Exposição na França mostra influência da moda nas pinturas no século 18 e vice-versa
As pinturas do século 18 na França foram um importante meio de difusão de informação entre as elites e um documento inestimável sobre o desenvolvimento da moda e dos modos.
O Museu de Belas Artes de Dijon traz uma grande exposição sobre a influência da moda nas pinturas desse período e vice-versa. Dijon é a capital da Borgonha, umas das regiões vinícolas e gastronômicas mais importantes da França.
"A ideia foi criar interferências entre as artes visuais e as roupas para mostrar que essas duas áreas estavam intimamente ligadas", explica Sandrine Champion-Balan, curadora da exposição "Na moda, a arte de aparecer no século 18". "A moda se nutre das artes, os artistas são eles próprios criadores e desenhistas de moda. O objetivo foi, portanto, cruzar esses dois campos e é essa a originalidade desta exposição", completa.
A mostra reúne mais de 140 peças, entre quadros originais, objetos e vestimentas de várias outras instituições, como o Palácio Galliera, Museu da Moda da Cidade de Paris, museu de tecidos de Lyon e de Belas Artes de várias cidades. A oportunidade é especial, sabendo-se que peças têxteis e documentos em papel entrarão na reserva no final da exposição - sendo que para cada mês de exposição, os objetos vão ficar um ano sem poder ser exibidos.
A primeira parte da extensa exposição traz uma análise sobre a importância da moda e do retrato. Os quadros são produto de uma época de ascensões sociais ligadas ao comércio e à nobreza, ou seja, uma verdadeira língua entre as elites.
Os primórdios dos grandes estilistas
Em seguida, a mostra traz o requinte da confecção e tecidos da época. Documentos mostram os primórdios dos grandes estilistas de hoje. Na época, uma peça importante eram as marchandes, as mercadoras, mulheres que eram a ponte entre fornecedores e costureiras e alfaiates. Bordados, rendas, sedas e tafetás fazem parte do cotidiano da elite.
A exposição em Dijon também adentra no mundo da fantasia dos pintores, que retratavam pastoras ou mulheres desprevenidas com vestidos vaporosos e insinuantes. Dessa época vem também o negligée e a robe de chambre, usados a princípio na intimidade dos lares, mas que acabaram indo também para as pinturas, usadas tanto por homens quanto por mulheres.
Uma vez expostos, os vestidos eram copiados e alguns viraram ícones, como o vestido de veludo vermelho da rainha Maria, mulher de Luis 15. "A rainha Maria estipula, explicitamente, que quer ser representada sem uma vestimenta real, portanto em 'roupa citadina'", diz Sandrine Champion-Balan.
"De fato, nada no quadro indica se tratar de uma rainha. A única pista é a flor de lis, símbolo da realeza, que aparece no encosto de onde a rainha está sentada", destaca.
"O quadro vai ter um imenso sucesso no salão de 1748 e o vestido vai ser muito copiado, existem pelo menos uma dezena de versões em pinturas. É verdade que é um belo vestido, de veludo vermelho, com pele e renda. O vestido vai se tornar icônico, ditando moda. Podemos ver na exposição o vestido reproduzido em um quadro 13 anos depois, por um outro artista e uma outra modelo. Ou seja, é um vestido tão célebre quanto a rainha", completa a curadora.
A exposição "Na moda, a arte de aparecer no século 18" fica em cartaz no museu de Belas Artes de Dijon, até 22 de agosto de 2022.
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