funciona?

Óleos vegetais tem uma composição química que permite o congelamento a baixas temperaturas. Os óleos vegetais são compostos basicamente por três ácidos graxos. O que difere um óleo de outro é a proporção dessas moléculas.

O azeite de oliva é rico em ácidos graxos monoinsaturados, diferentemente do óleo de soja, rico em ácidos graxos polinsaturados. E essas moléculas distintas conferem propriedades variadas a esses produtos. Assim, cada óleo vegetal terá uma temperatura de congelamento própria.
Ricardo Ongaratto, engenheiro de alimentos e professor da UFRJ

Azeites, por exemplo, podem congelar em temperaturas entre 0ºC e 6ºC. Dessa forma, a expectativa é de que o azeite de oliva realmente congele quando colocado sob essas temperaturas.

Mas muitos fatores influenciam nesse congelamento. Entre eles está a variedade das olivas, que apresentam propriedades diferentes a depender de onde foram cultivadas. Outro aspecto é a geladeira do consumidor. A temperatura a que o refrigerador estiver ajustado pode determinar se o produto será congelado ou não.

O método do congelamento não é preciso, mas pode ser um indicativo. Isso porque um óleo vegetal pode não congelar a uma temperatura de 6ºC [um valor a que muitos refrigeradores residenciais são ajustados], mas pode ficar em estado sólido a partir de uma temperatura de 0ºC, por exemplo. Tudo depende da composição química.
Ricardo Ongaratto, engenheiro de alimentos e professor da UFRJ

Assim, o teste pode dar indicativos, mas não é preciso. Com as ferramentas de que o consumidor normalmente dispõe em casa, não é possível realizar um teste a respeito da qualidade do azeite.

Existem algumas características que são próprias do azeite, como a cor mais esverdeada, que difere dos óleos vegetais refinados, que são transparentes. Outro aspecto é o sabor característico do azeite de oliva. Testes como o de congelamento dão alguns indicativos, mas não são precisos.
Ricardo Ongaratto, engenheiro de alimentos e professor da UFRJ

E o que fazer?

É praticamente impossível identificar um óleo de oliva falsificado só pela embalagem. Depois de aberto o produto, a adulteração pode até ser percebida, mas nem sempre é fácil. Alguns cuidados na hora da compra podem ajudar você a não cair em ciladas. Confira a seguir.

Dicas para levar um bom azeite

Imagem: iStock

Sempre compre o produto em lojas e supermercados confiáveis, para reduzir o risco de levar um alimento adulterado.

Desconfie de promoções tentadoras. O óleo de oliva não é um item com baixo custo de produção e encontrar azeites com valor muito abaixo da média pode ser sinal de fraude.

Cheque o país de origem e de envasamento. O ideal é comprar um azeite produzido e envasado no mesmo país, de preferência pelo mesmo produtor (a informação geralmente está na embalagem). Além de possivelmente perder qualidade, um azeite que é feito em um país (ou lugar) e engarrafado em outro tem maior risco de ser fraudado.

Confira os selos de denominação de origem. Eles garantem a procedência do produto, mas também que o óleo de oliva esteja dentro das regras estabelecidas pelos órgãos responsáveis sobre práticas de cultivo e produção. Os selos mais comuns são o DOP, utilizado por Espanha, Itália e Portugal, e o PDO, usado pela Grécia.

Prefira os feitos com um tipo só de azeitona. Com mais variedades que o vinho, os azeites também terão características únicas para cada tipo de azeitona usada —as mais conhecidas são arbequina, coratina e galega.

Prefira garrafas escuras ou opacas. Suscetível à luz solar, o ingrediente se preserva melhor em garrafas que impedem ou minimizam a entrada de luz.

Analise a data do envase ou extração O frescor do azeite será um dos fatores mais importantes na hora da compra. Por lei, as garrafas devem ter a data de envase. Quanto mais recente for essa data, melhor. Idealmente, deveria-se buscar a data da extração, pois é ela que realmente indica o frescor do azeite. A informação de envase não garante que a extração ocorreu próxima daquela data.

E ao abrir a garrafa?

Imagem: iStock

Alguns sinais podem indicar que o azeite foi fraudado, está velho e oxidado ou contém outros óleos.

  • Cheiro rançoso ou de mofo
  • Sabor metalizado
  • Sedimentos escuros no fundo da garrafa

As principais características sensoriais de um azeite extravirgem de qualidade são:

Não pode ter "cheiro de óleo de cozinha", deve ser bem perfumado. As notas aromáticas devem ser herbáceas, como o cheiro de grama recém-cortada ou de couve.

No paladar é preciso sentir elementos frutados, vivos e frescos, pungência e amargor. Esse perfil sensorial garante os componentes de saudabilidade natural do produto.

Azeite não é tudo igual

Nos mercados, é mais comum encontrarmos dois tipos de azeite:

Extravirgem: tem acidez menor que 0,8%. É extraído mecanicamente, a frio, na primeira prensagem das azeitonas, por isso preserva praticamente todas as propriedades nutricionais e de qualidade do óleo, por ser menos processado. Muitos fabricantes usam um rótulo verde ou com detalhes nessa cor para facilitar a identificação do produto, mas a informação está sempre escrita na embalagem.

Tipo único: tem um acidez máxima de 1%. Passou por um processo de refinamento químico para remover defeitos de aroma, cor e acidez, e pode ter na mistura o azeite virgem, extravirgem ou óleo de bagaço de oliva. Alguns fabricantes usam um rótulo vermelho ou com detalhes nessa cor para identificar o produto.

Imagem: iStock

Anvisa proibiu 2 marcas

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a comercialização de azeites de duas marcas diferentes. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (24).

Azeites das marcas Serrano e Cordilheira foram proibidos. Segundo a publicação oficial, a produção era realizada por órgãos desconhecidos no Brasil. As empresas não informaram CNPJ e local de fabricação, o que é ilegal, e todo o azeite das marcas está proibido de ser comercializado, fabricado, distribuído, importado e consumido.

*Com informações de reportagem publicada em 08/03/2024

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