Todo o bairro incorporou em sua essência o lifestyle da modalidade. Diferentemente de outros destinos esportivos, o agito no Cumbuco não começa no raiar do dia. O vento, que atua como "oxigênio" da região, tem um quê de boêmio: começa a dar as caras a partir da metade da manhã, mas engrena por volta da hora do almoço e vai até depois do pôr do sol.
Durante o dia, a ação se divide entre o mar e a Lagoa do Cauipe, os dois points para a prática do kite, mas é no centrinho onde está o coração do Cumbuco. Foi lá onde tudo começou e é onde a vida pulsa, girando a economia e movimentando as badaladas noites no local.
A maioria dos gringos vem para Cumbuco pelo kite, mas há também os casos que contam com um aceno da sorte. Foi o caso do pai de Débora, o holandês Willem Jan Roor, que tinha um roteiro de viagem curioso: ele definia seus destinos seguindo ordem alfabética. Há mais de 20 anos, a viagem que faria para Cuba foi cancelada de última hora, e o local seguinte com a letra C era, justamente, o paraíso cearense.
Ele desembarcou e se apaixonou, tanto pela região quanto pela mãe de Débora, que fazia massagens na praia. O caminho deles se cruzou nas areias do Cumbuco. Foi o sinal que precisava para deixar sua cidade na Holanda e abraçar a liberdade cearense.
Willem entrou para o universo do kite, criou uma família e virou cumbuqueiro — até adotou um nome abrasileirado: Guilherme. Decidiu então abrir o Laranja Mecânica, bar pioneiro no centrinho do Cumbuco. O estabelecimento rústico era ponto de encontro nas noitadas e virou um símbolo na região.