Alta de casos de cepa inglesa faz Itália manter estações de esqui fechadas
O novo governo italiano liderado pelo primeiro-ministro Mario Draghi segue por enquanto os passos da administração anterior no que diz respeito à emergência sanitária provocada pela pandemia da Covid-19. Por isso, Draghi não mexeu na pasta da Saúde, mantendo como ministro Roberto Speranza. A Itália não baixa a guarda contra o coronavírus e agora a grande preocupação são as novas cepas.
O total de infecções da cepa inglesa considerada mais contagiosa e letal já representa quase 20% dos casos italianos. A estatística levou o ministro Speranza a tomar uma decisão muito impopular: fechar todas as estações de esqui até 5 de março.
Com o fechamento das pistas na neve, o governo deverá garantir uma indenização aos estabelecimentos que no auge do inverno não poderão funcionar. Todos os anos, o setor movimenta cerca de 50 milhões de euros.
Voos do Brasil retomados
As cepas sul-africana e brasileira também preocupam as autoridades sanitárias italianas. Os voos do Brasil para a Itália foram retomados, mas somente brasileiros com residência fixa na Itália podem retornar ao país. Para outros motivos, as viagens entre Brasil e Itália seguem proibidas até 5 de março.
Além disso, antes de embarcar é preciso apresentar um exame negativo para a Covid e ao chegar à Itália respeitar o confinamento de 14 dias, com um teste final. A mesma medida ainda introduz a obrigatoriedade de exame e isolamento para os viajantes provenientes da Áustria onde a cepa sul-africana está se disseminando rapidamente.
Campanha de vacinação
Além do atraso na entrega das doses por parte das indústrias farmacêuticas, outro fator que tem provocado dificuldade na campanha de vacinação italiana é a falta de pessoal. Dos cerca de 20 mil profissionais de saúde que responderam ao apelo do governo em dezembro, ainda estão sendo selecionados 13 mil entre médicos e enfermeiros.
Desde o dia 27 de dezembro, data que marcou o início da campanha de vacinação na Europa, a Itália vacinou somente 1,2 milhões de pessoas, com quase 3 milhões de doses aplicadas.
Os primeiros a receber a vacina foram os profissionais de saúde e os idosos acima de 80 anos. Contudo, especialistas já pediram uma "aceleração drástica" na campanha de vacinação, já que as novas cepas poderiam comprometer a capacidade de imunização das vacinas presentes no mercado.
Assim como já acontece em Roma, onde uma ala inteira do Aeroporto Leonardo Da Vinci foi transformada em posto de vacinação, com a ajuda do Exército e da Defesa Civil, o governo pretende ampliar os locais de imunização em todo o país.
A Itália utiliza sobretudo a vacina Pfizer/BioNTech, seguida por AstraZeneca e Moderna. O desenvolvimento da vacina italiana produzida pela ReiThera superou a primeira fase de testes.
Risco de novo lockdown
A ideia de um novo confinamento generalizado não está descartada, mas ainda não se sabe qual é a posição do novo primeiro-ministro Mario Draghi. Ele ainda aguarda o voto de confiança do parlamento para começar a governar efetivamente.
De fato, no dia 5 de março expira o último decreto do antigo governo com as atuais determinações contra o vírus. Caberá a Draghi definir se continuará pela mesma estrada ou se vai propor uma nova alternativa à Itália.
Enquanto esteve no comando do país, o ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte lutou o máximo que pôde para evitar um novo bloqueio nacional. Contudo, nos corredores do governo fala-se em isolar completamente cidades onde as novas cepas estão circulando com mais intensidade. Atualmente, estão proibidos os deslocamentos entre regiões sem necessidade comprovada.
O uso de máscara segue obrigatório, inclusive para quem já foi vacinado. Desde o início da pandemia, a Itália já registrou quase 3 milhões de casos confirmados, 93 mil mortos e quase 400 mil pessoas seguem positivas ao vírus no país.
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