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Brasil faz Portugal entrar na lista de viajantes proibidos de entrada no Reino Unido

As restrições para quem passa por esta lista de 16 países são temporárias. Mas não se descarta estendê-las para outros lugares, em função de novas variantes do vírus que continuam sendo identificadas - Reprodução/RFI
As restrições para quem passa por esta lista de 16 países são temporárias. Mas não se descarta estendê-las para outros lugares, em função de novas variantes do vírus que continuam sendo identificadas Imagem: Reprodução/RFI

Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

15/01/2021 09h10

A partir desta sexta-feira (15), o Reino Unido impedirá a entrada em seu território de passageiros que tenham estado no Brasil - e em outras 15 nações - nos dez dias anteriores à viagem. A medida foi decretada pela descoberta de uma nova cepa do coronavírus no Brasil, que tem sido chamada de variante brasileira, e pelos números recordes de contaminações dentro do território britânico. Apesar de estar sob um terceiro lockdown há duas semanas, o Reino Unido ainda não apresentou queda no número de novos casos de Covid-19.

Os britânicos estão às voltas com uma variante local do coronavírus, identificada por cientistas em meados de dezembro do ano passado, com potencial de contaminação 70% mais alto.

Por esta razão, mais de 50 países já haviam fechado as fronteiras para os passageiros britânicos. O Brasil é um deles. Nacionais do Reino Unido não podiam voar para o território brasileiro há algumas semanas, o que já tinha levado as companhias aéreas a suspenderem os voos diretos entre os dois países. Estrangeiros e brasileiros que queriam vir para o Reino Unido já vinham fazendo conexões em outros lugares.

As autoridades britânicas ainda passarão a cobrar testes de Covid-19 de todos os viajantes internacionais que chegarem ao país a partir da próxima segunda-feira (18).

Viajantes que tiverem passado por Brasil, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela e Portugal não poderão entrar no território britânico. Algumas exceções estão previstas.

Nacionais britânicos e irlandeses, ou estrangeiros residentes no Reino Unido, poderão desembarcar no país, mas estarão sujeitos a uma quarentena de dez dias. Segundo as autoridades britânicas, Portugal só está entrando nessa lista por conta das suas ligações próximas com o Brasil. Quanto à cobrança do teste de Covid-19 de passageiros internacionais, essa é uma exigência que vários outros países já vinham fazendo há mais tempo. O Reino Unido, não. Mas o governo vinha sofrendo pressões para fazê-lo.

As restrições aos integrantes dessa lista de 16 países são temporárias. Mas não se descarta estendê-las para outras nações, em função de novas variantes do novo coronavírus que continuam sendo identificadas. Desde o dia 24 de dezembro, os voos para a África do Sul já haviam sido suspensos pelo Reino Unido, diante de outra cepa encontrada no país.

Muitos voos têm sido cancelados, o que deve criar problemas até para os residentes. A Norwegian Airlines, que tinha laçando um voo Londres-Rio de Janeiro, há dois anos, acaba de anunciar que não fará mais voos de longa distância, incluindo nesta rota.

A variante brasileira, identificada, em princípio, no estado do Amazonas, ainda está em estudo. O maior temor neste momento é que venha a ser outra versão de alto contágio, como a britânica se confirmou.

Vacinação ainda não tem impacto sobre contaminações no Reino Unido

O Reino Unido já aplicou a primeira dose da vacina em mais de três milhões pessoas. A população tem 66 milhões de habitantes. Ainda assim, medidas extremas continuam em estudo pelo governo para tentar conter o vírus, que o secretário de Saúde, Matt Hancock, disse há alguns dias ter saído do controle.

O país tem batido recordes de infecções e mortes. Os números oficiais estimam em mais de 83 mil óbitos desde o início da epidemia. Mas cálculos feitos pela mídia local com base em estatísticas de mais de um órgão do governo apontam para 100 mil. É de longe a nação mais afetada da Europa.

Os hospitais britânicos nunca tiveram tantos pacientes internados com a Covid-19. O governo sabe que os números tendem a piorar nos próximos dias, já que os óbitos acompanham semanas depois os novos casos registrados. Não bastasse a pressão da pandemia sobre os hospitais, estima-se em cerca de 4,5 milhões os tratamentos suspensos na rede pública de saúde por conta da Covid-19. Esses números são de novembro de 2020 e também são um recorde.

A pandemia e o Brexit - com o tumulto de caminhões presos na fronteira - deixam cada mais evidente a sensação de que aqui se vive numa ilha.