Código na passagem aérea pode indicar perrengue para o viajante nos EUA
Um código pouco conhecido na sua passagem aérea pelos EUA pode indicar perrengue extra no embarque, revelaram especialistas em viagem ouvidos pela rede americana Fox News recentemente.
Caso você veja "SSSS" impresso no seu bilhete, prepare-se: a passagem pela segurança pode ser mais longa e envolver checagens mais detalhadas.
A impressão não é acidente: "SSSS" significa "secondary security screen selection" ou seleção para varredura de segurança secundária, na tradução do inglês. Parte do procedimento envolve revistas, inspeção extra da bagagem, múltiplas passagens pelo detector de metais e até testes para resíduos de explosivos.
The dreaded SSSS boarding pass. I can assure you they don't stand for Super Special Service Selection. pic.twitter.com/hWPiTnw1SS
-- Rob Begg (@rbegg) March 2, 2014
Por que recebi o código?
O motivo pelo qual passageiros ganham o código em seus tíquetes, no entanto, não é claro. O site do Departamento de Segurança Interna do EUA menciona apenas que "não pode ser divulgado" por razões de segurança.
No entanto, segundo reportagem da revista americana Forbes, pessoas suspeitas de representarem um risco de segurança ao país podem ser selecionadas para a checagem adicional. Isso não quer dizer que todos os passageiros com "SSSS" na passagem tenham automaticamente sido considerados um risco, mas a prática é consistente com políticas da TSA (Transport Security Authority)
Este órgão federal de segurança de portos e aeroportos dos EUA mantém listas e uma base de dados com passageiros que, por diferentes razões, devem ser monitorados.
Além disso, no próprio site do órgão é descrito que há uma parceria com autoridades policiais e departamentos de inteligência dos EUA, para determinar possíveis ameaças. Outros viajantes também podem alertar a TSA a respeito de pacotes ou malas abandonadas por um passageiro, tentativas de entrar em áreas de acesso restrito ou por porte de algum objeto "ameaçador".
Todos estes fatores podem ajudar a "informar" a decisão de acrescentar o "SSSS" ao bilhete de um passageiro. Ainda de acordo com a Forbes, outras três práticas aparentemente inocentes podem ser consideradas suspeitas pela TSA: pagar pela passagem em dinheiro, comprar o tíquete na última hora ou ter recentemente visitado países que o Departamento de Estado considera de "alto risco".
"É bastante incomum, mas um passageiro que se comporta de maneira suspeita, a TSA pode fazer a ele algumas perguntas para determinar por que estão se comportando daquela forma. Às vezes, o comportamento pode estar relacionado a tráfico de drogas. Por isso funcionários de companhias aéreas e agentes da TSA são altamente treinados para identificar potenciais preocupações e manter a viagem aérea segura para o público", apontou ainda Dan Bubb, professor da Universidade de Nevada e ex-piloto de companhia aérea comercial.
Além disso, a TSA ainda atribuiria o código a algumas passagens aleatoriamente, como uma espécie de avaliação de uma amostra de viajantes. Por isso, ressalta a Forbes, a designação pode não ser permanente — se você recebeu o código na sua passagem em um voo, pode não receber no próximo.
Vou ficar para trás?
Mesmo assim, há casos de viajantes que receberam o código algumas vezes consecutivas como a blogueira de viagens Jordyn Verzera. À rede Fox News, ela contou que, na primeira vez, não conseguia visualizar sua passagem no aplicativo da companhia e pediu a ajuda de um funcionário da companhia no balcão.
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Quero receber"Eles tiveram que me dar um bilhete impresso", relembrou. O "SSSS" estava marcado e circulado no tíquete e ela foi orientada a mostrá-lo a cada parada no caminho. "Em vez de só passar por uma forma de segurança, você tem que chegar ao portão antes, e eles fizeram uma vistoria profunda extra ao embarcar. Mas o principal foi, uma vez que chegamos, tivemos que passar pela alfândega e foi quando a revista realmente a fundo começou."
Ela teve que tirar tudo de sua bagagem, até mesmo itens de higiene pessoal, e os funcionários pediram a ela que ligasse seu computador e colocasse todos os seus objetos desembalados em uma esteira para que fossem testados. Todo o procedimento durou uma hora. Depois disso, ela foi submetida ao código e suas consequências na próxima viagem.
Já a jornalista Ashlea Halpern, da revista Condé Nast Traveler, relatou em 2022 ter recebido o código três vezes seguidas após visitar a Turquia. Ela ainda credita comprar passagens só de ida — uma prática adotada por alguns viajantes que usam programas de milhas — a acender o alerta das autoridades americanas.
E a precaução não vale apenas na chegada aos EUA ou para voos que partem de aeroportos do país. JT Mocarski, parceiro de Jordyn no blog The Mobile Homie, ainda relatou a Fox que recebeu o temido "SSSS" em um voo de Roma, na Itália, para os EUA.
A checagem, contudo, foi mais curta do que aquelas que já enfrentou nos saguões americanos. Na experiência de JT Mocarski e Jordyn Verzera, o voo é alertado de passageiros "presos" na checagem e espera por eles. Mas é recomendado ter seguro viagem para evitar maiores transtornos.
Como me livrar do código?
Depois de completar o procedimento, o agente deve preencher uma papelada e carimbar a sua passagem para indicar que você passou pela inspeção. Se você não receber o carimbo, pode ser parado novamente e passar por mais atrasos antes que possa embarcar no portão.
Quem se sentir prejudicado pela checagem pode fazer uma queixa através do Traveler Redress Inquiry Program no site do Departamento de Segurança Interna. Não há garantias de que o seu nome será retirado da listagem para receber o código, mas é possível que ele desapareça nas próximas viagens.