É noite na Floresta Amazônica. O barco singra as águas do Rio Negro, tão escuras quanto a madrugada quente e úmida. Deitado na minha cabine (refrigerada, ainda bem), ouço o casco batendo nas marolas e a profusão de sons que emana da selva.
Lá fora, no espelho do rio há movimentações e raros pontos brilhantes em meio à escuridão — são quase "vagalumes" que piscam sobre as águas. Lindos, mas sei que podem ser os olhos do jacarés que espreitam nossa embarcação. Essa é a casa deles.
Estou protegido. A fera que tanto amedronta turistas incautos também dá nome ao barco que nos leva floresta adentro. O Jacaré-Açu é uma das embarcações da Expedição Katerre, proposta de turismo socioambiental que permite desbravar com conforto uma das regiões mais inóspitas deste imenso rincão verde do país — por vezes, era preciso navegar por horas para cruzar com outros barcos ou locais habitados.