'Não sabia': exigência para entrar no Reino Unido surpreende brasileiros

"Descobri em cima da hora", contou Yasmin Freire Rodrigues Melo, 14. A mãe da adolescente, Maiara, disse que as duas souberam da obrigatoriedade na última semana, quando foram retirar as passagens de ida. É a primeira viagem de Yasmin ao exterior e ela temia que a emissão atrapalhasse a viagem, que ganhou de presente para comemorar os 15 anos.

Quando comentaram comigo, eu pensei 'nossa, vou ter que fazer entrevista ou algo do tipo'. Mas foi bem simples e resolvido na hora, então eu fiquei tranquila. Yasmin Freire Rodrigues Melo

Funcionários de uma companhia aérea disseram que passageiros sem o documento não serão barrados. Pessoas ouvidas pelo UOL no aeroporto afirmaram que a ordem é liberar o embarque, mas orientar que os passageiros peçam a certificação —que é feita pela internet e costuma ter resposta rápida.

É liberado viajar enquanto se espera uma resposta. Essa foi uma decisão tomada para beneficiar quem precisar embarcar em casos de urgência.

A reportagem entrou em contato com a Embaixada do Reino Unido no Brasil para entender o protocolo, mas não teve retorno. Procurada, a Latam Airlines afirmou seguir as "determinações das autoridades competentes sobre exigências de documentação". A British Airways não respondeu.

Documento não libera a permanência no Reino Unido. Passageiros devem passar pela imigração no desembarque como de costume. A criação do ETA é um esforço do governo britânico para digitalizar o sistema de gestão de fronteiras e deve garantir "verificações de segurança mais robustas", conforme o Ministério do Interior.

Emissão é rápida, dizem passageiros

O governo britânico diz que o prazo para emissão é de até três dias úteis, mas passageiros afirmaram ter retorno em horas. "Ficamos sabendo que era obrigatório faltando um mês para a viagem. Mas é bem tranquilo", contou a gerente comercial Elisa Santana, 26, que viajou rumo a Edimburgo, na Escócia, com a mãe e a filha.

"Recebemos em menos de uma hora", relata a administradora Tarcila Policeni, 42. Segundo ela, a emissão não é burocrática. "Achei bem semelhante ao processo de documentação na época da covid, que tinha que fazer para informar se tinha vacina. Como o retorno foi rápido, foi bem tranquilo."

Há relatos de aprovação em minutos. A psicóloga Fernanda Boim Medeiros e Silva, 48, disse que teve retorno em 10 minutos. Ela faz escala em Londres e segue para a Índia com um grupo de amigos. "Em algum momento da organização da viagem um dos componentes disse que ia precisar [do ETA] a partir do dia 8 de janeiro. A gente correu atrás, mas não foi difícil, não é nem impresso."

Como solicitar o ETA?

Solicitação deve ser feita por qualquer pessoa sem nacionalidade britânica e que irá ficar menos de seis meses no país. Prazos maiores do que esse exigem o pedido de visto. Implementação começou em novembro de 2023, para cidadãos do Catar, e termina em abril, quando europeus também precisarão emitir o ETA.

Emissão é online e custa 10 libras esterlinas, cerca de R$ 78. Pedido é feito pelo site ou aplicativos para celular do governo britânico. É preciso indicar e-mail, cadastrar uma forma de pagamento e enviar foto do passaporte e do rosto.

Validade é de dois anos. A resposta chega por e-mail, mas é necessário refazer o processo em caso de troca do passaporte.