França suspende voos com o Brasil para evitar propagação de variante da covid
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, anunciou nesta terça-feira (13) que a França suspenderá, "até nova ordem", todos os voos com Brasil. O objetivo principal é impedir a propagação da variante do coronavírus originária de Manaus, conhecida como P1.
"Constatamos um agravamento da situação e decidimos suspender até a nova ordem todos os voos entre o Brasil e a França", anunciou o premiê francês diante dos deputados na Assembleia Nacional do país. Castex também classificou como "absolutamente dramática" a situação no Brasil e lembrou que o país "é o que mais utiliza a hidroxicloroquina".
O governo francês vinha sendo pressionado há dias pela oposição e pela classe médica, que criticaram na imprensa e nas redes sociais a falta de controle na chegada dos passageiros vindos do Brasil. Diante da enxurrada de críticas, Castex se defendeu, lembrando que todos os viajantes até então estavam apresentando um teste PCR negativo à covid-19 e se isolando durante dez dias.
Ainda minoritária na França, a chamada "P1", a variante do coronavírus originária de Manaus, mais contagiosa e perigosa, está preocupando especialistas, diante da degradação sanitária no Brasil. A inação do governo brasileiro diante aos recordes diários de mortes é frequentemente destaque na imprensa francesa, que chegou a classificar o país como "uma ameaça ao mundo".
"No início, pode parecer trivial, depois pode aumentar muito rapidamente", comentou o epidemiologista Antoine Flahault, da Universidade de Genebra, no jornal Le Parisien. Segundo ele, apesar de a cepa britânica ser atualmente predominante no território francês e nos países europeus, uma mutação vinda do Brasil pode comprometer as campanhas de vacinação na Europa.
Medida "absolutamente necessária"
"O fechamento das fronteiras é útil e absolutamente necessário e não vejo como, num momento em que confinamos os franceses, ainda mantemos essa ligação aérea", afirmou à RFI o líder da bancada dos Republicanos (direita) na Assembleia Nacional, Damien Abad.
Jordan Bardella, número 2 do partido de extrema direita Reunião Nacional, afirmou nesta manhã que o governo francês estava permitindo a entrada de cerca de mil passageiros por semana vindos do Brasil. "Depois de tudo o que nosso país viveu, e enquanto ainda continuamos confinando os franceses, como essa loucura ainda é possível?", questionou, em entrevista à Franceinfo.
O secretário nacional do Partido Comunista, Fabien Roussel, defendeu na TV Cnews "medidas de fechamento de fronteiras ou de isolamento" de viajantes originários do Brasil, por exemplo, colocando-os "15 dias no hotel, como se faz em outros países".
Questionado sobre o assunto, o ministro francês encarregado dos Transportes Jean-Baptiste Djebbari, explicou na segunda-feira (12) que a França havia "mantido algumas linhas" com o Brasil, mas com um protocolo de saúde "reforçado" para chegadas da ordem de "50 por dia" - contra 50.000 por semana antes da pandemia.
Ele também afirmou que a França era, até então, obrigada a manter as conexões aéreas com o Brasil, segundo um parecer do Conselho de Estado, instância que avalia o cumprimento da Constituição. "O Conselho de Estado nos disse que cidadãos franceses e residentes na França, em nome da liberdade de circulação, devem poder continuar a ir e vir, o que não foi o caso de Portugal ou de outros países", explicou.
Terceira onda da covid-19
Com mais de 99.000 mortos e quase 6.000 pacientes em unidades de terapia intensiva, a França ainda sofre com a terceira onda de coronavírus. Os balanços sobre a pandemia não mostram melhora, deixando em aberto a questão sobre um relaxamento das restrições.
No entanto, o presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu uma reabertura gradual e controlada das áreas externas de cafés e restaurantes e de certos locais culturais a partir de meados de maio.
Uma primeira etapa importante de flexibilização está prevista para 26 de abril, com o retorno às aulas para as crianças até o quarto ano do ensino fundamental, após três semanas de fechamento das escolas.
Os franceses cumprem atualmente o terceiro lockdown nacional desde o início da pandemia de covid-19 e devem ficar em casa durante as férias escolares de duas semanas que começaram no último fim de semana. Além de estar impedida de circular entre as diferentes regiões do país, a população obedece também a um toque de recolher das 19h às 6h, na esperança de conter a propagação do coronavírus.
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