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Além de Ben Jor, Copacabana Palace virou moradia de luxo para mais famosos

Moradores famosos do Copacabana Palace Imagem: Ana Cristina Tohme/Arte UOL/Getty Images

Editora de Nossa, do Rio de Janeiro*

08/01/2025 05h30

"Ele é discreto, mas simpático." Em tese, a morada de Jorge Ben Jor no Belmond Copacabana Palace era para ser um segredo entre o artista e a equipe do hotel. Desde 2019, durante toda a pandemia e ainda hoje o cantor pode falar "o Copa é minha casa".

A história se espalhou, o Baile do Ben Jor já se consolidou na agenda do hotel e com certeza ele gera curiosidade nos hóspedes do luxuoso hotel, doidos para trombarem o autor de "Mais Que Nada" e tantos, tantos outros sucessos no Brasil e no mundo.

Jorge Ben Jor na pré-estreia de "Copacabana palace, o musical", no Teatro Copacabana Palace, em agosto de 2023 Imagem: AgNews

Jorge, porém, não é o único famoso a ter escolhido o hotel para mais do que uns dias de luxuosa estadia.

Em um passeio pelo hall da fama, que revela celebridades que já passaram pelo hotel, reformado no centenário, em 2023, é recomendado não pular os códigos QR que posam discretos ao lado de algumas das muitas fotos.

Hall da fama, no mezanino do Belmond Copacabana Palace Imagem: MAURO PIMENTEL / AFP

É aí que você descobre, por exemplo, que Carmem Miranda morou no Copa por quatro meses em 1954, após uma exaustiva turnê internacional e recomendação médica para que descansasse. Após sua saída, os objetos do quarto da "Pequena Notável" foram doados ao museu criado em sua homenagem.

Também no icônico hotel, ainda na época em que se formava o bairro e de praia quase deserta, morou por alguns meses em 1928 o inventor do avião (que nos desculpem os americanos e os irmãos Wright) Santos Dumont. Isso antes de subir a serra e fixar residência em Petrópolis.

Uma curiosidade: no Livro de Ouro, assinado pelas muitas celebridades que passaram pelo hotel centenário, a assinatura do aviador e criador do 14-BIS consta como "Santos = Dumont". Neto de franceses, ele queria deixar claro que sua alma e coração estavam lá e cá. Um tanto na Europa, um tanto em seu amado Brasil.

Assinatura de Santos Dumont no Livro de Ouro do Belmond Copacabana Palace Imagem: MAURO PIMENTEL / AFP

De Zé Carioca a Madonna

No hall da fama e no livro comemorativo do centenário "Copacabana Palace: Onde o Rio Começa", de Francisca Matteoli, vendido no hotel ainda se revelam muitas outras histórias.

Por exemplo, em 1961, a bossa nova foi revelada ao mundo em shows de João Gilberto no Golden Room do hotel. E o passado deste espaço nobre, inaugurado em 1938, já era mais do que estrelado: o "Salão Dourado" recebeu ícones, Edith Piaf, Sammy Davis Jr, Nat King Cole, Ella Fitzgerald, Josephine Baker e Mário Reis.

Em 1941, em uma missão de aproximação entre os governos brasileiro e norte-americano, o Copa recebeu Walt Disney, que esboçou o desenho do Zé Carioca - o papagaio malandro que representava o Brasil na turma liderada por Mickey Mouse - em outro ambiente famosíssimo do hotel: a piscina, construída em 1934.

Wlat Disney no Brasil Imagem: Arquivo Disney

E o Copa também está cravado na biografia de uma das figuras mais celebradas do rock 'n' roll. Também ao lado das águas mais famosas do hotel, Janis Joplin deu uma coletiva de imprensa e nadou seminua no Carnaval de 1970. Após o episódio, foi "convidada a se retirar".

Janis Joplin, em seu "rehab" no Brasil em 1970 Imagem: Acervo Última Hora

Mesmo cenário em que Gisele Bündchen (a modelo mais fotografada do hotel e hóspede cativa do sexto andar) desfilou em 2024. E também onde a atriz norte-americana Jayne Mansfield tomou banho de sol com seu biquíni em 1959.

Nas acomodações, salões e festas do Copa, entre Réveillons (os maiores e mais celebrados do mundo) e Carnavais, que atraem público recorte todos os anos, passaram Pelé (e seu "hemano" Diego Maradona), Xuxa, Brigitte Bardot, Rod Stewart e mais uma infinidade de celebridades do Brasil e do mundo.

Pelé e Maradona durante encontro no hotel Copacabana Palace, em 1979 Imagem: Ricardo Alfieri/Revista Conmebol

Em 1980, o Copa também inspirou a composição de "Pray For Me", de Bob Marley, quando o cantor já diagnosticado com um câncer agressivo pedia aos fãs brasileiros que rezassem por ele em ritmo de bossa-reggae.

Outro hóspede assíduo do hotel é Mick Jagger, que elegeu o Copa como casa todas as vezes em que os Rolling Stones passaram pelo Rio de Janeiro. Em 2006, na ocasião do show gratuito que a banda fez em Copacabana, foi a primeira vez em que era construída uma passarela entre o hotel e a orla.

Isso seria repetido em maio de 2024, para o maior show da carreira de Madonna - que causou comoção no hotel e no sexto andar em sua suíte presidencial com black pool.

Dizem os burburinhos que em 2025 será a vez de Lady Gaga. Se confirmado, ela que se prepare para os biscoitos Globo e o chá-mate que a esperam em um dos quartos no mais carioca dos hotéis.

Imagem: Ana Cristina Tohme/Arte UOL

Ao sabor dos tempos e marés

Desde a sua fundação, em 1923 pelo empresário Octávio Guinle, o Copa acompanhou o curso da história - e viu muito dela acontecer entre suas luxuosas paredes.

O Copacabana Palace em sua abertura Imagem: Arquivo

A própria criação do hotel foi sugestão de Epitácio Pessoa, presidente do Brasil de 1919 a 1922, que queria colocar o Rio no mapa do mundo durante a grande Exposição do Centenário da Independência do Brasil.

Em troca, entre outras vantagens do apoio presidencial, o Copa poderia até mesmo operar um cassino — que funcionou até a proibição do jogo no país em 1946.

Após a compra do terreno na praia de Copacabana, a Avenida Atlântica foi alargada para abrigar o que seria o primeiro grande edifício em Copacabana, até então um bairro de casas e mansões.

Copacabana Palace Imagem: Arquivo

O mármore de Carrara, os cristais da Boêmia, as dificuldades em fazer as fundações e até uma ressaca história em 1922 forçaram o adiamento da inauguração para 13 de agosto de 1923, quase um ano após a Exposição do Centenário.

Mas para a festa de lançamento, o Copa contava com a presença da francesa Mistinguett, a dona das "mais belas pernas do mundo" até então, ainda que proibida de mostrá-las na ocasião.

Mistinguett Imagem: KEYSTONE-FRANCE/Gamma-Rapho via Getty Images

Uma fofoca saudável: a paixão pelo Brasil não era exatamente nova. Anos antes, a vedete mantinha um romance com o engenheiro e diplomata Leopoldo José de Lima e Silva, do Rio e cônsul do Brasil em Paris, e com ele teve um filho, nascido em 1901. Era ele o tal "riche brésilien", entoado em canções de suas apresentações.

Com isso, o Copa nascia com todos os temperos de um sucesso para o mundo.

A obra do arquiteto francês Joseph Gire, inspirada nos hotéis europeus, como o Le Negresco em Nice e o Carlton em Cannes, viu o Rio passar por carnavais lotados de famosos (Baile do Copa sendo um dos eventos mais aguardados depois dos desfiles da Sapucaí), viradas de ano que recebem público recorde e, em 1989, foi reconhecida como Patrimônio Histórico Nacional.

Vista da piscina do Copacabana Palace Imagem: Divulgação

Mesmo ano em que o hotel foi adquirido pelo grupo Orient-Express, hoje Belmond, e passou por várias reformas e revitalizações.

As celebridades mudaram, o glamour se renovou, mas a casa do Jorge Ben não perdeu a majestade.

Imagem: Ana Cristina Tohme/Arte UOL

*A jornalista viajou a convite do Ristorante Hotel Cipriani, no Belmond Copacabana Palace

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