Louvre terá sala só para Mona Lisa e ingressos mais caros para estrangeiros
O presidente francês, Emmanuel Macron, atendeu ao pedido de SOS da direção do Louvre, que veio à tona na semana passada, e anunciou uma série de medidas nesta terça-feira (28). O símbolo da série de mudanças no museu mais visitado do mundo será a mudança da Mona Lisa para uma nova sala.
Em frente à obra-prima de Leonardo da Vinci, o presidente francês expôs o plano para "Novo Renascimento para o Louvre". O objetivo é transformar o espaço "em um museu único no mundo, já sendo o mais belo e o maior", afirmou Macron.
A preocupação do Louvre surgiu no último 13 de janeiro, quando sua presidente-diretora, Laurence des Cars, enviou uma carta à ministra da Cultura, Rachida Dati, para alertar sobre seu estado. Entre os problemas mencionados estão a "multiplicação de defeitos em espaços às vezes muito degradados", "equipamentos técnicos ultrapassados" e "oscilações de temperatura preocupantes" que afetam a conservação das obras.
O jornal Libération descreve o Louvre como "um palácio em ruínas", depois de sofrer várias inundações. A manutenção das galerias de exposição é prejudicada pelo custo elevado das obras e pela frequência ininterrupta de visitantes.
Nova entrada para "desafogar" pirâmide
O plano "Novo Renascimento para o Louvre" prevê também a criação de uma nova entrada até 2031, sobretudo quando a pirâmide, inaugurada em 1988, que funciona como um majestoso hall para o museu, é considerada na nota como "estruturalmente obsoleta".
O arquiteto sino-americano Ieoh Ming Pei foi quem concebeu a célebre pirâmide para acolher quatro milhões de turistas ao ano. No entanto, em 2024, passaram por ali quase nove milhões de pessoas, entre elas, 80% estrangeiros. Quando as obras forem concluídas, o objetivo será atrair 12 milhões de visitantes por ano.
O novo acesso, cujo design será escolhido em "um concurso internacional de arquitetura", seria erguido na classicista Colunata de Perrault, situada na fachada leste e no lado oposto das pirâmides, informou Macron.
Entre as grandes mudanças anunciadas está a criação de uma sala apenas para a Mona Lisa. O local poderá ser acessado separadamente por meio de um "bilhete próprio" unicamente para admirar a obra de Da Vinci. Mais de 20 mil pessoas se aglomeram diariamente diante da pintura, muitas com o celular na mão para registrar o momento, resultando numa multidão em frente à Gioconda.
Financiamento do projeto
A principal dúvida agora está em como financiar esse imenso e projeto, em um momento em que a França busca reduzir os altos níveis de dívida e déficit públicos, depois de Macron perder as rédeas do governo.
A imprensa francesa vê na visita de Macron ao Louvre uma tentativa de se aproximar dos franceses, que se orgulham da instituição cultural internacionalmente conhecida. Mas os jornais também notam um movimento de Macron para romper com o isolamento político que ele mesmo criou ao dissolver a Assembleia Nacional, no ano passado. Esse 'erro' assumido pelo presidente francês abriu uma crise política no país, com consequências graves para a economia, que já enfrenta alta do desemprego.
"Mais isolado do que nunca, o presidente tentará se impor como o salvador do museu", afirma o jornal Libération, apontando os problemas que a direção do Louvre não consegue enfrentar sem a ajuda das autoridades. O museu é financiado com recursos do Estado.
O diário econômico Les Echos diz que Macron,"isolado e enfraquecido, está à procura de um novo papel", depois de perder a mão sobre o governo, com a derrota de seu partido nas últimas eleições legislativas. Todos recordam que foi em frente à Pirâmide do Louvre, em 2017, que Macron celebrou sua eleição à presidência.
Segundo fontes próximas do presidente, o custo do "Novo Renascimento para o Louvre" ficaria entre 700 milhões de euros e 800 milhões de euros (entre R$ 4,3 bilhões e R$ 4,9 bilhões). As obras durariam cerca de dez anos e contariam com uma contribuição "minoritária" do Estado.
"Todas as reformas da nova entrada serão financiadas com recursos próprios do museu, a venda de ingressos, o mecenato e a licença do Louvre Abu Dhabi, sem taxar o contribuinte", assegurou o presidente francês.
Turistas estrangeiros pagarão mais
Em relação ao preço dos bilhetes, o presidente defendeu a ideia da ministra da Cultura, Rachida Dati, que os turistas de fora da União Europeia paguem mais caro para visitar o museu a partir de 2026.
Atualmente, o bilhete custa 22 euros (R$ 135,5), mas o acesso é gratuito a todos os menores de 18 anos e para os menores de 26 anos residentes no Espaço Econômico Europeu.
(RFI com AFP)
10 comentários
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Valdete Helena Santos
Apesar de ser uma obra renomada de Da Vinci, muito bonita, a gente se decepciona. Vai imaginando encontrar uma tela grande, mas é bem pequena.
Balark Mello Sa Peixoto Junior
Essa ideia de criar um bate-volta para ver a Mona Lisa é ótima. É o objetivo da maioria: uma selfie com ela
Jose Hamilton Maruxo Jr
Já estava na hora de tirar La Joconde da galeria do museu. Aquele monte de turista que só quer fazer selfie com esse quadro atrapalha a vida de quem quer de fato conhecer o museu. E cobrar mais caro de turista estrangeiro já passou da hora. Quer fazer fotinho com a Mona Lisa? Faça valer o gasto que o museu tem para manter essa obra em exposição permanente.