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Covid-19: governo britânico aposta na retomada do turismo para dinamizar economia

Reino Unido - iStockphotos
Reino Unido Imagem: iStockphotos

Vivian Oswald

da RFI, em Londres

10/08/2021 09h33

Quase um ano e meio depois do primeiro dos três lockdowns no Reino Unido, Londres ensaia uma volta à normalidade. Turistas começam a preencher os vazios e a frequentar os cartões postais da capital. Mas este ainda está longe de ser um verão como outro qualquer na terceira cidade mais visitada do mundo. A previsão é de que a capital britânica receba este ano apenas um terço dos visitantes registrados em 2019, antes da pandemia de Covid-19. 

Um dos museus mais visitados de Londres, a National Gallery não mediu esforços para trazer o público de volta, nem que seja do lado de fora. Espalhou réplicas de grandes obras pela praça Trafalgar e criou bem em frente à entrada principal, onde artistas de rua costumavam passar o dia cercados por curiosos, um espaço com 50 cavaletes para que os passantes se lancem em aulas gratuitas de pintura ao ar livre.

Para participar, basta reservar pela internet. Os modelos são cópias de quadros famosos do acervo do museu ou a imagem refletida em espelho dos próprios alunos, que podem se arriscar em um autorretrato. Funcionários do museu coordenam as atividades, ao lado do café temporário montado ao ar livre.

A Royal Academy of Arts também apostou no ressurgimento da cidade. Cinco artistas da instituição estão por trás das das pinturas nas faixas de pedestres e nas bandeiras suspensas pelas ruas de Picadilly.

Há mais bicicletas e patinetes de aluguel do que nunca na cidade, que também dedica mais espaço para quem for usá-los. Os ônibus dos passeios turísticos voltaram a circular com mais gente. Os teatros funcionam com capacidade total. Restaurantes, bares e pubs também estão totalmente abertos. Muitos locais vão retomando o trabalho presencial e povoando centro.

Tudo isso dá um certo ar de normalidade à vida londrina. Mas, para quem conhece, a Londres ainda não é a mesma. A estimativa é de que o número de turistas cresça 2% em relação a 2020. No entanto, eles ainda serão só um terço dos visitantes registrados em 2019, antes da pandemia.

De acordo com relatório do Centro para Pesquisa de Economia e Negócios (CEBR, na sigla em inglês), isso pode significar uma perda de receitas para o país de 11 bilhões de libras (quase R$ 80 bilhões) para uma indústria que responde por 10% dos postos de trabalho no país. Deste total, cerca de sete bilhões de libras, ou pouco mais de R$ 50 bilhões, dizem respeito apenas à cidade de Londres.

Turistas autorizados

Por enquanto, podem entrar no Reino Unido turistas dos países que estão na lista verde, para os quais não há restrições, e na amarela, onde estão Estados Unidos e a maior parte da União Europeia (desde que estejam duplamente vacinados).

O país criou um sistema de classificação de risco de contaminação para as outras nações que funciona como um sinal de trânsito. O Brasil ainda está na lista vermelha.

Tudo isso criou uma espécie de alento para os setor. Não por acaso as ações das principais companhias aéreas britânicas subiram até 7% na semana passada. Mas essas mesmas empresas se queixam de que as medidas estão muito aquém do seria necessário para evitar novas perdas esse ano.

Luta contra a pandemia continua

Quase 75% da população britânica já está totalmente imunizada, enquanto cerca de 90% recebeu uma dose da vacina. Ainda assim, com a dominância da variante Delta, que é mais contagiosa, os novos casos registrados no país se mantém acima de 27 por dia, com alta de 5%.

Já o número de óbitos chegou a uma média de 87 na última semana, quase 15% a mais do que na semana anterior. Mas bem abaixo de quando os casos cresciam neste ritmo antes vacinação. Já as internações caíram 16% no mesmo período.