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Catedral de Notre-Dame de Paris deve ser reconstruída de forma idêntica

Catedral de Notre-Dame, em Paris - GuidoR/Creative Commons
Catedral de Notre-Dame, em Paris Imagem: GuidoR/Creative Commons

09/07/2020 15h42

Mais de um ano após o incêndio que destruiu parcialmente a catedral de Notre-Dame de Paris, a nova ministra da Cultura francesa, Roselyne Bachelot, afirmou hoje que existe um "amplo consenso" para reconstruir a agulha da igreja "de forma idêntica" ao projeto que pegou fogo, em 15 de abril de 2019.

A declaração foi feita após reunião do comitê consultivo escalado para tratar desse assunto. Parece que "um amplo consenso está surgindo na opinião pública e nos tomadores de decisão - já que, no final, será o presidente da República que decidirá - pela reconstrução idêntica", disse Bachelot à rádio France Inter, acrescentando que "é sempre difícil dizer exatamente igual", mas no mesmo "espírito da flecha" anterior.

Um dos principais projetos do quinquênio de Emmanuel Macron, o canteiro de obras da Notre-Dame de Paris passa por uma reavaliação. Após o incêndio, o presidente da República prometeu que a catedral seria reconstruída em cinco anos.

Um dos símbolos da capital francesa, a Catedral de Notre-Dame teve seus trabalhos de restauração interrompidos em várias ocasiões, por diversos motivos como: as chuvas, o risco de contaminação por chumbo e a epidemia de Covid-19. As obras foram finalmente retomadas no fim de abril. Apesar do atraso, os parlamentares responsáveis pelo acompanhamento da lei que permite a restauração da catedral permanecem otimistas.

O monumento mais visitado da França deve estar fora de perigo até o final de 2020 e os prazos deverão ser cumpridos, com a reabertura de cultos e abertura para visitantes, em 2024.

Obras mais caras

No entanto, se o impacto da pandemia de coronavírus na duração do trabalho pode ter consequências limitadas, o orçamento para a primeira fase da construção deve ser revisto e aumentado, de acordo com Brigitte Kuster, presidente da comissão de investigação responsável por monitorar a obra.

"O que já se pode dizer é que o orçamento de implementação das obras aumentou significativamente. Estimado no verão passado em 85 milhões de euros para o período até o verão de 2020, o valor considerado agora para as obras está em 165 milhões, por dois anos," afirma.

Uma diferença que quase corresponde aos 190 milhões de euros em doações já pagos às várias fundações, dos 833 milhões que foram prometidos. Outro ponto sensível é o do modelo da reconstrução, uma vez que o presidente Emmanuel Macron havia mencionado a possibilidade de um projeto arquitetônico contemporâneo.

Ideias ousadas para o monumento foram pensadas e apresentadas por escritórios de arquitetura do mundo inteiro. O brasileiro Alexandre Fantozzi, por exemplo, designer do AJ6 Studio, foi um dos primeiros a publicar uma proposta de restauração, que transformaria todo o telhado da construção em uma estrutura de vitrais.

Entretanto, Brigitte Kuster acredita que uma tendência está surgindo entre os especialistas. "De fato, após o tempo dos diagnósticos sobre o estado dos pilares e abóbodas do teto, chegará o momento da restauração. Embora o assunto pareça controverso na imprensa, deve-se reconhecer que, entre os entrevistados pela missão de investigação, a reconstrução idêntica prevaleceu quase por unanimidade," afirmou.