'Copa' dos queijos elege brasileiro como um dos 12 melhores do mundo
A etapa final do Mundial do Queijo de Tours, na França, aconteceu na manhã desta terça-feira (12). Entre os mais de 1600 queijos avaliados este ano, um único não europeu foi selecionado como um dos 12 melhores do mundo, o Capril do Lago, do produtor Fabrício Vieira de Valença, no Rio de Janeiro.
Debora Pereira, diretora da associação SerTãoBras, que representa todos os produtores brasileiros presente no Mundial do Queijo de Tours na França, fez parte do júri da etapa final e festejou a notícia.
O resultado foi incrível. Doze queijos foram selecionados os melhores do mundo. O primeiro lugar ficou para o queijo Epoisses Berthaut, francês, mas entre os 12 melhores nós tivemos um brasileiro, o Capril do Lago, do Rio de Janeiro, um queijo de leite cru de cabra, disse Debora Pereira.
Ela comemora ainda o fato de o Capril do Lago ser o único não europeu da lista, composta ainda por 10 franceses e um suíço.
Emocionado, Fabrício Vieira, neto de franceses, disse à RFI que o queijo premiado é um "tipo pecorino, feito com leite de cabra, massa cozida, leite cru e um ano de maturação". O produtor representa a quarta geração de sua família que se dedica à produção de queijos, mas é o primeiro a investir no queijo de cabras. Sua produção é artesanal e pequena, de apenas 10 quilos por dia.
Fabrício espera que a premiação "possa agregar valores aos pequenos produtores e ajudá-los a prosperar, tendo em vista a dificuldade do mercado do leite". Além de estar entre os 12 melhores do mundo, o produtor também levou uma medalha de bronze com um queijo de vaca tipo pecorino, mostrando que Valença, onde fica sua fazenda, tem um terroir próprio.
Ao todo, a cidade, onde foi inventado o "queijo prato nos anos 20 do século 20, recebeu quatro medalhas no Mundial do Queijo de Tours. Essa visibilidade mundial pode "alavancar ainda mais o turismo rural, a rota do queijo e a finalizar o museu do queijo valenciano", acredita o produtor.
Melhorar a qualidade de vida do produtor brasileiro
As premiações vão ajudar a melhorar a qualidade de vida do produtor brasileiro, que é um dos objetivos da associação SerTãoBras. "Enquanto na França um queijo que ganha medalha tem um aumento de 20 a 30% nas vendas, no Brasil (o impacto) é de 200, 300%", informa Debora Pereira.
"A gente vê produtor (premiado) que compra um carro, outro que coloca os filhos na universidade, alguns que fizeram a primeira viagem Internacional da vida para vir para a França, para conhecer o queijo. Então, essa melhora na vida das pessoas é realmente o nosso objetivo e a gente está muito feliz de estar alcançando", comemora a diretora da SerTãoBras.
O Brasil saiu da 6 ª edição do Mundial do Queijo da França com um resultado excepcional. Na classificação geral de produtos, os brasileiros ganharam 81 das 900 medalhas anunciadas pelo evento, sendo 17 de ouro, 23 de prata e 41 de bronze, um recorde. Nesta edição, 288 queijos brasileiros de 12 estados do país estavam inscritos.
No Mundial de 2021, os brasileiros levaram 50 medalhas. O aumento das premiações é resultado do esforço dos produtores pela melhoria da qualidade, salienta a diretora da SerTãoBrass. "Os produtores brasileiros estão procurando se aperfeiçoar muito. A nossa associação promoveu muitas formações nos últimos 2 anos no Brasil. Então, eu acho que foi proporcional ao esforço que eles estão fazendo", afirma.
A queijista brasileira Marina Cavechia, do Teta Cheese Bar de Brasília, também esteve em destaque. Ela participou do concurso de melhor queijista do mundo, terminando em quarto lugar.
O Mundial do Queijo de Tours, que acontece a cada dois anos, é o único concurso francês que aceita queijos de outros países. Os brasileiros têm concorrido desde 2015.
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