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Reino Unido deve estender proibição de viagens ao exterior até junho

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Imagem: Getty Images

Vivian Oswald

Correspondente da RFI em Londres

24/03/2021 09h23

Enquanto se prepara para dar início a um processo gradual de suspensão de seu terceiro lockdown em um ano, o Reino Unido deve anunciar nos próximos dias novas restrições para viagens ao exterior. Férias, por enquanto, continuam proibidas.

Os números de contaminações caíram nas últimas semanas, os de mortes também. A campanha vacinação no Reino Unido segue acelerada, mas as incertezas dentro e fora do país, com a distribuição desigual de vacinas pelo mundo e o surgimento de novas variantes do coronavírus, são inúmeras. Por esta razão, o governo evita se comprometer com um calendário de mais longo prazo para o fim do confinamento.

Mais de 28 milhões de pessoas já tomaram pelo menos um dose de imunizante. Trata-se de mais de 50% da população adulta, que o governo garante que será vacinada integralmente até o final de julho.

Dados oficiais indicam que o número de óbitos semanal na Inglaterra e no País de Gales é o mais baixo desde outubro de 2020. No entanto, a terceira onda de contaminações na Europa, onde países como Itália, França e Alemanha anunciaram novos lockdowns, e a redução nos estoques de vacinas a partir de abril, a ideia é evitar que as pessoas saiam em viagens ao exterior imediatamente. A não ser que por uma razão muito forte, que estará prevista em uma nova lei a ser aprovada nos próximos dias.

Em princípio, as tão aguardadas viagens de férias só seriam liberadas em junho. A multa para quem desobedecer é de cinco mil libras, ou quase R$ 38 mil. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, diz que espera anunciar mais detalhes sobre esta questão no dia 5 de abril.

Quarentena em hotéis

A ameaça de variantes estrangeiras será monitorada com medidas restritivas nas fronteiras. Neste momento, passageiros que chegam no Reino Unido a partir de 34 países, entre eles o Brasil, só podem desembarcar se forem cidadãos britânicos ou tiverem direito de residência. Ainda assim, são submetidos a um período de 12 dias de quarentena em hotéis designados pelo governo.

A chamada "lista vermelha", está em constante reavaliação. Não está descartada a possiblidade de a França ser incluída nela.

O ritmo de reabertura da economia tem sido questionado pela população, críticos do governo e gente do próprio Partido Conservador do primeiro-ministro. Mas o cálculo dentro da equipe de Johnson é que a população não aguentaria outro lockdown. Por isso, a ideia é flexibilizar o atual com o máximo cuidado, para não ser preciso voltar atrás. Desde o início da pandemia, o premiê é acusado de ter demorado a agir.

Protestos contra as medidas sanitárias

Nas últimas semanas, cresceram os protestos contra as medidas de distanciamento social e o confinamento. Neste fim de semana, em Bristol, uma manifestação contra a reação da polícia a protestos acabou em violência e prisões. O movimento foi desencadeado após o grande ato realizado em Londres depois a morte da jovem Sarah Everard por um policial.

Ao saírem às ruas da capital, as pessoas foram recebidas por uma reação considerada exagerada por parte da polícia, que, por sua vez, não sabia exatamente como lidar com movimentos semelhantes em plena pandemia. Não por acaso, entre as novas regras de restrição, o governo pretende isentar as manifestações pacíficas do conceito de aglomeração.

O primeiro-ministro diz que "vacina por vacina, o país caminha para a retomada da liberdade". Mas os próprios médicos que aconselham o governo reiteraram que "é difícil imaginar a erradicação do vírus por completo" e voltaram inclusive a falar em uma terceira dose de reforço do imunizante no terceiro trimestre de 2021, ou seja, durante o outono no Hemisfério Norte.

Na terça-feira (23), em todo o país, observou-se um minuto de silêncio em homenagem aos mais 126 mil mortos pela covid-19, que devem ser homenageados com um monumento.