Topo

Espanha repudia alertas de viagem britânicos e alemães "discriminatórios"

O turismo representa 12,3% do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol e 12,7% dos empregos, disse o escritório de estatísticas INE com base em dados de 2018 - Getty Images/iStockphoto
O turismo representa 12,3% do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol e 12,7% dos empregos, disse o escritório de estatísticas INE com base em dados de 2018 Imagem: Getty Images/iStockphoto

Ingrid Melander e Inti Landauro

Da Reuters

28/07/2020 13h43

A Espanha expressou revolta nesta terça-feira com as recomendações do Reino Unido e da Alemanha para que seus cidadãos evitem as ilhas e praias espanholas, por causa de um aumento de casos de coronavírus durante o que deveria ser o auge da temporada turística.

Vendo as recomendações se somarem a uma ordem de quarentena do Reino Unido a viajantes que voltam do país, a Espanha, que depende dos veranistas do norte europeu para seu setor turístico, sofreu um golpe duro em suas esperanças de reativar a economia.

O turismo representa 12,3% do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol e 12,7% dos empregos, disse o escritório de estatísticas INE com base em dados de 2018. O país perdeu 1 milhão de empregos entre abril e junho, o maior declínio trimestral de sua história.

"É muito injusto, porque não se baseia em nenhum critério sanitário", argumentou Francina Armengol, chefe da importante região turística das Ilhas Baleares, à rádio Cadena Ser a respeito das recomendações de viagem.

A região de Aragón disse que as restrições são "discriminatórias" e pediu que a ministra das Relações Exteriores, Arancha González Laya, faça uma queixa formal.

A decisão britânica não tem explicação lógica, disse Armengol, acrescentando que a taxa de contágio do arquipélago é menor do que a do Reino Unido.

Seus comentários estão em linha com os do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que na segunda-feira disse que é um erro o Reino Unido ter considerado a taxa geral de coronavírus espanhola ao invés de usar uma abordagem regional.

Mas Londres não recuou, dizendo que manterá a quarentena repentina anunciada no sábado e sua decisão mais recente de segunda-feira de estender um alerta que desaconselha viagens à Espanha continental e às Ilhas Baleares e Canárias.

O premiê britânico, Boris Johnson, disse nesta terça-feira que o Reino Unido imporá quarentenas a outros países caso as infecções de Covid-19 aumentem.

Os britânicos compõem o maior grupo de turistas estrangeiros na Espanha —cerca de 18 milhões deles a visitaram no ano passado, pouco mais de um quinto do total.

O ministro Simon Clarke disse que o governo britânico discordou da avaliação de Sánchez sobre a desproporcionalidade da quarentena sobre viajantes de toda a Espanha e que a decisão foi tomada de boa fé.

A Espanha registrou 278.782 casos de coronavírus e 28.434 mortes até agora, mas a taxa de infecção varia muito de região para região.

(Por Nathan Allen, Inti Landauro, Belén Carreño, Emma Pinedo, Clara-Laeila Laudette, Joan Faus, Ingrid Melander em Madri, Sarah Young, Paul Sandle e Guy Faulconbridge em Londres e Maria Sheahan em Berlim).