Depois de três anos parado, trem noturno Paris-Nice volta a circular
O trem noturno Paris-Nice volta a funcionar na noite desta quinta-feira (20) após mais de três anos sem circular. O governo francês faz deste relançamento uma vitrine, pois espera criar nos próximos anos uma dúzia de linhas noturnas, como existe em toda a Europa.
Num dos beliches deste trem inaugural dormirá um passageiro de honra, apaixonado por trens: o primeiro-ministro francês Jean Castex, que fará a viagem com o CEO da SNCF, a companhia francesa de trens. Com partida da estação Austerlitz, em Paris, às 20h52, e chegada às 9h11 da sexta-feira (21) na Côte d'Azur, o trem noturno faz o trajeto em seis horas a mais do que o trem de alta velocidade.
Previsto para o dia 16 de abril e depois adiado devido à crise sanitária, este lançamento tenta atrair a atenção do público para "destacar um meio de transporte virtuoso que contribui para a abertura dos territórios. Nice é ultraconectada para as classes mais altas, mas menos para estudantes e outros ", sublinhou a comitiva do primeiro-ministro.
O trem Intercités Paris-Nice, cuja operação foi encerrada em dezembro de 2017 por falta de rentabilidade, ligará Paris-Austerlitz e Nice-Ville todos os dias e em ambas as direções, com seis paradas incluindo Marselha, Toulon e Cannes.
Os bilhetes estão disponíveis a partir de 19 euros (aproximadamente R$ 123) em poltrona reclinável, 29 euros em poltrona de segunda classe (R$ 187) e 39 euros (R$ 251) em poltrona de primeira classe.
Segundo a SCNF, "os primeiros trens estão cheios, o que confirma o interesse dos franceses por este meio de transporte ecológico e econômico, que responde também à vontade de viajar de forma diferente e a ritmos diferentes".
O uso de máscara continua a ser obrigatório, e a ocupação dos compartimentos-leito é limitada a quatro passageiros em vez de seis na segunda classe, deitadas de um jeito em que as cabeças fiquem em posições opostas, "para maximizar as distâncias entre os viajantes", disse a SNCF.
Trem Azul
Com esta fuga noturna de 1.088 quilômetros em sua agenda, Jean Castex quer destacar uma "rápida realização do plano de estímulo francês", que destina ? 5,3 bilhões ao setor ferroviário, incluindo ? 100 milhões para trens noturnos. O governo também quer relançar o Paris-Tarbes no final do ano.
Num futuro imediato, o Paris-Nice partirá com sete dos vagões que em seguida vão para Briançon (na região Hautes-Alpes), uma ligação atualmente encerrada para obras.
O primeiro-ministro também quer insistir na "dimensão ecológica" destas viagens em beliche ou poltrona reclinável, como alternativa ao avião nestas longas distâncias.
Após a parada no final de 2017 do Paris-Nice, herdeiro do prestigiado Train bleu (Trem Azul), lançado em 1886, foi aberto, sem sucesso, um convite à manifestação de interesse para encontrar um comprador para a linha.
A linha relançada hoje pode ser o primeiro de uma nova série de trajetos noturnos. "Minha ambição é ter cerca de dez trens noturnos em 2030", disse o ministro dos Transportes, Jean-Baptiste Djebbari, em janeiro.
Não havia mais - excluindo interrupções ligadas à pandemia ou às obras - do que duas linhas de trem noturno na França, de Paris a Briançon, e de Paris a Rodez, Cerbère e Latour-de-Carol (Pirineus Orientais). Os trens dessas linhas sobreviventes devem ser totalmente renovados até 2023, por ? 44 milhões.
Exemplo da Áustria
Linhas noturnas Dijon-Marselha, Bordeaux-Marselha, Paris-Toulouse e Tours-Lyon também podem sair do papel, de acordo com um relatório do governo publicado na terça-feira. Talvez as linhas sejam sazonais. Também estão previstas ligações com grandes cidades estrangeiras.
Os relatores tomam como modelo o sucesso da empresa austríaca ÖBB com a criação de uma rede real (Viena-Amsterdã ou Munique-Roma, entre outras).
Ao todo, seriam necessários 600 trens, a um preço estimado de 924 milhões euros, além de 60 locomotivas, por um valor total de 1,45 bilhão de euros.
O coletivo "Sim ao trem noturno" saudou o regresso do Paris-Nice, apelando ao governo que "se comprometa sem demora a libertar os fundos necessários para a revitalização dos trens noturnos", com encomendas de novos trens.
A Rede de Ação Climática, por seu lado, especificou que é "a partir de agora" que as decisões políticas têm de ser tomadas": ainda vai demorar entre cinco a sete anos até que esta rede surja", sublinhou a associação.
(Com informações da AFP)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.