Alemanha quer testes de covid-19 para quem chegar de áreas de risco
Críticos apontam possível sobrecarga para aeroportos e consequências para a indústria do turismo na Alemanha, já abalada pelos efeitos da pandemia.
O governo da Alemanha anunciou nesta segunda-feira (27/07) a introdução de testes obrigatórios do novo coronavírus para todos os que retornarem ao país vindos de áreas consideradas de risco.
A medida visa tentar deter uma segunda onda de Covid-19 após a recente multiplicação de casos da doença atribuída, em parte, a turistas que voltam das férias. Ela deve entrar em vigor na próxima semana.
O teste deverá ser obrigatório para todos os que retornarem de um país considerado de risco, a partir de uma lista do Instituto Robert Koch (RKI), órgão alemão de controle e prevenção de doenças infecciosas.
Atualmente, essa relação, que inclui o Brasil, contém cerca de 130 países. Quase todos eles são de fora da União Europeia. Uma exceção é Luxemburgo.
O exame de coronavírus já vem sendo oferecido gratuitamente desde este último fim de semana em alguns aeroportos alemães, incluindo Frankfurt, principal porta de entrada para o país.
Quarentena obrigatória
O teste pode ser feito gratuitamente por todos os viajantes. Mas ele é sobretudo uma alternativa para quem chega de regiões de risco. Esses passageiros são atualmente obrigados a se submeter a duas semanas de quarentena após a chegada, caso não apresentem um teste negativo para Covid-19 realizado nas últimas 48 horas.
A medida vem sendo alvo de críticas, porque muitos dos que são testados positivo tem retornado de países que não são considerados de risco, mas onde tem sido constatada uma disseminação localizada de Covid-19, como é atualmente o caso de dois destinos populares entre os alemães: Áustria e Espanha.
O governo alemão afirma que vai atualizar diariamente a listagem de regiões de risco e que novos países, incluindo europeus, podem passar a fazer parte dela.
Outro ponto que ainda não está claro é como essa medida será implementada em estações de trem e nas estradas. Luxemburgo consta atualmente como região de risco e faz fronteira com a Alemanha - muitos alemães utilizam carro ou trem para chegar ao país.
Alguns críticos também apontam para uma possível sobrecarga dos aeroportos e as consequências para a indústria do turismo, já tão abalada pelos efeitos da pandemia.
Outro ponto questionado por representantes da classe médica é que os testes não detectam uma infecção caso o paciente tenha sido contaminado no dia anterior, por exemplo.
Temor de uma segunda onda
O governo alemão teme uma possível segunda onda de Covid-19. Nos últimos sete dias, o país registrou 3.786 novos casos. Isso equivale a um terço a mais que na semana anterior, quando foram reportadas 2.860 novas infecções.
Só na quinta passada foram apontados 815 novos casos, um registro diário visto pela última vez em meados de junho, quando a doença se disseminou entre funcionários de um frigorífico alemão. A diferença é que desta vez não há um foco localizado responsável pela alta, o que pode ser um indicativo da chegada de uma chamada segunda onda.
Por outro lado, alguns analistas advertem que a alta pode ser atribuída a um aumento do número de testes. Caso isso seja verdade, o retorno de milhares de pessoas das férias de verão nas próximas semanas deve contribuir para uma nova elevação dos números da Covid-19 na Alemanha.
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