Outro lugar que vale conhecer é Chelín, uma ilha cheia de história, de 12 km² e cerca de 250 moradores, aonde se chega de barco pelo Mar Interior em um percurso de uma hora e quarenta minutos (se a saída for do Tierra Hotel, que oferece a excursão).
Pelo caminho até a ilha, é muito comum avistar nas águas criações de peixes e mariscos, a maioria da indústria salmoneira de países como a Noruega, atraídos pelo baixo custo de produção devido à falta de regularização da atividade no Chile, conforme explica a guia Maria José Gavia. Também se pode cruzar com um ou outro barco de pescadores artesanais de frutos do mar, robalos, trutas e mexilhões.
Em Chelín fica mais uma igreja patrimônio da humanidade, de Nossa Senhora do Rosário, estilo neoclássico e colunas com pintura que imita mármore. A história do templo é contada em um pequeno museu anexo, onde também se pode conhecer as técnicas utilizadas na sua construção, sem pregos convencionais.
O mais interessante na ilha, porém, talvez fique a 200 metros da igreja: um cemitério com lápides em forma de pequenas casas de madeira típicas da vila, construídas pelos antigos moradores locais para proteger seus mortos dos aspirantes a bruxos.
Diz a lenda — uma das centenas existentes no imaginário de Chiloé — que uma das provas para se tornar bruxo era se dirigir ao cemitério, retirar a pele do lado esquerdo do peito até a barriga do cadáver, de preferência mulher, curtir a pele em ervas e fazer dela uma manta, a "makuñ", que permitiria voar.
Crendo ou não no perigo lendário, diz a guia Ninoska Galarce, na dúvida, o melhor a se fazer era reforçar o novo aposento do ente querido, montando a miniatura de casa sobre o túmulo. Assim pensavam os moradores de Chelín de até poucas décadas atrás.