Praga proíbe turismo em bares para atrair visitantes mais 'cultos e ricos'

Depois de Amsterdã retirar as prostitutas e proibir o uso de maconha no seu famoso Distrito da Luz Vermelha, Praga — uma cidade famosa pela sua boa cerveja — quer colocar um fim ao turismo etílico, por assim dizer.

O vice-prefeito da cidade para a cultura, Jiri Pospisil, afirmou à agência AFP na segunda (14) que a administração municipal quer desencorajar turistas que venham "por pouco tempo só para ficarem bêbados" e favorecer "turistas mais cultos e ricos" interessados em sua arte e arquitetura. Assim, a cidade proibiu visitas guiadas organizadas por agências de turismo aos bares da cidade.

O motivo, supostamente, não seria apenas financeiro: haveria o intuito de controlar aglomerações e preocupações com o impacto do atual fluxo de turistas na qualidade de vida dos moradores.

Graças ao crescimento expressivo das companhias aéreas de baixo custo, Praga se tornou um dos destinos favoritos para despedidas de solteiro na Europa, especialmente para turistas do Reino Unido, apontou a rede CNN americana. Por lá, a cerveja costuma ser mais barata do que a água em alguns restaurantes — em bares do centro, meio litro pode custar menos de 3 euros (R$ 18,45), reportou a AFP, enquanto em Londres custa mais do que o dobro.

Nas semanas anteriores ao anúncio, queixas dos residentes por causa do barulho causado pelo público dos bares no distrito histórico de Praga — particularmente daqueles que vivem nos entornos do Castelo de Praga, da Praça da Cidade Velha e da Ponte Carlos, áreas consideradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) — já haviam se tornado notícia no continente.

Movimento em bares e restaurante da rua Prokopská, próxima a praça Maltézské, em Praga
Movimento em bares e restaurante da rua Prokopská, próxima a praça Maltézské, em Praga Imagem: Guido Cozzi/Atlantide Phototravel/Getty Images

À CNN, a subprefeitura de Praga 1 (o distrito histórico) confirmou que proibiu o hábito de maratonar os bares, se movendo de um estabelecimento a outro repetidamente, das 22h às 6h a partir do início de novembro.

A subprefeita Terezie Radomerská justificou que a proibição é "movida pelo nosso desejo de reduzir o comportamento perturbador, especialmente ligado a eventos como despedidas de solteiro, que frequentemente resultam em barulho excessivo e incômodos tanto para moradores quanto para outros visitantes."

"Essas atividades não se alinham com o tipo de turismo que pretendemos cultivar", frisou ainda.

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Até mesmo Vaclav Starek, líder da Associação Tcheca de Hotéis e Restaurantes, elogiou a decisão. À AFP, ele comentou que "estas viagens ao centro em busca de cerveja têm sido um problema para moradores e outros turistas também". Como a proibição só impacta grupos organizados por agências de turismo, não vai impedir que grupos individuais realizem a sua própria maratona ou fiquem até mais tarde bebendo.

"Ninguém vai ser proibido de ir a um bar", destacou. Simon Old, que trabalha como especialista na cidade de Praga para StagWeb.co.uk e GoHen.com — duas agências britânicas que organizam despedidas de solteiro no exterior —, acredita que a proibição é "vaga" e "não vai impedir que as despedidas de solteiro aconteçam em Praga de jeito nenhum".

"Embora eles estejam no direito de tentar controlar o comportamento antissocial, as pessoas vão fazer suas próprias maratonas de bares, ou então vão decidir ir mais cedo", opinou à CNN. "Sendo um destino que lucrou por anos com a reputação de cidade festeira, me parece que eles estão tentando ter o melhor dos dois mundos."

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