É a verdadeira? 7 'segredos' identificam a bolsa mais famosa do mundo
Colaboração para Nossa
24/10/2024 12h00
Ostentada por ricas e famosas durante décadas, a Birkin Bag é até hoje em seus muitos modelos uma das mais célebres e cobiçadas bolsas de todo o mundo. Kylie Jenner passeia com a sua por aí, enquanto Andressa Suita teve o valor de seu modelo especulado durante a investigação dos negócios de Gusttavo Lima por lavagem de dinheiro — graças às suas cifras astronômicas, que variam de quase R$ 200 mil a mais de R$ 2,3 milhões.
Mas uma estrela, mais do que outras, é a responsável por ter tornado o modelo da Hermès tão cobiçado: a mulher que a inspirou, Jane Birkin. E a bolsa número 1 da grife, isto é, a original que foi só criada especialmente para a atriz e cantora inglesa, está em exibição apenas pela terceira vez na história na Sotheby's em Paris.
Este modelo é único, já que há sete elementos-chave que nunca foram replicados ou duraram pouco nas fabricações posteriores da bolsa. Ou seja, quem vai à loja hoje não encontra exatamente a bolsa que pertenceu à Jane, mas uma adaptação moderna. Além disso, ela carrega literais marcas da irreverência e postura política da estrela, como os resquícios de adesivos das entidades humanitárias Médecins du Monde e Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Em outubro de 1994, dez anos após ganhá-la, Jane doou sua bolsa para a Association Solidarité Sida, uma organização beneficente em apoio a pessoas com Aids. 30 anos depois, ela já trocou de mãos algumas vezes em leilões particulares, e foi exibida ao público uma vez, em 2018, no MoMA de Nova York e outra no Victoria & Albert Museum de Londres, em 2020. Agora, os "segredos" da Birkin ganharam a luz do dia novamente. Saiba quais são:
1. Alça de ombro
Apesar de hoje só possuir uma alça curta, a bolsa de Jane contava com uma alça longa (e fixa!) para que a bolsa pudesse ser carregada no ombro. A característica não foi mantida quando o modelo passou a ser comercializado, apesar de uma edição limitada dos anos 90 ter ganhado uma alça extra de ombro — só que removível.
2. Tamanho
As primeiras bolsas Birkin criadas pela Hermès eram de tamanho 40 e 35, mas o modelo feito para Jane era um híbrido dos dois: ela tinha a largura e a altura da 35 e a profundidade da 40.
3. Metais
A Birkin original de Jane tinha fecho e outras peças em latão dourado. Mas eles foram substituídos por metais banhados a ouro com uma marca registrada no lançamento oficial ao mercado. Outras versões posteriores da bolsa contou com acabamentos em paládio, ouro rosê e rutênio.
4. Anéis metálicos (pontet)
Os pontets — anéis metálicos por onde passa a alça horizontal frontal da bolsa — da Birkin original eram fechados como no modelo Haut A Courroies (que teria servido de base para ela). Antes de lançar, a Hermès mudou para anéis abertos na parte interior, padrão este foi mantido até o início dos anos 90. Desde então, os anéis são abertos em sua porção superior.
5. Four Clou
Sabe aqueles pezinhos metálicos que a bolsa tem? Pois eles eram menores, mais delicados, no modelo criado especialmente para Jane. A grife os reforçou para lançar a Birkin no mercado.
6. Zíper interior
A bolsa original possuía zíper da marca Éclair, que ainda fornecia para a Hermès nos anos 80. As bolsas produzidas a partir dos anos 90 possuem zíper da RIRI, que é parceira da grife até hoje.
7. Gravação
A Birkin original possuía as iniciais da atriz gravadas em uma aba frontal, J.B., e se tornou uma espécie de marca registrada do estilo pessoal da estrela durante uma década.
Bônus: a Sotheby's não esclareceu se o item foi fornecido pela própria Hermès ou se foi uma adição de Jane, mas a Birkin da atriz tinha um cortador de unha pendurado ao seu interior, já que ela não teria sido fã de unhas longas.
Quem foi Jane Birkin e por que seu estilo é tão desejado até hoje?
A atriz e cantora inglesa, que morreu em 2023 aos 76 anos, foi uma das principais "it-girls" dos anos 60 e 70. Ela se tornou conhecida por participações em filmes como "Blow-Up: Depois Daquele Beijo" (1966), de Michelangelo Antonioni e, mais notavelmente, por sua parceria musical com Serge Gainsbourg, que viria a ser seu companheiro e com quem tem uma filha, a diretora e atriz Charlotte Gainsbourg (de "Ninfomaníaca").
Foi justamente ao lado de Serge que ela se tornou um símbolo de irreverência. Ela escandalizou a sociedade em 1969 com o lançamento da faixa "Je t'aime, moi non plus", tida como sexualmente explícita graças aos seus sussurros e à letra sugestiva.
Também seu modo de vestir influencia ainda hoje o que é conhecido como "french girl style" (estilo das francesas, em tradução livre), já que ela se solidificou no imaginário internacional com direito a muito jeans, camisetas batas despojadas, franjas e uma certa displicência com a própria aparência que a tornavam interessante.
Foi desta displicência ou "je ne sais quoi" (um "não sei bem o quê") que nasceu, justamente, a Birkin bag. Jane ostentava bolsas-cesto em palha, também conhecidas como portuguesas, por onde ia — e era fotografada, sempre muito cheia de pertences pessoais. Era uma marca pessoal que rendeu assunto em um encontro histórico.
No avião com Dumas
Segundo a própria grife Hermès, uma coincidência levou à bolsa "de ouro". Em 1984, o então presidente da grife Jean-Louis Dumas sentou-se ao lado de Birkin em um voo de Paris a Londres. Ela então reclamou ao executivo que não conseguia encontrar boas bolsas em que coubesse tudo o que ela precisava carregar como mãe de crianças pequenas. Dumas anotou a sugestão, literalmente.
Ainda durante o voo, ele teria imediatamente rascunhado alguns designs para uma bolsa retangular, com tampa e costura, como os cestos que Jane favorecia, com resultado bastante parecido a uma versão menor da mala de mão que a Hermès fabricava desde 1900.
A intenção era que ali coubessem as mamadeiras que ela tanto precisava carregar. A Hermès criou a bolsa dos sonhos de Jane e a ofereceu à musa em 1985, pedindo sua autorização para batizá-la com o seu nome.
A ideia foi um grande sucesso. Ao longo dos anos, a bolsa se valorizou e ganhou versões limitadas regulares, resultado de parcerias milionárias ou outras efemérides. Jane, por sua vez, foi de musa a uma espécie de embaixadora da criação que inspirou e desde seu nascimento frequentemente surgia em público com uma das variantes.
Em 2015, no entanto, a relação quase foi estremecida por um pedido da atriz para que a marca deixasse de fabricar a versão em couro de crocodilo depois que a Peta denunciou crueldade animal em um dos criadouros da grife.
Caso a Hermès não topasse, Jane ainda pediu que seu nome fosse então retirado do modelo em questão. No entanto, segundo o jornal britânico The Guardian, a companhia resolveu as irregularidades e teria feito as pazes com sua eterna musa, enfim. O ícone, desde então, segue firme e forte.