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Como o Réveillon de Copacabana ficou tão famoso? Conheça sua história

A tradicional festa de fim de ano se iniciou com a celebração de cultos afro-brasileiros na praia de Copacabana Imagem: Wikipedia/Julio Guimarães - Riotur

Colaboração para Nossa

31/12/2024 05h30

Celebrada desde os anos 1940, a tradicional festa de Réveillon em Copacabana, no Rio de Janeiro, evoluiu de rituais afro-brasileiros para um evento com fogos e shows, atraindo milhões de pessoas a cada ano.

Praticantes da umbanda e do candomblé reuniam-se na praia para homenagear Iemanjá com oferendas e danças, dando início à tradição que marcaria a virada do ano.

O costume está ligado ao culto dos orixás, especialmente a Iemanjá, divindade africana da tradição iorubá. No Brasil, o sincretismo religioso deu novos contornos a essa figura, como explica o site do Itaú Cultural.

As homenagens a Iemanjá, comemorada em outras datas, se estendem até o Réveillon. Oferendas como flores, perfumes e comidas são oferecidas à Rainha do Mar. A dança e a celebração fazem parte dos cultos.

Antes restritos aos terreiros, os rituais afro-brasileiros passaram a ocupar o espaço público. O escritor Edison Carneiro, em 1968, descreveu as multidões de devotos na praia. Eles vestiam branco, portavam atabaques, flores e oferendas.

A umbanda, religião tipicamente carioca, expandiu as celebrações nas praias. Surgida entre 1920 e 1930, a umbanda mistura candomblé, catolicismo e espiritismo. A migração de negros da Bahia para o Rio contribuiu para a disseminação dessas práticas, segundo escreve a jornalista Sylvia Leite em um artigo do blog Lugares de Memória.

A umbanda tornou-se símbolo da identidade nacional brasileira nas décadas de 1940 e 1950. A religião surgiu em um período de valorização da mestiçagem no país. O samba e figuras como Carmen Miranda também ganharam destaque na época.

Festa foi crescendo

O uso de roupas brancas pelos praticantes influenciou o público. O ritual original, iniciado pelo sacerdote Tata Ti Inkice, atraiu cada vez mais pessoas. Famílias cariocas e pessoas de outras cidades passaram a participar da "gira", o nome dado para os rituais.

No final da década de 1970, começaram as primeiras queimas de fogos mais organizadas. O Hotel Le Méridien iniciou uma cascata de fogos que inspirou outros hotéis. Com o aumento do turismo, a prefeitura assumiu a organização na década de 1990, como lembra a Agência Brasil.

A partir de 1993, a prefeitura passou a promover shows musicais na praia. O show de Rod Stewart, em 1994/1995, atraiu 3,5 milhões de pessoas e entrou para o Guinness Book. Diversos artistas renomados já se apresentaram em Copacabana.

A expansão da festa afastou seus criadores originais. As celebrações religiosas de matriz africana, que ocorriam tradicionalmente no dia 31 de dezembro, foram gradualmente transferidas para o dia 29 e "empurradas" para a região do Mercadão de Madureira.

A fama de Copacabana, com sua calçada e o Copacabana Palace, contribuiu para o sucesso do Réveillon. O bairro, berço da Bossa Nova, sempre foi associado à alegria e descontração. Esse cenário impulsionou a festa.

Como será este ano

O Réveillon de Copacabana deste ano trará 12 minutos de queima de fogos, distribuídos por 10 balsas ao longo da orla, acompanhados de um show de luzes e sonoplastia. A programação musical contará com apresentações de Anitta, Ivete Sangalo, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Xand Avião, com Anitta subindo ao palco logo após os fogos para dar continuidade à celebração.

Para garantir a segurança, a Prefeitura do Rio implementará 17 ruas de acesso com pontos de revista, além de 78 torres de monitoramento da Polícia Militar. A Marinha fiscalizará até 300 embarcações, e seis navios de cruzeiro foram autorizados a acompanhar os fogos. A venda de garrafas de vidro e o cercamento de áreas públicas serão proibidos, assegurando a ordem no evento.

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