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Natal com turistas anima israelenses e palestinos na Terra Santa

O Papai Noel de Jerusalém, Issa Kassissieh, sobrevoa a cidade de balão - Ministério do Turismo de Israel
O Papai Noel de Jerusalém, Issa Kassissieh, sobrevoa a cidade de balão Imagem: Ministério do Turismo de Israel

Daniela Kresch

correspondente da RFI em Tel Aviv

24/12/2022 11h27

Após dois anos de pandemia, que levou ao fechamento de fronteiras e uma queda drástica no turismo para a Terra Santa, israelenses e palestinos festejam a volta de peregrinos cristãos e turistas em geral para as celebrações do Natal.

O Ministério do Turismo de Israel acredita que cerca de 120 mil peregrinos devem chegar ao país no período de Natal, com a grande maioria visitando Jerusalém e Nazaré, em Israel, e Belém, no território palestino da Cisjordânia. Esse número é só 20% menor do que os 150 mil que visitaram a região no Natal de 2019, ano que bateu todos os recordes de visitantes — prova de que há uma retomada do turismo pós-covid.

Com base no ritmo até o momento, estima-se que o turismo receptivo em 2022 chegará a 2,6 milhões de turistas em Israel. O governo espera que o país volte, em breve, ao nível de 2019, quando recebeu 4,5 milhões de turistas.

Turistas brasileiros

Entre os visitantes, estão muitos brasileiros, como conta a consultora de viagens carioca Mônica Asif, que monta roteiros personalizados de viagens para Israel.

"O turista do Brasil está voltando, eu senti um aumento do movimento, de trabalho, de pedidos. Então está bem mais movimentado. Eu acho que a gente já pode dizer que está bem parecido ao que era", diz Mônica.

A consultora de viagens brasileira Mônica Asif - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A consultora de viagens brasileira Mônica Asif
Imagem: Arquivo pessoal

"Acho que, sempre com o turismo aqui em Israel, na Terra Santa, não tem nada que se compare, então mesmo os preços estando mais altos, as pessoas não deixam de fazer essa viagem".

Em Israel, a cidade que mais se beneficia da volta dos peregrinos é certamente Jerusalém, que oferece uma mistura única de locais religiosos, históricos e culturais, além de uma cena gastronômica e de entretenimento vibrante. Este ano, os hotéis da cidade estão praticamente lotados.

Papai Noel

O Papai Noel local, Issa Kassissieh, desembarcou na Cidade Velha de balão na última terça-feira, dia 21. E árvores de Natal e luzes coloridas enfeitam a cidade, principalmente locais religiosos como a Via Dolorosa e a Igreja do Santo Sepulcro.

Fora isso, este ano a festa judaica de Chanucá também está sendo celebrada na época do Natal, de 18 a 26 de dezembro. Isso ajuda no turismo local.

Mas não é só Jerusalém que se beneficia. Os cristãos são só 2% da população de Israel, mas muitos judeus (74% da população) também gostam de aproveitar o clima natalino em cidades bíblicas como Nazaré e Jerusalém. Outra cidade muito visitada é Haifa, que têm populações mistas e celebra festividades em comunhão.

"Haifa, que é a cidade das três religiões, que tem muçulmanos, católicos e também judeus, sempre foi um grande exemplo, eu acho, de coexistência", diz Mônica Asif.

O Papai Noel de Jerusalém, Issa Kassissieh, sobrevoa a cidade de balão - Ministério do Turismo de Israel - Ministério do Turismo de Israel
O Papai Noel de Jerusalém, Issa Kassissieh, sobrevoa a cidade de balão
Imagem: Ministério do Turismo de Israel

Boa notícia para palestinos

A retomada do turismo é uma excelente notícia também para os palestinos. Dos estrangeiros que chegam ao Aeroporto Internacional de Israel para o Natal, a grande maioria visita obviamente Belém, na Cisjordânia, onde, segundo a tradição cristã, Jesus nasceu.

Como em Belém, a economia é baseada no turismo religioso, a ausência dos turistas durante a Covid criou uma situação considerada dramática. Mas, este ano, as lojas de lembrancinhas na Praça da Manjedoura, onde fica a tradicional Árvore de Natal de Belém, estão novamente repletas de clientes. Os hotéis e restaurantes estão lotados de visitantes dos quatro cantos do Planeta.

"Belém é onde Jesus nasceu e onde tem a Missa do Galo no Natal. Tem uma árvore (de Natal) grande lá. É bem perto de Jerusalém, então as pessoas voltam a ir para Belém, a visitar Belém e dar uma aquecida no turismo e isso ajuda a população local de lá", acredita a consultora de viagens brasileira.

Sem conflito maior

Outro motivo para otimismo no setor turístico é o fato de que, apesar das tensões, não há, no momento, um conflito maior entre israelenses e palestinos. Em anos anteriores, muitos peregrinos evitaram visitar a Terra Santa no Natal por temer a violência regional. Mas, neste dezembro de 2022, parece haver uma espécie de calmaria, mesmo que o ano tenha sido complexo.

Cerca de 150 palestinos e 31 israelenses foram mortos em confrontos desde janeiro, tornando 2022 o ano mais sangrento desde 2006. Mas os setores turísticos dos dois lados estão fazendo de tudo para evitar que a tensão atrapalhe as festas de fim de ano.