Conheça o maior teleférico do mundo e a incrível vista aérea de La Paz
"El Alto" forma uma teia de aranha gigante, cujas dez linhas ligam as duas cidades distantes 21 quilômetros. O maior teleférico do mundo é alimentado por energia limpa e oferece a seus visitantes uma paisagem única da capital boliviana, com direito a percurso artístico.
É a mais longa e mais alta rede de teleféricos do mundo. São 31 km de comprimento, divididos em dez linhas diferentes, cada uma com sua cor, conectando estrategicamente os bairros de La Paz à cidade de El Alto.
O transporte público aéreo é considerado seguro e confortável. "Nunca tive medo de subir, desde o primeiro momento. Já fui até El Alto durante uma tempestade, na chuva, porque La Paz é assim, mas eu confio no teleférico", diz Bárbara Iñiguez, uma usuária deste serviço.
O arquiteto Teddy Aguirre, gerente de projeto da empresa estatal Mi Teleférico, diz que este tipo de transporte é mais seguro do que o realizado em metrôs, trens, carros ou ônibus.
Dentro da cabine, você sente que o equipamento não se move muito rápido. A velocidade média fica entre 18 e 21 km por hora. No entanto, devido aos frequentes engarrafamentos na cidade, o teleférico é mais rápido que um ônibus ou mesmo um táxi. Ao menos é o que diz Rosmery de Peredo:
É um meio de transporte confortável. Muitos dizem que é lento, mas eu sinto que é rápido, mais direto e que é uma coisa maravilhosa que La Paz tem".
Para Franz Durán, o teleférico é ideal para a topografia de La Paz, cheia de montanhas e com um vale no meio.
"Eu acho que é mais difícil para os habitantes viajarem a partir das colinas, não é mesmo? Mas com isto é possível percorrer distâncias maiores e se aproximar de lugares mais distantes", considera.
Dezenas de milhares de passageiros por semana
Desde maio de 2014, quando iniciou suas operações, a teia de aranha gigante já transportou quase cinco milhões de passageiros. Por causa da pandemia de coronavírus, o tráfego caiu, mas aos poucos volta ao normal.
"Atualmente há cerca de 20.000 passageiros usando os teleféricos por semana. O número era muito maior antes da pandemia, tínhamos entre 30 a 35.000 passageiros por semana", detalha o arquiteto Teddy Aguirre.
O objetivo é que a Mi Teleférico cresça ainda mais, abrindo outras 15 linhas nos próximos anos para integrar-se ao sistema municipal de ônibus das duas cidades.
Atualmente, mais de 60% do transporte público em La Paz é fornecido por uma rede de micro-ônibus sindicalizados.
Ecologia e turismo
Comparado aos transportes terrestres, o teleférico apresenta outra vantagem: o uso de energia limpa. "A cabine, o funcionamento das portas, das câmeras, sua iluminação e tudo o que está no seu interior funciona com energia solar", explica Aguirre.
Por enquanto, apenas as estações ainda não funcionam com energia solar. Mas este é um dos projetos: a implementação de painéis solares nos telhados das estações.
Conforme ganhou fama, o maior teleférico do mundo passou a ser também um atrativo turístico da capital boliviana. Olhar a cidade de La Paz das alturas é uma experiência singular, que expõe os contrastes socioeconômicos existentes conforme as zonas da cidade.
As casas de tijolos parecem penduradas nas colinas, desafiando a gravidade ou querendo subir em direção ao céu, como diz Elena Inofuentes.
Há um momento em que ele sobe quase perpendicularmente e, é claro, estamos mais perto do céu. De repente, chegamos em El Alto".
El Alto fica a 4.000 metros de altitude em relação ao mar.
Centralidade urbana e cultura
O teleférico de La Paz custou quase US$ 700 milhões (cerca de R$ 3,9 bilhões). Os críticos dizem que foi caro, em comparação com os teleféricos de outros países. A empresa responsável diz que isso se justifica pelo sistema de vigilância interna e externa e pela infraestrutura criada em torno das estações, que se tornam uma nova espécie de centro do bairro.
"As estações são projetadas nesse sentido, ou seja, tornam-se centralidades, podemos ter bancos, podemos ter supermercados, podemos ter praças de alimentação, podemos ter atividades que são alternativas para o cidadão", cita Aguirre.
A linha vermelha, que foi uma estação de trem histórica, propõe uma oferta gastronômica dentro de antigas cabines de trem, criando uma atmosfera de outrora. Este é também o cenário ideal para apresentações artísticas.
Danças típicas como a Diablada e a Morenada foram projetadas na fachada da antiga estação ferroviária em uma apresentação de luzes e música.
"Deselitizando a arte"
A Mi Teleférico tem um acordo para operar em suas instalações o Centro da Revolução Cultural, um dos braços da Fundação do Banco Central, que promove um conceito mais amplo do que é a cultura.
O objetivo é "deselitizar a arte, deselitizar a forma como a cultura é vista, quem é culto, quem não é, e como ela se abre à possibilidade da diversidade cultural como um aspecto fundamental, que está sendo constantemente recriado e dinamizado, e há muita criatividade no meio", explica David Aruquipa, da Fundação do Banco Central.
A partir deste conceito, foi criado o Parque de las Culturas y de la Madre Tierra da Linha Vermelha, que possui vários teatros e promove encontros culturais, artísticos e sociais. Recentemente, houve um encontro artístico musical entre a Bolívia e o México, na festa dos mortos.
"A compreensão da vida e da morte de nossos povos indígenas para nossas sociedades contemporâneas é sempre baseada nestes elementos de música, dança e criação. Foi construída uma ponte entre a Bolívia e o México para poder entender isto como uma ação cultural contemporânea, que continua a nos revitalizar e provocar", comenta Aruquipa, sobre uma das últimas viagens culturais feitas pelos usuários deste transporte aéreo.
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