Primeira atração turística da Flórida custava 5 centavos (e não era parque)
Cinco centavos de dólar era o que custava a primeira atração turística da Flórida. E não tinha nada a ver com montanhas-russas, simuladores ou castelos. Pois é. Não foi Walt Disney o responsável por fazer florescerem os hotéis no estado e por levar turistas dos Estados Unidos inteiros para a Flórida. Foram dois nomes bem menos conhecidos: Samuel O. Howse e Hullam Jones.
O primeiro comprou nos anos de 1860 242 acres de terra (pouco mais que o Parque do Ibirapuera) em uma das regiões mais bonitas do estado, a uma hora e meia de Orlando, mais exatamente em Ocala. Por ali, estão as nascentes do Silver River, que forma piscinas naturais de água azul fosforescente. E é claro que aquele pedaço só poderia mesmo atrair visitantes.
Poucos anos depois, com o fim da Guerra Civil Americana, e as viagens mais fáceis entre o Sul e o Norte, americanos do Norte passaram a chegar por barcos a vapor que subiam o Silver River.
É nessa época que entra o segundo nome na história: Hullam Jones. Ele colocou um painel de vidro no fundo de um barco a remo em 1878 e assim criou a primeira atração turística da Flórida. Cobrou cinco centavos de cada passageiro para levá-los a navegar pelas águas super azuis da Silver Springs.
O sucesso é auto explicativo: é só ver que, desde aquela época, os barcos com fundo de vidro (conhecidos mundialmente como os glass-bottom boats) continuam fazendo o passeio que é adorado por quase dois séculos (agora por US$ 14 para meia hora, mais US$ 2 para entrar no parque).
Basta embarcar e assistir ao mundo submarino passando sob os seus pés — peixes, algas e até barcos naufragados de povos antigos da região — tudo isso sem receber um pingo de água no corpo.
Tudo bem que dá uma baita vontade de entrar naquelas águas cristalinas e com pureza de 99.8%, mas por ali não é permitido.
Os motivos são três: primeiro, porque é área de aligatores; segundo, porque a atividade principal do lugar é mesmo o passeio no barco com fundo de vidro, e não seria muito seguro ter gente nadando enquanto uma série de barcos navegam para lá e para cá. Terceiro, para proteger a água de poluentes. Ainda assim, dá para ficar mais perto da água alugando caiaques ou stand ups para remar entre muito verde ao longo de uma das maiores nascentes do país.
Já foi até parque temático
Hoje em dia, Silver Springs é parque estadual, com toda a estrutura típica dos parques norte-americanos. Passarelas de madeira para caminhar entre a floresta, centro de visitantes, restaurante, placas explicativas e guias espalhados pelo parque prontos para dar qualquer informação. Mas nem sempre foi assim.
Em 1930, Hollywood descobriu a Silver Springs, e o lugar se tornou então cenário de cerca de vinte produções. Seis filmes do Tarzan, "007 contra o foguete da morte" e o "Monstro da lagoa negra" são alguns exemplos de filmes gravados por lá.
Os bastidores com cartazes, fotos e objetos das gravações estão expostos no completíssimo Silver River Museum, que traz também achados pré-históricos de 12.000 anos, fósseis, objetos dos índios que habitavam a região e até uma canoa de povos nativos.
Se hoje a Silver Springs é um parque muito bem preservado, já chegou a ser até parque de diversões com zoológico e tudo. A ABC Television havia adquirido o lugar em 1962 e fez Silver Springs ficar ainda mais turístico criando ali o Silver Springs National Theme Park e o parque aquático Wild Waters. Shows ao vivo, jungle tour e até áreas com animais como macacos, crocodilos e pássaros tropicais eram algumas das atrações.
Com a popularidade dos parques da Flórida que todo mundo conhece hoje em dia, como os da Disney, Universal e SeaWorld, o Silver Springs foi entrando em decadência. Deixou de ser um parque temático oficialmente em 2013 para ser incorporado ao sistema de parques estaduais como Silver Springs State Park.
A proposta era justamente ser o que ele é hoje: um parque focado só nas maravilhas naturais. E com a vantagem de ser um lugar de paz tão perto dos verdadeiros e agitados parques de diversão.
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