Dá para nadar no deserto? No Atacama, destino-desejo do ano, você pode

Quando se pensa em deserto, a última coisa que vem à mente é água. Especialmente no caso do Atacama, no Chile, uma das tendências de viagem para 2025, de acordo com a Booking.com.

Afinal, estamos falando da região mais árida do mundo, com uma média de menos de 5 milímetros de chuva por ano.

Mas uma visita a San Pedro de Atacama, a base principal para explorar a região, mostra que o deserto vai muito além de calor e areia. E que, curiosamente, a água está no centro de muitos dos cenários mais incríveis por lá, como as lagunas cercadas por vulcões e cheias de água (e sal!) que Nossa visitou.

Piedras Rojas

Turistas caminham entre as pedras avermelhadas do salar de Piedras Rojas, no Atacama (Chile)
Turistas caminham entre as pedras avermelhadas do salar de Piedras Rojas, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

Piedras Rojas (Pedras Vermelhas), parte do Salar de Aguas Calientes, não é exatamente uma laguna — na verdade, é um salar. Suas águas cristalinas refletem toda a majestade da paisagem ao redor e criam um cenário de tirar o fôlego.

A região fica a cerca de quatro mil metros de altitude, o que causa alguns inconvenientes físicos. A dificuldade de respirar e o nariz sangrando foram pequenos desafios com que nos deparamos, por exemplo. No fim das contas, no entanto, vale a pena.

O local é famoso pelas pedras vermelhas de onde vem o seu nome. Essas formações rochosas, de um vermelho intenso, ganham sua cor única graças ao alto teor de ferro em sua composição.

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Camada de sal em Piedras Rojas (Atacama) cria uma "névoa" no horizonte
Camada de sal em Piedras Rojas (Atacama) cria uma "névoa" no horizonte Imagem: Lucas Almeida/UOL

Ao redor das águas de Piedras Rojas, uma camada extensa de sal contrasta com o azul das lagoas e o branco da neve que cobria timidamente os vulcões no horizonte. E, mesmo no final de outubro, essa neve estava lá, resistindo firme e forte.

Piedras Rojas fica a cerca de 150 km de San Pedro de Atacama. Não é exatamente logo ali, mas dá pra encarar numa boa com as vans das agências turísticas da cidade.

O caminho é um show à parte, com paisagens incríveis e até a chance de cruzar com algumas vicunhas, as "primas" locais das lhamas. Os passeios rolam todos os dias, mas vale a pena agendar com antecedência para garantir.

Lagunas Altiplânicas

As Lagunas Altiplânicas são um verdadeiro show de natureza: um conjunto de lagoas cercadas por vulcões, montanhas e uma fauna cheia de vida. Elas ficam na região de Antofagasta, dentro da Reserva Nacional Los Flamencos, a uns 100 km de San Pedro.

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Por lá, a água exibe tons de azul que criam um contraste praticamente artístico com a vegetação rasteira e amarelada que é marca registrada das paisagens montanhosas da região.

Laguna Miscanti, no Atacama (Chile)
Laguna Miscanti, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

A primeira é a Laguna Miscanti. Situada a aproximadamente 4.200 metros acima do nível do mar, ela é o local perfeito para admirar a natureza praticamente intocada em sua imensidão e visualizar, de longe, flamingos e patos vivendo nas águas que estariam facilmente em um quadro da fase azul de Picasso.

Após uma breve caminhada, outra laguna: a Miñiques. Apesar de menor, ela não perde em nada para sua vizinha. Nela, chama a atenção as linhas rígidas e retas das montanhas, que descem até o contorno orgânico da água, também colorida com um azul tão intenso que, em retrospecto, parece quase um desenho.

Laguna Miñiques, no Atacama (Chile)
Laguna Miñiques, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL
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Ambas as lagunas são protegidas e regulamentadas, e o acesso é controlado para garantir a conservação do ecossistema frágil. Para apreciar, só de longe mesmo. Isso, porém, não atrapalha em nada a experiência — pelo contrário: ajuda a absorver toda a imensidão do cenário, formado pelo derretimento de geleiras e por aquíferos subterrâneos.

Lá, é ainda mais fácil avistar as vicunhas.

Vicunha correndo pela vegetação em volta da Laguna Miñiques, no Atacama (Chile)
Vicunha correndo pela vegetação em volta da Laguna Miñiques, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

Ojos del Salar

Os Ojos del Salar não são a atração que mais se destaca. Quem passa por eles, pode pensar que são apenas dois grandes buracos com água doce no meio da estrada que leva a outras lagunas, como a Tebinquinche. No entanto, eles têm um grande significado para a comunidade indígena local.

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Um dos Ojos del Salar, no Atacama (Chile)
Um dos Ojos del Salar, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

Na religião de algumas das comunidades originárias da região, os vulcões são as formas físicas que as entidades protetoras tomavam e os Ojos del Salar era o ponto de encontro de dois deuses que eram apaixonados, mas obrigados a viver separados.

Os corpos d'água ficam exatamente entre os dois vulcões que representam as divindades e representam as lágrimas dos amantes desafortunados.

Ótimo point para fotos — a superfície inerte da água cria um reflexo que proporciona ótimos cliques —, hoje, o local é protegido, graças a um brasileiro (provavelmente embriagado) que afundou um carro em uma das lagoas. O veículo permanece lá até hoje.

Turistas tiram foto em um dos Ojos del Salar, no Atacama (Chile)
Turistas tiram foto em um dos Ojos del Salar, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL
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Laguna Tebinquinche

Laguna Tebinquinche, no Atacama (Chile)
Laguna Tebinquinche, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

As camadas de sal, água, rochas e céu que compõem o horizonte na Laguna Tebinquinche dão um toque surreal à paisagem à distância.

De perto, por outro lado, são os detalhes que se destacam: a água extremamente cristalina e os amontoados de sal, que lembram icebergs, unidos ao som do vento forte que sopra por lá, passam uma sensação de paz suave e inigualável.

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Laguna Tebinquinche, no Atacama (Chile), tem águas cristalinas
Laguna Tebinquinche, no Atacama (Chile), tem águas cristalinas Imagem: Lucas Almeida/UOL

De alguns ângulos, a paisagem ganha um toque marítimo: a laguna é tão extensa que a água se perde de vista. A areia e as gaivotas que cruzam o céu do local contribuem para a "ilusão" oceânica, que te faz esquecer que está, na verdade, em um deserto.

Gaivota voa ao redor da Laguna Tebinquinche, no Atacama (Chile)
Gaivota voa ao redor da Laguna Tebinquinche, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

Laguna Piedras

Sim, dá para ir ao deserto e nadar. E o melhor: nadar sem afundar e rodeado pela paisagem emoldurada por vulcões.

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Na Laguna de Piedras, é possível tomar banho na água extremamente salgada do local: a salinidade é de mais de 40%, superior até mesmo ao Mar Morto. No caminho até lá, é possível também ver de perto algumas espécies de flamingos.

Flamingos podem ser vistos no caminho até a Laguna Piedras, no Atacama (Chile)
Flamingos podem ser vistos no caminho até a Laguna Piedras, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

O banho, no entanto, requer um pouco de coragem: a água é bem fria e o vento forte deixa mais difícil manter a temperatura do corpo. Depois de um mergulho (ou uma tentativa de mergulho, já que é literalmente impossível afundar), no entanto, fica mais fácil de se adaptar às condições.

Devido à quantidade de sal, é impossível afundar na Laguna Piedras, no Atacama
Devido à quantidade de sal, é impossível afundar na Laguna Piedras, no Atacama Imagem: Lucas Almeida/UOL

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A quantidade de sal pode causar reações alérgicas em algumas pessoas, mas nada grave — no máximo, uma coceira na pele. É importante também conseguir nadar de boca fechada: engolir só um pouco da água é como tomar, de uma vez, um litro de água de qualquer praia brasileira.

O local onde fica a Laguna de Piedras é bem equipado. Na saída, há um espaço com chuveiros de água doce, que ajudam a tirar a camada de sal que inevitavelmente fica na pele e no cabelo.

A visita à Laguna de Piedras foi a nossa última parada no Chile — literalmente ao pôr do sol do último dia de viagem.

O banho nas águas salgadas coroou a experiência além das paisagens típicas, com areia e sol forte sobre a cabeça. Foram as águas, vivenciadas de formas únicas e diferentes, que tornaram esse lugar tão singular.

*O jornalista viajou a convite da Booking.com

3 comentários

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Ana Resende Quadros

Que reportagem incrível! Me deu vontade de conhecer!

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Industrialjr

Muito boa repotagem  lugar lindo 

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Industrialjr

Muito boa repotagem 

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