Céu multicor

Passeios de balão dão novos tons às paisagens dos cânions do Sul do Brasil e fascinam os viajantes

Eduardo Vessoni Colaboração para Nossa Divulgação

O som forte da chama do maçarico preenche o envelope colorido, enquanto o cesto de vime se afasta suave do solo. A tripulação mal começou a sessão de selfies e o balão já desliza no ar frio do lado de fora.

Voar em um balão de ar quente é daquelas experiências que fascinam viajantes de todas as idades, seja lá na Capadócia ou no interior paulista. Mas a experiência assume outros tons quando sob os pés está o maior conjunto de cânions da América do Sul, entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.

A gaúcha Cambará do Sul é o destino para ver do alto aqueles paredões de rocha basáltica, enquanto a vizinha catarinense Praia Grande é feita para caminhar entre muralhas de até 900 metros de altura.

E no meio de tudo aquilo, onde já não se escutam as inúteis discussões sobre a que estado pertencem os cânions, seguem os balões.

Embora a experiência em Cambará tenha começado tímida, há pouco mais de três anos, inspirada pelo Festival Internacional de Balonismo na vizinha Torres, houve um boom da atividade nesses meses de pandemia, quando cresceu a procura por atividades ao ar livre.

"Tem dias que 14 balões voam ao mesmo tempo", explica o empresário e guia Roni Bittencourt.

Nossa conversou com Taciela Cylleno de Mesquita, turista carioca que esteve recentemente na região com o marido e os dois filhos pequenos para voar de balão na Terra dos Cânions.

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Arquivo pessoal

Os preparativos

Por Taciela Cylleno de Mesquita, em depoimento a Eduardo Vessoni

"A gente queria fazer uma viagem de Carnaval para um lugar bonito no Brasil. Coincidentemente, um casal de amigos também estava indo na mesma época e fomos juntos para lá. Me surpreendeu muito porque a região é realmente espetacular.

Nunca tínhamos voado de balão. Eu tenho dois filhos (uma menina de 5 anos e um menino de 3) e amigos disseram que era um passeio tranquilo para crianças. A viagem é um evento que começa antes do voo em si, todo mundo ficou imaginando como seria voar em um balão todo colorido. É um passeio que eu recomendo para todas as idades".

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O voo

"É uma sensação de muita paz, um passeio muito tranquilo. A subida é muito sutil e, ao contrário do que pensávamos, quando me dei conta já estávamos no ar.

É emocionante ver o encantamento das crianças olhando lá para baixo e vendo tudo pequenininho"

No início, as crianças ficaram um pouco assustadas com o barulho do balão quando ele solta aquela chama, mas depois se acostumaram. A pessoa que conduziu o balão até colocou música para a gente. Tocou "Follow the Sun" do Xavier Rudd e "Viva la vida" da banda Coldplay. Foi bem lúdico e bonito. É uma sensação de paz e tranquilidade, e nos sentimos seguros o tempo inteiro".

Arquivo pessoal

Tinha a paisagem lá embaixo e não se escutava nenhum barulho. É muito diferente porque lá de cima você consegue ter ideia da magnitude daquele cenário e o visual dos cânions e dos parques é impressionante. É divino"

"Já viajei muito, mas Cambará do Sul é um dos lugares mais bonitos que eu já fui no mundo. É incrível que seja um lugar tão pouco falado no Brasil. Nesse momento em que as pessoas estão viajando menos para fora, eu acho que a gente precisa fomentar o turismo interno e estimular nossas belezas naturais".

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O pouso

"Depois de cerca de 30 minutos, o pouso foi suave, mas tivemos que agachar e segurar as crianças. No final, teve o brinde com espumante e a explicação sobre esse ritual após o voo.

Desde os primeiros voos na França, no século 18, o brinde com a bebida é uma tradição. Como os balões não têm um local específico de pouso, era comum oferecer espumante aos donos de propriedades rurais como forma de agradecimento pela invasão temporária de suas terras".

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Como funciona

Os passeios (R$ 860 por pessoa) começam cedo, por volta das 6 horas da manhã em Praia Grande.

Embora essa cidade catarinense esteja a apenas 40 quilômetros de Cambará do Sul, os transfers saem do Rio Grande do Sul por volta das 4h30, devido às condições das estradas de terra até o local.

Existem diversos cestos de balão com diferentes dimensões, cuja capacidade varia de dois a 14 passageiros.

Os balões decolam no nível do mar e chegam a subir até mil metros de altura, de onde é possível avistar não só os litorais gaúcho e catarinense, mas também a cadeia de cânions, como o Índios Coroados, Malacara e até o Itaimbezinho, o mais famoso deles.

Os voos costumam durar entre 45 minutos e uma hora, a uma velocidade que não passa dos 30 km/h. Mas só os ventos podem definir o momento e o local do pouso.

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Assim como explica Roni Bittencourt, responsável pela agência que comercializa as saídas de Cambará, "o balão costuma decolar no pé do cânion Malacara e segue em direção ao litoral. O embarque é em Praia Grande porque as condições são melhores e o vento não sopra para a serra, onde o relevo é irregular e o pouso dentro dos cânions não são permitidos".

Curiosamente, Cambará do Sul é uma das poucas cidades brasileiras com dois parques nacionais: Aparados da Serra, onde fica o cânion Itaimbezinho, e Serra Geral, endereço do Fortaleza.

BRASILEIRO

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