Lisboa, Veneza e mais 13 locais para NÃO visitar em 2025, segundo guia

Nem todos os destinos estão de portas abertas para os turistas e o impacto de sua presença, especialmente aos milhares, em locais pequenos, históricos ou de recursos naturais limitados e preciosos.

Por isso, o guia de viagem Fodor entregou a sua tradicional lista anual com as previsões de destinos que é melhor "pular" em 2025, para quem quer sair de férias sem passar aperto — ou encarar a má vontade dos locais. Veja as suas 15 apostas:

Bali, na Indonésia

O crescimento rápido de hotéis e megaestruturas dedicadas a receber os turistas não só têm destruído as paisagens naturais de Bali, como apagado parte de sua herança cultural rica em templos e santuários naturais de imenso valor religioso aos locais.

Apesar de a economia local ainda depender muito da hotelaria e do turismo, as autoridades têm cada vez mais dificuldade em manter o equilíbrio da ilha, que recebe mais de cinco milhões de visitantes ao ano.

O resultado? Lixo em excesso que ainda não é propriamente descartado, qualidade da água costeira caindo, aumento da poluição auditiva e do custo de vida dos moradores. Não é à toa que os balineses andam cansados dos turistas.

Barcelona, Maiorca e ilhas Canárias, na Espanha

Barcelona, Espanha
Barcelona, Espanha Imagem: Getty Images

As principais cidades turísticas europeias sofrem de uma má vontade praticamente crônica de seus residentes em relação aos turistas. Isto porque o excesso deles trouxe transtornos para quem vivia em locais geograficamente pequenos, mas históricos.

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Multidões nas ruas, aumento do custo de vida, infraestrutura incapaz de atender a todos e recursos naturais em escassez, além de o risco de se homogeneizar a cultura local, são alguns dos motivos que transformaram o turismo em uma "ameaça existencial" aos europeus, segundo o Fodor.

Estes três principais destinos espanhóis se tornaram palco de protestos contra turistas nos últimos meses: pichações que "expulsam" os visitantes e ataques aos visitantes com pistolas d'água nas praias.

Veneza, na Itália

Veneza, na Itália
Veneza, na Itália Imagem: MANUEL SILVESTRI/REUTERS

Também frequentemente hiperlotada, Veneza passou a cobrar uma espécie de pedágio (mesmo para pedestres) de seus turistas de bate e volta e a impor um limite ao número de novos visitantes diários. Mesmo com tudo isso, moradores já protestaram até na Piazzale Roma a presença dos muitos visitantes que atrapalham a sua rotina.

Lisboa, em Portugal

A praça do Comércio, em Lisboa, local sempre cheio de turistas
A praça do Comércio, em Lisboa, local sempre cheio de turistas Imagem: Henglein and Steets/Getty Images/Image Source
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Na capital portuguesa, o custo de moradia — e, portanto, o de vida — se tornou insustentável para os moradores devido ao turismo. Estima-se que 60% de todas as residências hoje em Lisboa tenham se tornado casas ou apartamentos para aluguel por temporada, o que reduz as unidades de fato disponíveis para quem quer morar por lá, levando os preços às alturas.

Atualmente, Lisboa é a terceira cidade no mundo menos viável para morar e já perdeu 30% de seus moradores desde 2013, destacou o Fodor. Por isso, turistas não são mais vistos com tão bons olhos pelos lisboetas.

Koh Samui, na Tailândia

Koh Samui
Koh Samui Imagem: Getty Images

A ilha montanhosa no Golfo da Tailândia atrai turistas aos seus resorts e villas de luxo há tempos, mas o interesse deve crescer ainda mais em 2025, quando a nova temporada da série The White Lotus (HBO) situada nas suas paisagens paradisíacas estreia. O problema do aumento de tráfego é o aumento de lixo, que já anda acumulado além do limite no aterro local.

Além disso, potenciais novas construções não regulamentadas para atender o fluxo de visitantes deve impor um impacto ambiental — e uma produção de lixo — ainda maior. As autoridades não têm boas soluções até o momento, especialmente para despoluir a água de Koh Samui, apontou o guia.

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Monte Everest, no Nepal

Congestionamento de alpinistas no Monte Everest em 2019
Congestionamento de alpinistas no Monte Everest em 2019 Imagem: Project Possible/AFP

Montanha sagrada para a comunidade local de sherpas, o Everest já é afetado pelo excesso de turistas que vêm degradando a natureza e até arruinando a experiência de viagem de outros turistas ambientalmente conscientes.

Nos últimos 25 anos, o número de visitantes à montanha mais alta do mundo mais do que dobrou e a trilha até o campo-base mudou drasticamente. Sítios de pequenos agricultores na área se transformaram em casas de chá e hotéis, enquanto os serviços e amenidades geram uma imensidão de lixo e fezes humanas nos percursos até o topo, segundo o Fodor.

Agrigento, na Itália

Templo da Concórdia e a estátua de Ícaro, em Agrigento
Templo da Concórdia e a estátua de Ícaro, em Agrigento Imagem: Getty Images
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Eleita a capital italiana da cultura de 2025, Agrigento ainda não está tão saturada como outras cidades desta lista, mas deverá receber mais turistas este ano — o que pode colocá-la em uma situação precária. A área vem enfrentando uma crise de abastecimento de água nos últimos anos, que pode ser agravada com o excesso de pessoas por lá.

Seus sítios arqueológicos e outros pontos culturais — o Vale dos Templos — estão rodeados por uma paisagem agrícola que também pode ser fortemente impactada por secas e até prejudicar a manutenção das estruturas históricas, alertou o guia.

Ilhas Virgens Britânicas

Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas
Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas Imagem: Getty Images

Cruzeiros têm mantido os dólares que deveriam chegar através do turismo bem longe das mãos dos moradores das Ilhas Virgens Britânicas, que recebem um grande fluxo de visitantes, mas não lucram com as empreitadas promovidas por empresas estrangeiras. Já aqueles que ficam nos resorts das ilhas, e que realmente gastam nos negócios locais, são a minoria dos turistas que visitam o arquipélago.

Por isso, os residentes hoje não veem o turismo com bons olhos, segundo o Fodor, já que as melhorias de desenvolvimento e infraestrutura prometidas no plano turístico nos últimos 13 anos nunca chegaram. O impacto ambiental dos cruzeiros também já é sentido por lá.

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Kerala, na Índia

Kerala
Kerala Imagem: Reprodução/India Times

O crescimento desenfreado do turismo aumentou os desastres naturais em Kerala, com construções irregulares para atender os visitantes obstruindo o fluxo natural de água em determinadas regiões e causando deslizamentos de terra. Quase 60% dos 3.782 deslizamentos ocorridos na Índia entre 2015 e 2022 aconteceram neste estado.

Nos últimos anos, vilarejos foram inundados de visitantes sob a desculpa de ecoturismo de aventura, mas esta expansão ocorreu exatamente na Área Ecologicamente Sensível, designada a ser protegida pelo governo local. Portanto, é melhor repensar a visita e deixar Kerala se recuperar.

Kyoto e Tóquio, no Japão

Pagode Yasaka e a rua Sannen Zaka, em Kyoto, no Japão
Pagode Yasaka e a rua Sannen Zaka, em Kyoto, no Japão Imagem: Getty Images
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Tóquio e Kyoto também lidam com os efeitos do turismo excessivo, que causa aumento de preços de serviços para os residentes, além da degradação de espaços e tradições. Kyoto já tenta proteger um de seus patrimônios históricos, as gueixas, dos encontros com turistas — agora proibidos de entrarem nos becos do bairro onde elas circulam por causa do assédio às mulheres, fotografadas o tempo todo.

Além disso, as cidades sofrem com o "inchaço" do número de pessoas usando sua infraestrutura e já faltam funcionários em serviços básicos como enfermagem, serviços de alimentação e construção civil.

Oaxaca, no México

Playa Zipolite, Oaxaca, no México
Playa Zipolite, Oaxaca, no México Imagem: Lily Tousignant/Getty Images/iStockphoto

O turismo se tornou predatório em Oaxaca, especialmente após a pandemia, já que muitos americanos se refugiaram por lá durante os tempos de covid-19. Como consequência de a indústria turística ter crescido 77% em menos de cinco anos, muitos mexicanos já não conseguem se manter mais vivendo ali.

O inglês substitui, aos poucos, o espanhol nas ruas e a população nativa reclama que sua cultura e costumes têm sido comercializados, além de o ambiente ser degradado.

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A infraestrutura da área também não consegue suportar o fluxo repentino de gente nova por ali e, com recursos cada vez mais centralizados para compensar o turismo, pequenos agricultores e os servidores públicos sofrem, apontou o Fodor. Nas ruas, os graffiti já anunciam "eu odeio gringos".

North Coast 500, na Escócia

Estradas estreitas, e com circulação nos dois sentidos, são bastante comuns na North Coast 500
Estradas estreitas, e com circulação nos dois sentidos, são bastante comuns na North Coast 500 Imagem: Rafael Mosna/UOL

Extremamente popular na Escócia, esta rota turística realizada de carro ameaçou o meio ambiente e se tornou uma fonte de queixas recorrentes das comunidades locais. "Acampar em barracas ou motorhomes são alguns dos jeitos mais populares para turistas explorarem a NC500, mas a falta de estrutura adequada de acampamentos, banheiros e descarte de lixo químico em áreas designadas está causando problemas ao longo da rota", aponta o guia.

"Acampamento em praias, acostamentos e até em propriedades privadas se tornou comum e os moradores relatam encontrar rastros de queimadas, lixo, grelhas descartáveis e até fezes humanas nos locais", diz ainda o texto. Portanto, quem vai encontra perrengues — e pouca receptividade dos escoceses.

41 comentários

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Claudio Blume

Todos pedem chuva, mas poucos estão dispostos a pisar na lama. Muitas dessas cidades, viram no turismo, a fórmula para aumentar a receita e, assim, o incentivaram, mas esqueceram de aprimorar a infraestrutura local. Saturou e, o que era alegria, se tornou infortúnio. De lado outro, o que se nota é o efeito prático do crescimento populacional do mundo, da facilitação dos meios de transporte e da selvageria humana, onde muitos daqueles que são visitantes, não se importam com os residentes locais, não colaboram com a manutenção do local visitado, o que gera um efeito predatório e contribui com a repulsa àqueles que apreciam a diversidade cultural de outros povos. A regra é simples: não faça aos outros o que não quer que façam com você. Inegavelmente, se sentir estranho em sua própria cidade ou, pior, vê-la sendo degradada, não atrai nenhuma simpatia. Empatia é via de mão dupla.

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Amauri dos Santos Teixeira

Essa reportagem é uma estupidez. Por que destinos tão procurados são considerados ruins? São visitados por serem lugares atraentes, alguns muito seguros, e com ótima infraestrutura para o turismo. A justificativa para evitar Lisboa, por exemplo, é patética. Os preços na capital.portuguesa são infinitamente menores do que na maioria das cidades europeias, o clima é excelente, ótimos hotéis, gastronomia incrível. Não visitar Lisboa a turismo porque o preço dos imóveis está alto? Piada. 

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Maria Isabel dos Santos Ferreira

Que artigo mais superficial. E ainda tiveram a coragem de citar duas cidades na Itália e não mencionar Roma, que em 2025 celebra o Jubileu e espera 35 MILHÕES A MAIS DE TURISTAS nesse ano. Esse aqui só choveu no molhado sem considerar as especificidades do ano em si.

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