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Espada de 3.000 anos com insígnia de 'faraó da Bíblia' é achada no Egito

Arqueólogos descobriram uma espada de bronze decorada com a insígnia do faraó Ramsés 2º Imagem: Divulgação/Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito

Colaboração para Nossa

16/10/2024 12h00

Uma espada de cerca de 3.000 anos com uma gravação da insígnia do faraó Ramsés 2º — o mais poderoso de sua era — foi encontrada no delta do Nilo, a cerca de 48 km de Alexandria, anunciou em setembro o Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito.

Apesar de a Bíblia nunca ter citado nominalmente quem foi o rei egípcio que escravizou os israelitas no Livro do Êxodo e não haver consenso científico até hoje, há uma corrente de pesquisadores que acredita que teria sido no reinado de Ramsés que Moisés liderou a fuga do Egito rumo à terra prometida.

A principal pista está na semelhança entre o nome do faraó e das cidades que os escravos tiveram que construir nesta passagem:

Estabeleceu, pois, sobre eles feitores para acabrunhá-los com trabalhos penosos: eles construíram para o faraó as cidades de Pitom e Ramsés, que deviam servir de entreposto. Êxodo 1:11

Achado impressiona pelo brilho milênios depois

A espada foi encontrada durante escavação liderada pelo pesquisador Ahmed Saeed Al-Kharadly em um acampamento militar em Tell Al-Abqain, que deveria servir para a proteção dos egípcios, com armazém de armas e estrutura de forte.

Feita em bronze, ela possui o emblema pessoal do faraó ainda visível em seu material, que mantém o brilho após ser limpo dos detritos acumulados tantos anos depois.

O fato de que ela foi encontrada em uma área de trabalho — em vez de dentro de uma tumba — é que torna este achado incomum, na opinião da especialista em egiptologia Elizabeth Frood, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

"Para um objeto possuir as insígnias de Ramsés 2º, isso sugere para mim que ele pertenceu a alguém de um relativo alto escalão. Ser capaz de exibir um objeto assim, mesmo que estivesse presumivelmente em uma bainha, era um sinal de status e prestígio", opinou ao jornal The Washington Post.

Ou seja, o dono da espada deve ter sido um oficial poderoso do faraó. Mas o complexo, que teria sido construído durante o Novo Império, entre o século 16 e 11 a.C., ainda possuía outros diversos objetos pessoais de soldados, segundo as autoridades.

O sítio arqueológico da descoberta é, na verdade, um antigo campo militar que protegia os egípcios de ataques de tribos da Líbia e armazenava armas Imagem: Divulgação/Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito

Mohamed Ismail Khaled, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, disse, em comunicado à imprensa, que o forte Abqain possui imensa importância arqueológica porque seria um dos principais pontos de concentração do Exército egípcio em sua estrada ocidental.

Dali, eles seriam capazes de proteger as fronteiras a noroeste do Egito de ataques de tribos da Líbia, além de estrangeiros que avançassem pelo mar.

A avaliação inicial dos especialistas egípcios é de que diferentes unidades arquitetônicas do forte armazenavam comida para os soldados, já que foram achados silos individuais com vestígios de enormes potes em cerâmicas, além de cartilagens de peixes e ossos de animais.

Fornos de cerâmica cilíndricos também foram achados no local, o que sinaliza que os acampados cozinhavam por ali.

Além da espada, outras armas militares e de caça foram localizadas. O time de pesquisadores encontrou ainda objetos de decoração e higiene pessoal — como bastões de aplicações de kohl, o delineador da época que homens e mulheres usavam para se embelezar e proteger os olhos do sol e de insetos — contas, escaravelhos feitos em ágata vermelha e faiança (cerâmica branca) e amuletos de proteção.

Cada item ajuda a entender melhor o que soldados consideravam essencial para sua vida mesmo durante suas ações militares.

Também foram encontrados amuletos de proteção, contas, escaravelhos e aplicadores de kohl em marfim Imagem: Divulgação/Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito

Ainda segundo o jornal americano The Washington Post, o forte guarda ainda o local de um enterro de uma vaca, um símbolo de força, abundância e prosperidade para os antigos egípcios.

O tratamento do túmulo indica que este animal era mesmo visto como uma divindade e não apenas como gado comum. Um dos dois blocos de pedra calcária no espaço possuem hieróglifos com os títulos de Ramsés 2º; o outro cita um empregado chamado Bay.

Um escaravelho em faiança foi decorado com inscrições para o deus egípcio Ámon e uma flor de lótus. Já outro escaravelho traz em sua base o deus dos artesãos e arquitetos Ptá, feito em xisto, além de meio anel de bronze com citação a Ámon Rá. Completam a lista de descobertas dois colares de faiança e uma ágata com a flor romana.

Ramsés 2º foi um dos faraós mais longevos, reinando de 1279 a.C a 1213 a.C., um período em que o Egito Antigo teve enorme poder militar.

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