Eram quase 16h30. Estava no quarto de tatame, encantada com a fusuma, as divisórias japonesas pintadas à mão, separadas do teto por bonitos entalhes de madeira, à espera da sessão de meditação. Quando saí no corredor, o ranger do piso acusava que meus passos estavam pesados demais para aquele ambiente monástico cercado de paz e silêncio.
Mais adiante, uma sala rodeada por um jardim dava acesso ao salão principal — era onde a sessão iria começar no Ekoin, templo budista fundado há quase 1100 anos no Monte Koya, a 540 quilômetros de Tóquio.
Foi ali que me refugiei em um fim de semana de meados de junho, época já quente na cidade de Quioto, onde moro, para buscar ares mais frescos e tranquilos — devido à altitude, as temperaturas em Koyasan são, em média, 5°C mais baixas em relação a Quioto e Osaka, as duas bases mais comuns para quem pretende visitar o destino.
Embora não seja budista, viver no Japão e ter interesse pela cultura do país inevitavelmente te convidam a tentar conhecer a doutrina e seus templos majestosos. Por conta da pandemia, adiei a viagem a Koyasan até última oportunidade antes de voltar ao Brasil. Uma despedida e tanto.