Brasileiros driblam pandemia e movimentam setor da gastronomia em Portugal
A pandemia de covid-19 castigou o setor da gastronomia em Portugal, mas empreendedores brasileiros radicados no país abusam da criatividade e propõem serviços diferenciados.
"Empreender logo no começo da pandemia e ainda mais nesta seara da restauração foi de fato uma manobra muito arriscada mas uma manobra de oportunidade", diz o empresário paulista Moises Pozzi, que abriu a hamburgueria de carne biológica e à base de plantas, "Green Burguer", em 2020 em Lisboa.
"Acredito que tenha dado certo porque conseguimos criar um conceito muito direcionado para o cenário que ia se apresentar, um cenário totalmente adverso, de reclusão, em que as pessoas e empresas naturalmente iriam para casa se confinar em virtude do vírus", acrescenta.
Quem também encontrou na pandemia uma possibilidade de negócio na gastronomia foi Carlos Henrique Júnior. Há quatro anos morando em Portugal, o carioca criou a "Creperia Lisboa", um serviço de entrega de crepes no final de 2020.
"A pandemia, além de ter sido um incentivador para eu começar o meu negócio, ajudou no sentido das pessoas estarem em casa mais tempo e com isso estarem mais ligadas às redes sociais onde eu concentro mais o meu marketing. Elas pedem mais comida em casa e isso colabora bastante com a minha área de atuação", explica.
Segundo Júnior, a resposta do consumidor está sendo muito positiva. "Estamos sempre lançando novos sabores, novas massas e a aceitação tem sido além das nossas expectativas. Não contava com essa resposta tão rápida!", comemora.
Catering virtual
Antes do início da epidemia de Covid-19 em Portugal, a chef Larissa Abbud, criou a empresa de catering "Larissa Cozinha". Mas, diante da falta de eventos em 2020, se viu obrigada a encontrar outras soluções para manter o negócio. Foi assim que decidiu fornecer "caixas gourmets" com menus personalizados para eventos corporativos virtuais.
"As empresas começaram a fazer muitos eventos virtuais e a gente olhou muito para esta oportunidade. Ao promover eventos virtuais, precisa-se de comidas que cheguem à estes eventos. E foi assim que surgiu o nosso serviço das 'boxes'", explica.
As empresas começaram a aderir ao serviço proposto por Larissa. Rapidamente o negócio cresceu e parece ter vindo pra ficar. "Começamos a entender que o evento virtual passou a ser uma experiência palpável. Os colaboradores recebem na sua casa a caixa cheia de sabores, quase como se fosse um presente. Montamos os menus de acordo como o tipo de evento. É um grande sucesso no mundo corporativo!", diz.
Quem também precisou se reinventar foi Maiara Benevides Righi, fundadora da "Madre Coxinha", que descobriu uma oportunidade de crescimento com a epidemia. "Eu já tinha um calendário cheio para 2020 e de repente fui pega de surpresa, sem saber pra onde correr. Tinha feito um grande investimento de maquinário que veio importado do Brasil com capacidade de produzir quatro mil mini coxinhas por hora e que chegou em março do ano passado, justamente quando entramos em lockdwon em Portugal. Foi então que decidi divulgar pequenos packs de mini coxinhas para o meu cliente em casa. As pessoas começaram a comprar muito e foi isso que me salvou", explica.
Os packs de mini coxinhas criados durante a epidemia em Portugal são o carro-chefe da empresa e já estão sendo enviados até para fora do país. "Foi uma grande surpresa a recepção dos clientes e o volume de venda. Já estamos vendendo até em Barcelona. A pandemia me trouxe esta luz. Em momentos de crise, a gente tem que se reinventar caso o contrário o negócio morre junto."
Conexão através da gastronomia
A pandemia também veio para impulsionar o projeto da empresária Jacky Marini, que se juntou a outras duas luso-brasileiras, Cacau Martins e Daniela Novaretti, para criar a startup "Sous-Chef Experience". As três mulheres encontraram sua conexão na gastronomia e no desejo de fazer chegar à casa do consumidor produtos associados à chefs e a pequenos produtores.
"Pedir comida em casa ficou muito mais em evidência. Eu digo que mudou o comportamento cultural do consumo. Hoje o consumo se faz muito mais através do delivery e das redes sociais e esse é um ponto muito positivo para o nosso formato de negócio", explica a empresária.
Apesar dos tempos difíceis que vieram com a crise sanitária, Jacky está otimista. "Quando se fala em dificuldade, eu penso em lockdown, pois nos deixa com muitas limitações, até mesmo de saber como será o dia seguinte. Mas não falo isso com tristeza pois esse é um momento de reflexão. Estes desafios nos fazem querer continuar", comenta.
Levy Gasparian, já tinha o projeto da pizzaria em andamento quando a epidemia chegou e ele teve que se adaptar à nova realidade para manter o negócio. "Eu e o meu sócio Roberto estamos fazendo o delivery pessoalmente, não tem uma equipe fazendo isso. Desta forma, a gente consegue fazer com que, pelo menos, a engrenagem siga rodando", afirma.
O empresário brasileiro ressalta que as dificuldades econômicas que enfrenta não o desmotivou. "A empresa está sofrendo muito com este lockdown. Cada passo do 'desconfinamento' requer um ajuste da nossa parte, mas não há espaço para desânimo. Quando a gente abriu, sabíamos que era um um momento complicado e que todo o nosso esforço seria afetado pela pandemia, mas acreditamos no nosso produto e sabemos que o resultado disso virá com o tempo", conclui Levy.
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