Air France é criticada por descumprimento de protocolos de segurança
A autoridade francesa responsável pela investigação de acidentes aéreos publicou na terça-feira (23) um importante relatório destacando a recorrência de incidentes em que as regras de segurança foram ignoradas pelas tripulações da Air France.
O relatório do Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês) se mostrou preocupado com "certa cultura estabelecida entre algumas tripulações da Air France que favorece uma tendência de subestimar a contribuição de uma aplicação rigorosa de procedimentos de segurança" e apela à companhia aérea francesa para que coloque o cumprimento dos procedimentos no centro da cultura de segurança da empresa.
O BEA se apoia em um incidente ocorrido em 31 de dezembro de 2020 durante um voo entre Brazzaville, no Congo, e Paris a bordo de um Airbus A330. Um vazamento de combustível detectado em altitude de cruzeiro levou a tripulação a desviar sua rota para o aeroporto de N'Djamena (Chade), mas sem observar o procedimento de segurança "Fuel Leak", que prevê o corte do motor no lado do vazamento.
"O corte do motor foi omitido intencionalmente pela tripulação", observa o relatório. "Esta decisão criou assim um risco significativo de incêndio e levou a uma importante redução da margem de segurança do voo, tendo o incêndio sido evitado por acaso", continua o BEA.
"Improvisar diante do imprevisível"
O BEA cita, por exemplo, um duplo incidente em 28 e 30 de março de 2017 quando uma mesma tripulação subiu muito rápido em um voo. Em 12 de setembro de 2020, um Airbus A318 "dispensou procedimentos operacionais para conseguir uma rápida chegada à pista de Paris-Orly". "Durante a aproximação final, a tripulação tinha pouquíssimos recursos para lidar com um possível imprevisto", insiste o BEA.
O escritório de investigação se questiona sobre certas frases que aparecem no manual de operação dos pilotos da Air France, como: "sabe desviar-se dos procedimentos em consulta com a tripulação quando a segurança o exige" ou "improvisar diante do imprevisível para obter o mais seguro resultado".
"O BEA considera que a Air France deve colocar o cumprimento dos procedimentos de volta no centro da cultura de segurança da empresa", aconselha o escritório de investigação. A Air France garantiu à AFP que irá considerar todas as recomendações do relatório, especificando que algumas já foram implementadas.
A empresa se compromete, por exemplo, a "fornecer aos pilotos ferramentas que lhes permitam reproduzir e analisar seus voos" conforme recomendado pelo BEA. A Air France também afirma que dentro de alguns meses será iniciada uma auditoria "em toda a companhia" para "concluir, se necessário, algumas análises deste relatório".
(Com informações da AFP)
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