Após 4 meses, passageiros finalmente embarcam em cruzeiro 'amaldiçoado'

Passageiros do luxuoso Villa Vie Odyssey — batizado de "cruzeiro amaldiçoado" pela imprensa internacional — finalmente começaram a embarcar no porto de Belfast, na Irlanda do Norte, após esperar o momento que o navio pudesse zarpar desde maio. A partida marcada pela última vez para quinta (26) acabou adiada novamente por uma nova crise, reportou o jornal britânico Daily Mail, mas há indícios de que possa acontecer a qualquer momento.

O cronograma original previa que o navio navegasse por três anos por águas do mundo todo e custou aos bolsos dos viajantes até 27 mil libras ou quase R$ 200 mil por cada mês do passeio, o que pode representar um investimento total de quase R$ 7,1 milhões. No entanto, o Odyssey não conseguiu sair das docas nos últimos quatro meses por razões técnicas. Ele tem passado por uma série de reparos e testes.

A companhia Villa Vie Residences informou na quinta aos passageiros que um novo "problema crítico" havia surgido, apesar de o navio ter passado por seus testes mais recentes, e que a partida poderia levar três dias ou mais. Nesta segunda (30), uma postagem no Instagram Stories da empresa mostrava o Odyssey sendo levado ao terminal D1 do porto para receber os passageiros finalmente — resta aguardar para ver se o navio irá realmente iniciar viagem.

O Odyssey finalmente foi removido de suas docas para o terminal de embarque no porto de Belfast nesta segunda (30). Passageiros já embarcam, mas seguem aguardando o início da viagem
O Odyssey finalmente foi removido de suas docas para o terminal de embarque no porto de Belfast nesta segunda (30). Passageiros já embarcam, mas seguem aguardando o início da viagem Imagem: Reprodução/Instagram

No "rastro" do Titanic

Ainda de acordo com o Mail, o último problema do Odyssey foi ter ficado atracado durante quatro meses em docas de propriedade da Harland and Wolff. A empresa é famosa por ter construído o Titanic e declarou falência na última semana pela segunda vez em cinco anos, segundo a BBC.

O Odyssey na área de reparos da Harland and Wolff, empresa que construiu o Titanic, no porto de Belfast
O Odyssey na área de reparos da Harland and Wolff, empresa que construiu o Titanic, no porto de Belfast Imagem: Liam McBurney - PA Images/PA Images via Getty Images

Por isso, o estaleiro não podia permitir legalmente que passageiros entrem no navio. Na quinta (26), não havia outra doca disponível para atracar o Odyssey, o que deixou a Villa Vie Residences de mãos atacadas esperando uma outra vaga no porto para que o seu navio realizasse o seu embarque sem questões burocráticas.

"Eu consigo entender porque as pessoas estão dizendo que esta viagem está amaldiçoada. Eu trabalho neste negócio há quase três décadas e não acredito que já tenha visto outro navio passar por tantos problemas e atrasos. Mas eles não podem embarcar os passageiros onde o navio está atracado por questões de segurança e [também] de seguro", comentou um funcionário das docas em Belfast ao Mail, que ainda revelou que os problemas técnicos do Odyssey envolviam falhas no motor.

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Os atrasos são tantos que dois viajantes, Gian Perroni, de 63 anos, e Angie Harsanyi, de 53, revelaram ao Mail que se conheceram nas múltiplas idas ao porto de Belfast para tentar embarcar. Os dois acabaram se apaixonando e estão noivos.

Angela Harsanyi e Gian Perroni se conheceram em meio aos atrasos do embarque e ficaram noivos no início de setembro
Angela Harsanyi e Gian Perroni se conheceram em meio aos atrasos do embarque e ficaram noivos no início de setembro Imagem: Liam McBurney - PA Images/PA Images via Getty Images

Já outra passageira, Holly Hennessey, palpitou ao jornal britânico que a suposta maldição possa ter a ver com a troca do nome: o Odyssey era originalmente chamado Braemar até o início do ano. "Dizem que dá azar trocar o nome de uma embarcação. Sendo fã de iates, eu levo rituais dos mares muito a sério. Vale qualquer coisa para pacificar Netuno ou Posêidon para nos ajudar a zarpar".

No entanto, ela não acredita que o navio esteja legitimamente amaldiçoado. "Não acredito nisso. Não tenho dúvidas que a equipe da Harland and Wolff contribuíram para os atrasos, mas estou de coração partido por ver uma marca tão icônica sofrer".

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Já um chef de outro navio atracado nos estaleiros da Harland and Wolff foi menos taxativo. "Eu não tenho certeza se acredito em maldições, mas se acreditasse diria que este navio poderia estar. Não trabalho naquele navio, mas sei que já passou por tantos problemas. Aquelas pobres pessoas esperando para embarcar por tanto tempo... Sinto pena deles. Eles também mudaram o nome do navio, o que qualquer um que passa a maior parte do seu tempo no mar sabe que é mau presságio."

A Villa Vie Residences recebeu também no dia 26 seu último certificado de segurança de navio de passageiros da DNV, uma organização de avaliação de segurança marítima. Desde maio, quando chegou ao estaleiro para sua revisão antes do início da viagem, a embarcação passou por uma série de problemas com diversos destes certificados vencidos.

Além disso, ele estava fora de circulação há tanto tempo que precisou de uma reforma quase completa. Antes de consertos no motor, ele recebeu um leme novo em julho. Caso ele consiga vencer a "maldição", deve passar por 425 destinos em 147 países em breve.

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