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Abertura de pontos turísticos, restaurantes e escolas: Europa entra na fase 2 do fim da quarentena

Segurança usa acessório para medir temperatura de cliente entrando em loja em Milão, na Itália - Mairo Cinquetti/NurPhoto via Getty Images
Segurança usa acessório para medir temperatura de cliente entrando em loja em Milão, na Itália Imagem: Mairo Cinquetti/NurPhoto via Getty Images

Da RFI

18/05/2020 13h45

Os italianos podem voltar a degustar o café expresso nos bares, os gregos a passear pela Acrópole e mais alunos franceses retornaram à escolas. Alguns países europeus iniciaram nesta segunda-feira (18) uma nova etapa do relaxamento da quarentena.

À espera de um medicamento ou de uma vacina, os governos europeus tentam relançar as economias asfixiadas pelas semanas de confinamento impostas na tentativa de barrar a propagação do coronavírus.

Na Itália, um dos países mais castigados pela Covid-19, com cerca de 32 mil mortos, a população pode retomar o hábito de beber um cafezinho nas terraças. Os italianos, que entram nesta segunda-feira na fase 2 da flexibilização da quarentena, observam uma tímida reabertura do comércio, bares e restaurantes.

A exemplo da Itália, outros países também ensaiam nesta segunda-feira a retomada das atividades em alguns setores. Na Baviera, sudeste da Alemanha, os famosos biergarten - cervejarias ao ar livre - voltaram a funcionar. Em Portugal, Dinamarca e Irlanda, bares e restaurantes também reabrem.

Itália foca no turismo

A Basílica de São Pedro, no Vaticano, acolheu nesta manhã os primeiros fiéis e turistas. Mas, para isso, todo cuidado é pouco: a recomendação é utilizar máscara, lavar as mãos com frequência e, ao entrar nas igrejas, até mesmo a temperatura dos frequentadores está sendo medida.

Em Veneza, as célebres gôndolas voltaram a navegar timidamente pelos canais da cidade, levando raros passageiros. Dentro das embarcações, também é necessário respeitar a distância mínima obrigatória: os assentos que precisam ficar vagos estão sinalizados com fitas adesivas.

Em 3 de junho, no entanto, essa calmaria deve começar a se transformar. A partir desta data, a Itália vai voltar a receber turistas originários da União Europeia. A decisão foi anunciada pelo governo no fim de semana.

Reabertura da Acrópole

Debaixo de um calor de 30°C, um dos monumentos mais emblemáticos da Antiguidade, a Acrópole de Atenas reabriu nesta segunda-feira, após dois meses de fechamento dos sítios arqueológicos gregos. Nas primeiras horas, foram raros os frequentadores do templo de Partenon, dando a impressão aos turistas de estarem realizando uma visita privada.

A reabertura foi comemorada pelas autoridades gregas. A própria ministra da Cultura, Lina Mendoni, foi ao local, utilizando uma máscara. Para ela, esse é "um dia excepcional pra a Grécia". Extremamente dependente do turismo, em tempos de Covid-19, o slogan do setor foi transformado do tradicional "Heritage first" (patrimônio em primeiro lugar) para "Security first" (segurança em primeiro lugar).

A partir desta segunda-feira, as visitas ao local serão reduzidas a duas mil pessoas por dia, a metade da média diária habitual. Para entrar no espaço da Acrópole, todos deverão higienizar as mãos, utilizar máscaras e respeitar a distância de segurança indicada no chão. "Com as medidas de segurança necessárias, poderemos novamente honrar nossos ancestrais", afirmou a presidente grega, Katerina Sakellaropoulou.

Volta às aulas na França e Bélgica

Na França, depois do primeiro fim de semana após o relaxamento da quarentena, hoje foi a vez dos alunos de algumas séries do ensino fundamental voltarem às aulas nas regiões menos afetadas pelo coronavírus. No total, 185 mil crianças retomaram as atividades escolares, depois de uma primeira etapa na semana passada.

Para evitar que uma segunda onda da Covid-19 antinja o país, todo um protocolo de segurança é colocado em prática, como o uso obrigatório de máscara, higienização frequente das mãos e a distância física entre as carteiras escolares: uma nova rotina "um tanto impressionante" para os alunos, avalia o professor de História e Geografia Florent Lucas. "Eles não podem mudar de sala, não tem mais recreio, mas é uma questão de hábito, eles vão se acostumar rápido", avalia.

Embora muitas crianças tenham testemunhado a estranheza das novas medidas, muitos comemoraram o reencontro com os amigos. "Posso finalmente ver e falar com os colegas, estudar com a ajuda dos professores", diz o aluno Christian-Pierre, da 6a série, para quem as aulas on-line, durante a quarentena, foram "um pouco complicadas".

No entanto, nas chamadas "zonas vermelhas", onde o vírus ainda circula ativamente, as escolas precisarão esperar o final de maio para saber se poderão recomeçar as atividades. Até lá, os estabelecimentos de ensino da região parisiense, nordeste, parte do norte e leste da França permanecerão fechados.

A segunda-feira também foi de retomada dos estudos na Bélgica. Paul Leblanc, inspetor de uma escola do Ensino Médio em Ixelles, perto de Bruxelas, acolheu os estudantes em um clima de Star Wars. "É uma volta às aulas de mascarados", brincou.

A "nova realidade" dos espanhóis

Novas regiões da Espanha iniciaram nesta segunda-feira o relaxamento gradual do confinamento, o que já é uma realidade para 70% dos espanhóis. É o caso de Granada e Málaga, em Andaluzia (sul), Toledo (centro) e Valência (leste), que começam a sair da quarentena com uma semana de atraso em relação ao resto do país.

No entanto, Madri e Barcelona - as áreas mais atingidas pelo coronavírus - permanecem confinadas. Como a capital, grande parte da região vizinha de Castilla y León e Barcelona, capital da Catalunha, não passaram para a fase 1, que permite, entre outras coisas, a abertura de terraços para bares e restaurantes e reuniões de no máximo dez pessoas.

Para limitar o impacto econômico, o governo relaxou as condições dessas áreas ainda na "fase 0" e permite que pequenas empresas atendam aos clientes sem hora marcada a partir desta segunda-feira.

Na capital, o executivo regional de direita mostrou irritação com a decisão do governo central. No fim de semana, centenas de pessoas saíram às ruas de vários bairros de Madri para exigir a renúncia do primeiro-ministro Pedro Sánchez.

Mas o premiê recebe também apoio de parte da população. "Acho coerente ir pouco a pouco, é preciso ter cautela", disse Manuel Moreno, 40 anos, trabalhador em uma casa de repouso para idosos, um tipo de estabelecimento que sofreu particularmente com a pandemia. "A economia precisa ser reativada, mas se as pessoas vissem o que passamos, não seriam tão egoístas", disse.

Cerca de 70% dos espanhóis iniciaram o desconfinamento progressivo em três fases que o governo planeja encerrar no final de junho. Com mais de 27.600 mortes e 231.000 casos relatados, a Espanha é um dos países mais afetados pelo coronavírus no mundo.