Nada de mate com limão: agora é o chope a sensação nas areias de Copacabana
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É que "no Rio tem mulata e futebol. Cerveja, chope gelado, muita praia e muito sol?". Se o clássico funk dos anos 90 ganhasse uma versão atual, certamente os MC's incluiriam o endereço — não do baile, mas do trabalho — de Maryana da Silva, 23.
A moradora de Bangu transformou um tonel numa bomba de gasolina vintage e incluiu no vasto cardápio das areias de Copacabana uma cerveja artesanal leve e refrescante, ideia inovadora na cidade.
"Moro no Rio há 45 anos e é a primeira vez que eu vejo algo assim. Carioca que quer trabalhar, é só ter boa vontade. Está de parabéns, viu?", elogia a cearense Inês Maia, 60, enquanto saboreia o chope artesanal da paranaense Colina numa tarde de sábado de outono que teimava em ser verão.

Até outubro do ano passado, Maryana preparava drinques num quiosque na Barra da Tijuca, também zona oeste. O pai, o segurança Fabiano Martins, 47, quem lhe apresentou o mundo cervejeiro. "É a pessoa com quem eu mais bebo na vida", ela conta.
As conversas entre pai e filha durante os goles deram origem ao negócio:
Toda vez que o meu pai está com um copo de cerveja na mão, ele fala sobre o legado que a gente tem que deixar, como ser uma pessoa boa.
Daí veio o nome da marca: Nosso Legado.
Ar-condicionado ligado o dia inteiro
Exceto às quartas e em dias chuvosos, o frequentador de Copacabana que fica entre os postos 4 e 6 agora tem o combo completo: dá para fazer bronzeamento artificial tomando mate com limão, comendo biscoito Globo, açaí, picolé, queijo coalho, quentinhas, milho e agora, tomando chope gelado sem precisar se levantar.

O sucesso foi tão grande que até os concorrentes aprovaram: "Por ser mulher, eu tive medo da reação das pessoas, de os barraqueiros implicarem comigo, mas me surpreendi. Eles me ajudam e todo mundo se respeita", comemora Maryana, que também atua em eventos, de aniversários a casamento, e agora quer criar uma franquia.
Embora seja uma novidade nas praias cariocas, o formato já existe: durante suas pesquisas, ela achou o modelo de bomba de gasolina sendo usado pelo Nordeste, e por aqui a carioca deu seu toque. O tonel comporta até 50 litros, mas a bebida dura, no máximo, três dias após aberta, para manter a qualidade. Solução? "O chope dorme no ar-condicionado", entrega a vendedora.
Em Ipanema não tem isso?

A alguns quilômetros dali, outras praias já começam a perder pontos no ranking das preferências por conta da novidade. "Ai, esse barril é lindo. Costumo ficar na praia de Ipanema, mas não tem nada. Aqui está muito mais atrativo. Agora com o chope, passarei a vir mais", confessa a costureira Janis Faria, 25, após tomar dois copos em menos de uma hora, com o Pão de Açúcar a sua frente.
A dona de casa Áurea Cristina, 50, concorda: "Estou experimentando agora e é uma novidade que vale a pena."
...no Texas também não

Visitando o Brasil com a namorada, o pesquisador americano Blake Robinson, 31, amou a refrescância da bebida. "Quando você está na praia, não espera que esteja gelada", observa o texano, claramente sem experiência praiana.
Incrível como aqui tudo o que você precisa passa bem na sua frente, admira-se.
Como já disse Vinícius de Moraes: ninguém é carioca em vão.
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