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Mais de 100 acusações de agressão sexual e racismo no McDonald's chocam Reino Unido

McDonald"s em Londres, no Reino Unido: Rede americana está na mira de Downing Street, inclusive - nrqemi/Getty Images
McDonald's em Londres, no Reino Unido: Rede americana está na mira de Downing Street, inclusive
Imagem: nrqemi/Getty Images

da RFI*

19/07/2023 11h19

Mais de 100 funcionários do McDonald's no Reino Unido alegam ter sido vítimas de agressão sexual, assédio ou racismo na rede norte-americana de fast food, informou a BBC nesta terça-feira (18), o mais recente episódio de uma onda de escândalos no país.

"Funcionários de apenas 17 anos têm seus corpos tocados sem consentimento e são assediados quase que diariamente", publicou a imprensa britânica, de acordo com relatos de testemunhas oculares.

A Comissão de Igualdade e Direitos Humanos (EHRC) do Reino Unido disse que estava "preocupada ao saber dessas novas alegações de assédio sexual e racista" e criou uma "linha direta para relatar incidentes de assédio no McDonald's", de acordo com um comunicado divulgado nesta terça-feira (18).

A gigante do fast food já havia sido alvo de acusações há quatro anos, quando o Sindicato dos Trabalhadores de Panificação e Alimentação (BFAWU) alegou que mais de 1.000 funcionárias haviam sido vítimas de assédio e abuso sexual no local de trabalho.

"O McDonald's assumiu uma série de compromissos juridicamente vinculantes que serão monitorados, incluindo a comunicação de sua abordagem de tolerância zero ao assédio sexual e a realização de pesquisas anônimas com seus funcionários sobre sua segurança no trabalho", disse a comissão.

O Sindicato dos Trabalhadores de Panificação e Alimentação (BFAWU) alegou há quatro anos que mais de mil funcionárias do McDonald's haviam sido vítimas de assédio e abuso sexual no trabalho - coldsnowstorm/Getty Images - coldsnowstorm/Getty Images
O Sindicato dos Trabalhadores de Panificação e Alimentação (BFAWU) alegou há quatro anos que mais de mil funcionárias do McDonald's haviam sido vítimas de assédio e abuso sexual no trabalho
Imagem: coldsnowstorm/Getty Images

Um porta-voz de Downing Street descreveu as revelações da imprensa britânica como "muito preocupantes" e pediu que o McDonald's tratasse as acusações "com muita seriedade".

Uma ex-funcionária, Shelby, que tinha apenas 16 anos quando começou a trabalhar no McDonald's no ano passado, disse que era constantemente tocada de forma inadequada e sem consentimento por funcionários mais velhos da cozinha. Um deles a agarrou por trás e pressionou seu corpo contra o dela, entre vários outros incidentes.

Trabalhar com medo

Shelby reclamou com a gerência, mas nada foi feito, e ela acabou se demitindo, descrevendo em sua carta de saída um "ambiente de trabalho tóxico". "Por que temos que ir para o trabalho com medo?", perguntou a jovem em uma entrevista à BBC.

O McDonald's e o sindicato BFAWU não responderam imediatamente aos pedidos de entrevista da agência AFP. Contatado pela BBC, o diretor administrativo do McDonald's no Reino Unido e na Irlanda, Alistair Macrow, pediu desculpas pelas "falhas claras" na proteção dos funcionários no trabalho.

A cadeia norte-americana tem 177 mil empregados no Reino Unido, a maioria dos quais são muito jovens, até mesmo adolescentes. Há dois anos, um grupo de funcionários e ex-funcionários do McDonald's denunciou uma política "sistêmica" de discriminação sexista dentro da rede na França, com dezenas de depoimentos descrevendo assédio sexual e uma cultura corporativa "prejudicial".

Steve Easterbrook, ex-CEO do McDonald's - Drew Angerer / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP - Drew Angerer / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
Steve Easterbrook, ex-CEO do McDonald's
Imagem: Drew Angerer / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

O ex-chefe global do grupo, Steve Easterbook, foi demitido no final de 2019 por ter tido um relacionamento íntimo com uma empregada, violando as regras internas do grupo.

Em 2020, após acusações de outro funcionário, o McDonald's estabeleceu que o executivo havia ocultado casos com vários membros da equipe e que ele havia mentido sobre a verdadeira natureza do relacionamento que havia sido tornado público.

Nos últimos meses, surgiram no mundo dos negócios do Reino Unido acusações de agressão sexual e estupro dentro da federação britânica de empregadores CBI, assim como acusações de agressão sexual contra o ex-presidente do conselho de administração da rede de supermercados Tesco, o investidor Crispin Odey, e até mesmo um ex-jornalista do diário The Guardian.

(Com AFP)