Mais famoso sanduíche de todos os tempos — ou lanche, como preferem os paulistanos —, o hambúrguer nasceu, quem diria, como um jeito barato e gostoso de aproveitar aparas de carne.
Andrew F. Smith, autor de "Hambúrguer — Uma história global" (Senac-SP), conta que a receita do Bife de Hamburgo surgiu no século 19, em restaurantes que imigrantes alemães abriram nos Estados Unidos.
Logo virou febre por lá, mas só chegou ao Brasil em 1952, e pelo Rio de Janeiro. Nos anos 1960, já fervilhavam hamburguerias em São Paulo, muitas das quais estão abertas até hoje. Só que eram outros tempos — e os hambúrgueres também eram outros.
Ninguém falava em blend e ponto da carne, não importava quantos gramas tinha o hambúrguer, e nenhum chapeiro divulgava que corte havia entrado no moedor.
A tal gourmetização apareceu, duas décadas atrás, trocando a chapa pelo char broiler, entregando hambúrgueres cada vez mais altos e malpassados, incrementados com ingredientes de alta gastronomia. O paulistano, como sempre, abraçou a novidade com vontade.
Não é por acaso que as quatro campeãs do Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes, na categoria Melhor Hamburgueria, são dessa geração e conquistaram fama com receitas autorais, que passam longe do clássico X-salada.