Segundo dia de greve na TAP gera preocupação com período de festas de fim de ano
A greve de dois dias da tripulação de cabine da TAP, iniciada na quinta-feira (8), continua a causar transtornos, principalmente para aqueles passageiros que não estavam informados sobre os cancelamentos e só descobriram a mudança de última hora, no aeroporto. Empresas do setor do turismo estão preocupadas com novas paralisações, especialmente no período das festas de fim de ano.
A companhia portuguesa enviou notificações com antecedência para os passageiros sobre o cancelamento de 360 voos. Este número representa a metade das partidas que estavam previstas nestes dois dias, segundo a a TAP. Mas nem todos receberam as advertências, em especial os que estavam já no exterior e não tinham o telefone habilitado.
Um serviço mínimo está garantido e os passageiros beneficiados estão podendo embarcar. Para aqueles que tiveram o voo cancelado, as opções são receber reembolso da passagem ou remarcar a data sem custos adicionais.
Os grevistas protestam contra cortes salariais, num contexto de inflação alta na Europa, e o aumento dos horários de trabalho. As negociações para um novo acordo entre a TAP e os tripulantes fracassaram até o momento, mas devem prosseguir, conforme anteciparam a direção da companhia e o Sindicato Nacional do Pessoal da Aviação Civil. Outras paralisações podem acontecer em janeiro, caso houver fracasso nas negociações.
O empresário brasileiro Bruno Costa, dono da agência CBR Tours, de Lisboa, disse à reportagem da RFI que tinha passageiros em voos nas datas de 8 e 9 de dezembro. "Mas como a greve foi previamente anunciada e a companhia ofereceu a mudança para outras datas, sem custos adicionais, isso foi feito sem consequências para meus clientes", explicou. No entanto, Costa está preocupado com o período das festas do final do ano.
Segundo o empresário, no passado já ocorreram o que ele chama de "manobras" do pessoal da TAP, sem pré-aviso. Um certo número de tripulantes se declaram em situação de indisponibilidade de última hora, tornando a manutenção dos voos impossível, por número insuficiente de pessoas na equipe para assegurar a rota.
Costa acompanha os movimentos sociais na TAP com atenção, já que 95% dos clientes de sua agência são imigrantes que utilizam os aviões da empresa para retornar aos seus países de origem. O brasileiro tem uma expressiva clientela cabo-verdiana e, no caso do arquipélago africano, a TAP oferece apenas um voo diário para São Vicente. "Os cabo-verdianos são completamente dependentes da TAP. Se acontece um cancelamento de última hora, pode demorar até seis dias para o passageiro encontrar assento em outro voo", sublinha. No período de festas, uma ocorrência desse tipo pode criar situações complicadas.
Privatização em estudo
As dificuldades econômicas da companhia portuguesa cresceram com a pandemia de Covid-19. A TAP foi urgentemente renacionalizada em 2020 e passa por um plano de reestruturação, imposto pela Comissão Europeia, órgão executivo do bloco.
O atual governo socialista do país anunciou a intenção de privatizar de novo a empresa. Os grupos Air France-KLM, Lufthansa e IAG, da British Airways e da Iberia, já demonstraram interesse no negócio.
Na avaliação de Costa, a TAP não irá entrar em processo de falência. Segundo o brasileiro, embora os contribuintes portugueses tenham financiado parte dos custos de nacionalização da empresa, a privatização lhe parece a melhor solução para a companhia, diante das elevadas dívidas que acumula desde a pandemia.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.